quarta-feira, 2 de junho de 2021

SER TRANSGÊNERO, IMPLICAÇÕES POLÍTICAS E SOCIOCULTURAIS NO ATENDIMENTO HUMANIZADO EM UMA INSTITUIÇÃO DE REFERÊNCIA EM CAMPINAS/SP

 

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https://drive.google.com/file/d/1d0rGc2UxTnv-78oPGRPW3SlIKy1wwPKH/view


DÂMARIS ALCÍDIA DA COSTA MELGAÇO[i]

 

1. INTRODUÇÃO

Para falar sobre transgênero é impossível não retomar a história da construção da sexualidade no mundo, já que na cultura Ocidental há padrões normativos cristalizados e já estabelecidos por diversas gerações. Estes padrões são a mistura de vários conceitos até então defendidos pela religião e a medicina que notadamente influenciaram a pedagogia e a psicologia. O binarismo dos gêneros cria e recria o pensamento de que o gênero é o reflexo autêntico do sexo biológico, vendendo a ideia de que toda a integralidade constitutiva dos indivíduos está atrelada a essa premissa inicial, ou seja, de que as funções biológicas naturais determinam a sexualidade e a posicionam, estática, no sistema binário com as suas pretensas organizações naturais (BENTO, 2003, FERNANDES, 2009, MASIERO, 2005).

Masiero (2002) afirma em suas pesquisas que se pode observar na utilização de instrumentos psiquiátricos do séc. XX, cujo objetivo era a purificação de raças e o controle social, afinidades com algumas técnicas contemporâneas que mantém, ainda que em contextos diferentes e disfarçadamente, os mesmos propósitos. Por esta razão, entende-se que o que se apresenta na concretude social retratados no comportamento e nas representações sociais tende a uma demora significativa no movimento de transformação. E, portanto; até que haja o aniquilamento total do ideário desigual o empreendimento para tal ocorrência exige grande esforço (PATY, 1998).

Na cultura ocidental, independentemente da existência de outras culturas onde a vivência das diversas manifestações da sexualidade era livre, há uma imposição do binarismo macho e fêmea ou masculino e feminino tão retomado pela medicina tradicional. Até o séc. XVIII, a oratória que imperava construía as anatomias fisiológicas, masculino e feminino, em graus sucessivos e posicionados verticalmente, ou seja; sob a hierarquia de um único sexo. “Não é incomum que as palavras sexo e gênero sejam utilizadas como sinônimos, embora pertencer a determinado sexo signifique ser homem ou mulher, biologicamente, enquanto gênero define o masculino e o feminino, do ponto de vista comportamental e psicológico.” (ABDO, 2016, p. 21, LAQUEUR, 1991 apud FERNANDES, 2009).

Historicamente, as pesquisas nesta área são recentes e surgem no séc. XX com grande influência da ciência médica e com o advento das pesquisas de reprodução e suas tecnologias tanto conceptivas quanto contraceptivas, porém não é somente a medicina que inicia este processo. Outras áreas como as ciências sociológicas, pedagógicas e psicológicas, sob o enfoque psicanalítico, também se preocuparam em pesquisar o desejo e o comportamento sexual (ABDO, 2016).

Na contemporaneidade, a visibilidade de temas advindos de outras áreas, incluindo os estudos feministas, está em evidência nos espaços acadêmicos, bem como; na formulação de políticas públicas. O acolhimento de linhas de pesquisas e grupos de estudos que se debruçam sobre a temática de gênero em diversas áreas do conhecimento e de matrizes teóricas tem sido mais valorizado. Há investimento nacional e internacional de agências de fomento à pesquisa que estão apostando nestes estudos a fim de assegurar a alteridade das minorias e incentivar a formulação das políticas públicas (FELIPE, 2007). Portanto, as pesquisas nesta área se justificam, já que:

As demonstrações atuais de intolerância contra minorias étnicas, religiosas e sexuais, comuns no mundo todo, Brasil incluído, nos indicam que não se trata de um assunto definitivamente encerrado, circunscrito a um passado longínquo e esquecido, como pode parecer à primeira vista; mas de um grave problema contemporâneo, cabendo, portanto, contestar o papel da ciência, sobretudo da psicologia, na construção histórica de preconceitos raciais e estigmas diversos (MASIERO, 2005, p. 204).

Estudos realizados nos Estados Unidos da América (USA) por autores renomados, entre a década de 30 e 60, romperam com o que já estava cristalizado pela sexologia clínica dos desvios sexuais, trazendo novos fomentos à pesquisa. O advento da AIDS nos anos 80, enquanto epidemia, e o alto índice de gravidez na adolescência entre 10 e 14 anos desencadearam, ainda mais, os estudos sobre a sexualidade contemporânea. “Nesse campo, a influência da epidemiologia e notadamente da biologia experimental sobre a clínica médica, teve enorme relevância no século XX. Por sua magnitude, afetou também a sexualidade no século XXI.” (ABDO, 2016, p. 21; FELIPE, 2007, LOYOLA, 2003).

Foram muitos os avanços científicos que aconteceram desde o início do século XX. Garantiu-se a vida pelo transplante de órgãos, da barriga de aluguel e; posteriormente, a fertilização in vitro. Estudos nos campos da genética humana avançaram para a elucidação dos códigos genéticos, do genoma, da possibilidade de clonagem humana, das células tronco e etc., foram essenciais para movimentar e romper com simbologias e constructos de representação sociais referentes à identidade parental de origem genética e a própria identidade social em contraste ao sexo biológico de nascimento (ABDO, 2016).

A liberação da sexualidade experienciada e vivida movimentou a busca por um gênero específico, individual e ao mesmo tempo genérico, cujas respostas são cada vez menos possíveis já que existem muitas formas de atingir prazer e muitas maneiras de significar uma identidade sexual. Este movimento é o que se apresenta nas estruturas sociais do séc. XXI e que está em voga nas pesquisas da contemporaneidade, porém; ainda lida com as forças de movimentos socioculturais influenciadores de oposição àquilo que se apresenta de novo no campo das biotecnologias (ABDO, 2016, LOYOLA, 2003).

Como verificamos, historicamente, houve muitas mudanças no campo social, biomédico, antropológico, pedagógico e psicológico em relação às expressões de amor e a sexualidade exercida, a priori, separada das concepções tradicionais biológicas, que enquadram homem e mulher no exercício de uma única prática sexual, bem como; a identidade rompida das lógicas binomiais. Os estudos de enfoque feminista, de vários segmentos, tiveram relevância nesse movimento mutatório, sendo grande influenciador, justamente por abordarem temas que outrora eram considerados minoria, de menor valor. Questões como família, infância, maternidade versus paternidade, bem como; a sexualidade, adquiriram um status primeiro ganhando expressividade como objeto de pesquisas e estudos (ABDO, 2016, FELIPE, 2007).

Este tema não é novo, embora as pesquisas mais revolucionárias sobre ele sejam recentes. Sabe-se que esta frente instiga tanto os pesquisadores como a população em geral na busca por respostas mais amplas do que as dadas pela cultura majoritária ou também, pelo contrário a fim de manter antigos paradigmas referentes aos estereótipos de masculinidade e feminilidade (ABDO, 2016).

A preocupação com questões envolvendo os conflitos de classe é histórica e permeou a práxis central dos movimentos que estavam preocupados com as problemáticas sociais. É a partir dos anos 80, que se verifica uma emergência na discussão circular de temas como identidade e diversidade cultural. Estas discussões serviram de pano de fundo para a formação de um “novo movimento social” (DURHAM, 1984, EVERS, 1984).

Atualmente, o compromisso com a diferença faz frente à lógica binária que se estabeleceu até o sec. XVIII como um único sexo completo, masculino e outro incompleto, o feminino e que a partir do séc. XIX tomou a proporção de dois sexos, um feminino com características estereotipadas, bela, recatada e do lar e outro; masculino, poder, força e conquista. Portanto, o comportamento de gênero ganha novos significados e estes têm uma multiplicidade de conceitos significantes dentro de uma mesma cultura, porém ainda sofrem com o caráter adaptativo social que impõe regras sociais. É inegável, portanto, que o comportamento sexual carrega em si um caráter ideológico, já que está para atender as demandas de um estilo de vida pré-determinado socialmente (ABDO, 2016, FERNANDES, 2009, LAQUEUR, 1994, MONEY; TUCKER, 1981).

Judite Butler, nos anos 90, em suas pesquisas e estudos de Teoria Queer, fez frente justamente a essas proposições pré-estabelecidas defendendo um aniquilamento destas estruturas para uma aceitação natural das diferenças de expressão da sexualidade. Não há, então; a necessidade de uma separação binomial, nem mesmo uma caracterização comportamental do que seja feminino ou masculino, mas uma vivência despolitizada ideologicamente das estruturas familiares apoiadas nas diferenças biológicas (PRADO; MACHADO, 2008; WELZER-LANG, 2001).

Na contemporaneidade, as pesquisas de Teoria Queer estão para esmiuçar as dicotomias, as rotulações, as normatizações e a heteronormatividade, logo; ela não se fixa apenas ao suporte teórico, dos quais os estudos na área da pesquisa fazem uso, dissertando temas ligados à orientação sexual ou identidade de gênero. Mais que isto, ela se tornou um agente político e social a fim de transformar a realidade social preditiva e excludente, que caminha na lógica da exclusão, cujo posicionamento heteronormativo impõe-se por si só (SANTOS, 2005).

Além das pesquisas no campo sociocultural, existem pesquisas atuais importantes no campo das neurociências. Houve neste campo evoluções de técnicas de imagens cerebrais (ressonância magnética e tomografias), podendo-se através delas perceberem-se as diferenças entre os cérebros masculinos e femininos (NORO, CRESPI, NÓBILE, 2018; SPIZZIRRI, 2018). Estas possibilidades são muito importantes para as pessoas transgênero, já que elas apontam para semelhanças entre o funcionamento cerebral de um cérebro feminino e masculino com o cérebro de pessoas transgênero. Logo, pode-se afirmar que existem possibilidades para embasamentos teóricos que dão aos estudos de gênero e de diversidade sexual, o caráter de científico (NORO, CRESPI, NÓBILE, 2018).

Muotri (2017) afirma que as pesquisas realizadas por ressonância magnética dos cérebros transgêneros dão pistas, poucas, de que existem alterações na estrutura do córtex cerebral e de suas conexões nervosas. As neurociências contribuem para o entendimento da diversidade sexual e de gênero ao desfazer a rígida compreensão da homossexualidade como resultado de uma influência do meio, favorecem a instrumentalização dos/as docentes em minimizar o preconceito e proporcionam o acolhimento de cada pessoa na sua individualidade e inteireza (NORO, CRESPI, NÓBILE, 2018, p. 112).

Entende-se que os resultados advindos de pesquisas, que tomam por base a ressonância magnética, cooperam com outros estudos que se pautam na morfologia através de neuroimagens, sendo reforçadores da ideia de que a identidade de gênero de pessoas transexuais está correlacionada com a variação fisiológica existente na biologia humana (SPIZZIRRI, 2018).

Do ponto de vista histórico, a Psicologia, reclama para si o forjar de profissionais e pesquisadores compromissados, criticamente, com o desvelamento dos paradigmas científicos que estão em constante transformação e não mais detém a verdade absoluta. Este compromisso está para além de uma pretensa neutralidade, a qualquer tempo, pois se sabe que “a ciência pode servir a interesses de classes ou de justificativas para a segregação de minorias, sobretudo no Brasil, onde as teorias racistas foram outrora cultivadas por uma elite intelectual motivada mais ideológica que cientificamente” (MASIERO, 2005, p. 205).

1.1. Metodologia[ii]

O método dialético utilizado baseou-se em estudo descritivo, que utilizou a análise qualitativa dos dados colhidos durante as entrevistas realizadas. As entrevistas foram realizadas de forma remota, através da plataforma online Zoom, devido ao momento histórico vivido durante a pandemia da Covid-19. Foi realizada pesquisa de campo remota, através de um roteiro semiestruturado, onde os psicólogos atuantes em serviços sociais voltados exclusivamente à temática e atendimento da população LGBTQIA’s, principalmente; de indivíduos transgênero, localizados nas cidades de Campinas/SP, dissertaram sobre suas funções e atividades exercidas em tal âmbito, assim como suas dificuldades e facilidades para o desenvolvimento do mesmo.

1.1.1.     Participantes

A amostra foi composta de 05 profissionais da equipe multidisciplinar, 03 psicólogos e 02 profissionais de outras áreas da saúde: médico psiquiatra e assistente social, da cidade de Campinas – SP.

1.1.2.     Procedimentos

A pesquisa obedeceu aos critérios éticos estabelecidos na Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 510, de 07 de Abril de 2016. Inicialmente foi feito contato com os profissionais para esclarecimento dos objetivos e procedimentos da pesquisa. Posteriormente, foi solicitada a assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) destes profissionais. Foram definidas as estratégias de pesquisa e de horários para permanência no serviço, conforme realidade diagnosticada. O levantamento de dados foi iniciado após apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da Universidade Paulista, submetendo-se a presente pesquisa ao sistema CEP/CONEP da Plataforma Brasil.

Os procedimentos de pesquisa com os profissionais obedeceram a três etapas: Primeira etapa – Autorização de pesquisa e entrevista com psicólogos responsáveis pelo serviço. Segunda etapa – Entrevista com os participantes da equipe multiprofissional, conforme disponibilidade dos mesmos entre espaços próprios, pré-estabelecidos dentro de sua carga horária habitual. Terceira etapa – Tabulação, análise e discussão dos resultados.

Tais procedimentos possuíram o risco de causar algum desconforto no participante, como por exemplo, ao falar de sua vida profissional e de vivências pessoais nesta área de suas vidas, situação em que poderiam emergir emoções de pesar ou tristeza. Os entrevistados foram acolhidos pelos pesquisadores, e puderam interromper a participação, imediatamente, continuando ou não mais tarde.

2.     RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados apontaram para a existência de tendência à manutenção de uma matriz ideológica, no caso a capitalista, que pôde ser observada quando dois psicólogos entrevistados afirmaram que gerenciar as condições estruturais do Centro de Referência LGBTQIA+ de Campinas (CR LGBTQIA+ Campinas) por questões políticas e conseguir manter o usuário no serviço de atendimento após os primeiros encaminhamentos é um grande desafio. Observa-se que as respostas que se seguem apontam para o fato de que o viés ideológico estatal ainda se mantém desprezando a pluralidade cultural fazendo manutenção de uma cultura majoritária em meio a uma sociedade multicultural, investindo poucos recursos financeiros no atendimento das minorias (HELLER, 2016).

Importante notar que, dos três psicólogos entrevistados, dois apontaram como dificuldade a permanência do usuário no programa ofertado pelo CR LGBTQIA+ Campinas, pois sua adesão ao “tratamento psicoterápico” é dificultada por muitos fatores biopsicossociais como falta de acesso aos serviços, inacesso aos meios de transporte, ser profissional do sexo (prostituição), estar na dependência de cafetões, etc. e um deles apontou para dificuldades de atendimento dessas realidades biopsicossociais.

Estes dados denotam o problema existente na sociedade democrática que é o mascaramento das minorias e que está interligado ao impingimento da cultura majoritária por intermédio do poder político que nega aos indivíduos a igualdade de direitos, ferindo a identidade dos cidadãos. Agiganta-se a política neoliberal, própria do sistema capitalista, que promete ampla concorrência mercadológica, vendendo ilusões de uma falsa igualdade, entretanto; sendo a mantenedora da desigualdade social. A pobreza necessita ser compreendida pelos indivíduos envolvidos no processo de inclusão social como um fenômeno histórico sempre existente, mas que no capitalismo toma formas mais perversas, já que os recursos financeiros são existentes, porém chegam para a população mal distribuída, retroalimentando a desigualdade social (FECHINE, ROCHA, CUNHA, 2014). Conforme as palavras da psicóloga entrevistada (informação verbal)[1] e do psicólogo entrevistado (informação verbal)[2]:

Nós temos o desafio institucional de estrutura, de curso mesmo, de ter uma impressora colorida para imprimir um laudo, de ter mesmo papel sulfite, que são coisas assim que faltam por serem serviços públicos. Muitas vezes essa população tem a dificuldade de aderir [...] o tratamento psicológico, a psicoterapia, porque é uma população que tem uma característica muita especifica [...] elas são muito emergenciais, elas tem uma expectativa de vida muito curta, então; essa psicoterapia para elas, uma coisa mais longa, é muito sem sentido [...] porque não sabem se vão estar vivas daqui 30 minutos. Os desafios maiores são vencer essa questão de quanto à família ainda é um problema, de quanto a religião é um problema, porque vai totalmente na contramão do que a gente acredita (Psicóloga, 50 anos). O CR é bem sucateado pela estrutura que o governo nos oferece [...] a aderência [...] as pessoas vem até o centro de referência com o objetivo de conseguir um encaminhamento e quando conseguem [...] vão embora (Psicólogo, 31 anos).

Faz-se notório no discurso dos psicólogos entrevistados, que sua atuação não pode ignorar os aspectos políticos, sociais e religiosos que envolvem a atenção específica dada ao público LGBTQIA+ e que este deve trabalhar para incluir de fato esta população na sociedade, propiciando conhecimento de luta de classes e alcance aos seus direitos mais básicos, além de obter conhecimento das políticas de inclusão social vigentes no país. Toda ação na sociedade que visa à transformação é libertadora, pois tem uma natureza que trabalha as relações horizontais e éticas. Portanto, estas relações são produtoras de diálogos entre as partes envolvidas que podem levar a construção do conhecimento que conduz a ação. “Os sujeitos envolvidos em uma ação transformadora são igualmente capazes e responsáveis pela construção de relações inclusivas ou excludentes”.  (MARTÍN-BARÓ, 1996; COSTA, 2015, p. 273). 

Observa-se que esta preocupação funcional do psicólogo aparece nas respostas dos psicólogos, já que um deles apontou que o maior desafio é a conscientização valoral do ser humano transexual e o seu empoderamento como cidadão de direito e que outro profissional acredita, que vencer a questão da família e da religião, como um problema, é um desafio, porque suas ideologias vão totalmente à contramão daquilo que se acredita atualmente no campo psicológico, médico e social. Sendo, portanto, esta uma preocupação de dois dos psicólogos entrevistados.

Estas observações coadunam com os estudos teóricos que apresentam as barreiras religiosas, médicas e sociais existentes e construídas ao longo da história na sociedade ocidental como influências negativas diretas na construção do pensamento, na família da pessoa transgênero, em relação à prática sexual homoafetiva. Sendo estas barreiras uma retroalimentação do estigma e do preconceito, pois posicionam a prática sexual fora da norma naturalizante ou biológica em condição de pecado, aberração ou abominação (BENTO, 2003; FERNANDES, 2009; HELLER, 2016; LAQUEUR, 1994; MASIERO, 2002/2005).

No tocante as dificuldades e facilidades encontradas no desenvolvimento do trabalho do psicólogo no CR LGBTQIA+ Campinas dois dos entrevistados retomaram a questão estrutural, parte física e financeira e a ingestão municipal. Elencaram que precisam utilizar recursos próprios na realização de seu trabalho, confirmando que a política social, na prática, privilegia os que pertencem à maioria, desprezando a minoria pré-existente (ABDO, 2016; HELLER, 2016, FECHINE, ROCHA, CUNHA, 2014).

Questões políticas abriram espaço para a volta do preconceito e de agressões verbais, afirmou um dos entrevistados. O mito da ideologia de gênero dificultou o trabalho nas escolas (palestras, etc.). As perseguições políticas e religiosas ganharam ênfase sob a desculpa do politicamente correto. Esta afirmação do profissional leva à reflexão e retoma a ideia marxista que aborda a questão dos espaços e como o indivíduo se apropria dos mesmos. Em sua obra, Marx expõe como o homem se desenvolve dentro de seu meio social, que é assinado por construções de produção histórica, tendo como impulso o trabalho nos processos societários, grupais. Logo, a herança cultural deixada de geração a geração vem acompanhada, também; do viés negativo, sendo eles a manutenção de estigmas, preconceitos e estereótipos. O universo religioso aliado ao sistema político perpetua preconceitos e dificulta a aceitação do comportamento sexual diverso (ABDO, 2016; MARX, 2009; MASIERO, 2002/2005).

As facilidades relatadas pelos profissionais psicólogos apontaram para a necessidade que a população atendida possui, de ajuda e apoio, pois a mesma é carente de base biopsicossocial e de religiosidade, já que enfrenta muitas barreiras na constituição de sua identidade e aceitação de sua condição por familiares e a sociedade em geral, amor pelo trabalho e fé na causa com disponibilidade de luta e enfrentamento e engajamento no projeto de levar informação e empoderamento à população atendida. Estes apontamentos facilitadores corroboram para a importância de proporcionar ao paciente acolhimento de suas demandas reais e escuta de suas problematizações.

Os psicólogos, quando questionados sobre a relação multidisciplinar dos serviços disponibilizados à população transgênero e sobre a importância desta relação na execução do trabalho em equipe, em sua maioria; expuseram fragilidades na relação de equipe multidisciplinar, apontando acúmulo de funções, poucos funcionários e utilização de apoio extra de organismos governamentais e entidades colaboradoras e parceiras e apontou como essencial o trabalho de equipes, embora apenas um deles tenha respondido esta questão de forma objetiva, entendendo a quase ausência de trabalho multidisciplinar na organização CR LGBTQIA+ Campinas.

Importante notar que dois deles apontaram para o trabalho multidisciplinar “extraoficial” de natureza colaborativa e de parcerias com CAPS, profissional ginecologista da prefeitura, movimentos sociais: Casa sem Preconceito e CEPOP e que um deles apontou falhas de governo municipal que não enxerga o trabalho desta instituição como importante no empoderamento das pessoas transgênero. Dando ao trabalho realizado pela equipe apenas um sentido burocrático.

Denota-se que a situação atual da organização é precária, pois quando atenta-se à fala da psicóloga responsável pela supervisão psicológica do CR LGBTQIA+ Campinas, a realidade, nua e crua, aparece nos relatos oficiais informados por ela e estes apontam para a existência de apenas duas funcionárias oficiais na organização e acúmulo de tarefas. De acordo com a psicóloga entrevistada (informação verbal)[3]:

A gente não consegue [...] fazer uma coisa muito interdisciplinar porque só sobrou eu e a [...] assistente social e ela está coordenadora, então a gente passa semanas sem se encontrar. Hoje a gente tenta se virar como dá [...] tenta conversar como [...] consegue, por exemplo, nós falamos pelo wattsapp, ela consegue me passar recados. Eu acabo falhando um pouco nesta questão interdisciplinar porque a gente não consegue muito encaixar nossas agendas, ela acabou ficando muito nessa parte da coordenação, que tem um monte de pepino pra resolver e eu fico na parte da psicologia (Psicóloga, 50 anos).

Observa-se que a quase ausência de uma equipe multiprofissional que se complemente e intercomunique adequadamente, em reuniões periódicas, a fim de discutir as demandas sociais específicas do público atendido pelo CR LGBTQIA+ Campinas é um agravante para o trabalho em equipe que tem prejudicado a proposição de novas estratégias de intervenção em saúde, que se utiliza de diferentes campos do conhecimento científico na objetivação da garantia do direito a assistência social das pessoas que se encontram em processos injustos (PEDUZZI, 2001). 

Os psicólogos, ao serem questionados sobre as queixas levantadas pelos usuários dos serviços disponibilizados à população transgênero na perspectiva do profissional psicólogo; indicaram para queixas que foram implantadas no campo psicossocial ou familiar dos indivíduos, ou seja; ideia e valores impostos pelo convívio social, que estão intimamente ligados ao preconceito e a discriminação social, um deles apontou para as dores psíquicas que estão relacionadas ao sistema de crenças e valores das pessoas transexuais, um deles para questões de despatologização da população LGBTQIA+ não só do homossexual, mas também das transexuais, um deles apontou para as questões de identidade, questionamentos e confusões relativas ao estado de ser homossexual e ser transexual, etc., bem como aos modos de se relacionarem afetivamente, um deles expressou acreditar que as questões de violência relativas ao gênero são um plus a mais, pois muitos deles sofrem violências por serem transexuais, além de muitos sobreviverem da prostituição e outro expôs que há necessidades básicas relativas à segurança e alimentação.

Observa-se, que todas as queixas apresentadas acima pelos profissionais se entrelaçam e derivam da primeira, já que se entende que a cultura do preconceito está implantada na sociedade por meio da religião hegemônica e da política estatal e que esta se encontra disseminada no imaginário popular, sendo transmitida como verdade às gerações. Esta verdade imposta afeta as famílias e consequentemente as pessoas transgênero, por isso elas sentem-se confusas em sua relação identitária, ou seja; de quem elas são de verdade e de como devem se relacionar e em qual modelo familiar. Em decorrência destes estigmas e estereótipos estabelecidos na cultura social reconhece-se que a violência contra o público LGBTQIA+ é alta (ABDO, 2016; BENTO, 2003; FERNANDES, 2009; MARX, 2009; MASIERO, 2002/2005).

No Brasil, em 2020, foram registrados, nos primeiros oito meses, 129 assassinatos de pessoas transexuais, com um aumento de 70% em relação ao ano anterior. O período da pandemia Covid-19 agravou ainda mais as desigualdades já existentes, pois a maioria não conseguiu acesso ao auxílio emergencial. A violência doméstica teve aumento de 45% no período de quarentena, já que as transexuais foram obrigadas a permanecerem junto de seus algozes e familiares intolerantes. “Os cinco estados com mais mortes de pessoas transexuais entre 1 de janeiro e 31 de agosto de 2020 são: SP com 19 casos, BA e MG com 16, Ceará com 15 e RJ com 7 assassinatos” (p. 03). Além disso, muitos travestis e transexuais acabam por ser marginalizados pela sua condição caindo nas teias da prostituição, aumentando o risco de morte. Logo, por não terem oportunidades justas de emprego e subsistência, necessidades básicas, segurança e alimentação, terminam na precariedade (ANTRA, 2020).

Segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) 90% das pessoas transexuais utilizam-se da prostituição em algum período de sua ontogênese. Isto ocorre porque muitas destas pessoas são expulsas de casa, não conseguem escolarizar-se e acabam sendo excluídas do mercado de trabalho que discrimina sua condição. A segregação e a humilhação acabam por retirar desta população o direito ao trabalho. Importante notar que no Brasil não existe uma lei que garanta a pessoas transexuais oportunidade de emprego (MAYUMI, CAMILA, 2020; FERREIRA, 2020).

Os apontamentos dos psicólogos relacionados aos dados de pesquisa apresentados por órgãos competentes inferem que a necessidade de atuação do psicólogo no trato das questões político sociais ultrapassa as funções nominais estabelecidas pela sua profissão. O profissional psicólogo ao trabalhar com problemas relativos à injustiça estrutural deve adequar sua atuação aos contextos reais das populações. Embora não seja sua função específica, ele deve dar suporte a partir de sua singularidade, em resgate de uma resposta, ou seja; sua atuação implica na sua autoconscientização de que é seu dever amparar os indivíduos a fim de suplantar a alienação de sua identidade, objetivando transformar o seu contexto opressor (MARTÍN-BARÓ, 1996).

Os outros profissionais, psiquiatra e assistente social, ao serem questionados sobre as ferramentas e técnicas utilizadas no exercício profissional afirmaram dar apoio emocional aos usuários dos serviços através do acolhimento das demandas sociais e encaminhamento a outros serviços necessários. Relataram priorizar a participação por meio do diálogo e de intercomunicações entre serviços ofertados fora do âmbito profissional e um dos profissionais afirmou encaminhar os usuários a serviços ofertados por outras organizações conforme a demanda biopsicossocial e de religiosidades, como exercício da fé em igrejas inclusivas ou católica, time esportivo inclusivo e o Centro de Referência LGBTQIA+ de Campinas-SP.

Individualmente, de acordo com suas especificidades, os profissionais relataram suas intervenções a partir de técnicas e ferramentas com o público atendido. O psiquiatra apontou utilizar-se de medicação, publicidade, trabalho em rede, rodas de conversa e acessibilidade. A assistente social afirmou utilizar a anamnese e visitas domiciliares em casos de extrema urgência. De acordo com o médico psiquiatra (informação verbal)[4] e da assistente social (informação verbal)[5], cada um realiza seu trabalho conforme suas especificidades:

Eu trabalho no serviço SUS [...] referencio o centro de referência, passo essas informações [...] em Campinas temos o primeiro time LGBTQIA+ do interior, o Camaleões, eu encaminho para a pessoa entrar em contato. Coloco as informações que tenho para que a pessoa possa ter uma rede de apoio e sustentação [...] quando a pessoa tem uma prática espiritual se é católica, eu encaminho para a universidade católica, se é evangélica sugestiono/encaminho para conhecer as igrejas inclusivas. Para que serve a medicamento psiquiátrico, o atestado, o relatório [...] a gente tenta acompanhar o paciente [...] continuar conversando, continuar tendo canais de comunicação, acessibilidade, acho que isso é um grande critério, porque às vezes as portas para essa população são fechadas, o que me deixa triste (Médico Psiquiatra, 58 anos). Anamnese [...] é instrumental nosso, o qual foi desenvolvido por nós e nos ajuda a extrair as informações que precisamos para trabalhar [...] visitas domiciliares, quando possíveis, também podem ser realizadas. Tudo se resume ao que disse sobre o mundo ideal e o real, no ideal poderíamos fazer tudo, mas, no real, por exemplo, visitas domiciliares só são realizadas em casos de extrema urgência e necessidade. Durante nossos trabalhos, se necessário, também adaptamos os instrumentos ao nosso alcance para que eles nos auxiliem da melhor forma possível durante o processo (Assistente Social, 50 anos).

Observa-se, que neste caso, o trabalho interdisciplinar não ocorre, já que o médico atende fora do CR LGBTQIA+ Campinas. Ambas as falas corroboram para intervenções limitantes da estrutura física oferecida, que não abarca o trabalho em equipe. O atendimento médico se descola de sua equipe multiprofissional da UBS, já que afirma enfrentar desafios de mentalidade no atendimento das pessoas transexuais, principalmente em relação ao encaminhamento para operações intersexo. Ambos os profissionais demonstram interesse no bem-estar social dos indivíduos, apesar de todas as barreiras estruturais que se apresentam na cotidianidade. O trabalho coletivo deve ser realizado para a diminuição de desigualdades e; quando isso ocorre, a interação integral da equipe fica satisfatória, no entanto; o que se observa nas relações hierárquicas entre profissionais é a prevalência de determinadas profissões sobre as outras, em detrimento aos discursos críticos acerca das divisões compartimentadas de tarefas (PEDUZZI, 2001, p. 107).

3.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se que há prevalência de mecanismos sociais próprios da sociedade capitalista, já que, como cidadão, se está inserido numa nação com historicidade ocidental que tem por base a instituição do capital e suas formas de exclusão. Isto se verificou nas teias que envolvem o cotidiano da pessoa transexual que, na lógica do capital, é excluída da empregabilidade e jogada a precariedade social, tendo que recorrer muitas vezes à prostituição como forma de sobrevivência. Isto se verificou nos relatos dos profissionais que apontaram para dificuldades financeiras como barreiras para um acolhimento efetivo, já que muitas transexuais chegam ao CR LBTQIA+ com fome, sujas, são moradoras de rua, prostitutas profissionais, possuem dificuldades de acesso por não terem o dinheiro da passagem para chegar ao local do tratamento psicológico.

Averiguou-se que não bastam apenas, como psicólogos, cumprir os papéis delegados ao exercício da função profissional, pois o psicólogo precisa ir além de suas aptidões básicas, já que os desafios políticos e formação da sociedade exigem luta de classes e consciência da práxis que é o movimento teórico, base de direcionamento, e a prática atuando juntos como agentes de transformação. Percebeu-se o quanto os profissionais envolvidos no atendimento das pessoas diversas atuam para além de suas proposições específicas, engajando-se no empoderamento e na luta contra ações preconceituosas e estigmatizadoras, oriundas das políticas sociais.

Portanto, a autoanálise das próprias concepções profissionais e pessoais, bem como a busca pela superação dos vieses ditados a priori pela ideologia predominante, das maiorias, a autoconsciência humana precisa estar em constante transformação e suspensão, já que existe a tendência pela manutenção e comodismo profissional. Acredita-se que o profissional psicólogo tem fundamental importância neste movimento transformador, mas para tanto precisa modificar-se a si mesmo, ou estará fadado à manutenção do status quo “curativo”, que pretende manter as separações, as injustiças e a inoperância político-social, mesmo que pela simples imitação reiterativa e espontânea.

Em outras palavras, é preciso encarar os movimentos reacionários e estar preparado para as represálias oriundas dos órgãos e instituições que dominam os pensamentos em massa. A emancipação dos seres somente ocorre para os que de alguma maneira opõe-se a toda forma de opressão e dominação política neoliberal, portanto; o processo de transformação emancipatória somente ocorre pela intencionalidade de natureza política que objetiva antes de tudo a liberdade para ser cidadão de direitos no mundo.

REFERÊNCIAS

ABDO, C. Diversidade Sexual. Revista Cultura e Extensão USP, São Paulo, v. 15, p. 19-28, 2016. Doi: 10.11606/issn.2316-9060.v15i0p19-28.

 

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[1] Entrevista concedida por Psicóloga responsável pela supervisão psicológica do CR LGBTQIA+ de Campinas/SP, em 21 de maio de 2020.

[2] Entrevista concedida por Psicólogo colaborador do CR LGBTQIA+ de Campinas/SP, em 27 de maio de 2020.

[3] Entrevista concedida por Psicóloga responsável pela supervisão psicológica do CR LGBTQIA+ de Campinas/SP, em 21 de maio de 2020.

[4] Entrevista concedida por Médico Psiquiatra responsável pelo atendimento de pessoas transexuais, encaminhadas pelo CR LGBTQIA+ Campinas ao Sistema Único de Saúde para orientação de cirurgia intersexual numa Unidade Básica de Saúde de Campinas/SP, em 28 de maio de 2020.

[5] Entrevista concedida por Assistente Social responsável pela coordenação do CR LGBTQIA+ de Campinas/SP, em 26 de maio de 2020.



[i] DAMARIS ALCIDIA DA COSTA MELGACO. PEDAGOGA, PSICÓLOGA, ESPECIALIZADA EM DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR PELA FACULDADE EDUCAMAIS. PÓS-GRADUANDA EM POLÍTICAS DE INCLUSÃO (EDUCAMAIS).

 

[ii] O presente artigo é um recorte individual do Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto de Ciências Humanas da Universidade Paulista, São José do Rio Pardo, 2020, intitulado, A Importância da Atuação do Psicólogo como Agente de Transformação e Proteção da População Transgênero e teve como autores: ALVES, C. F. J.; MELGACO, D. A. C.; LEÃO, M. F. de S.; PASSONI, M. F. F. e EDUARDO, T. A., sob a orientação do professor Me. Marcio Ângelo Menardi. 113 f. O mesmo obteve nota máxima e foi apresentado, online, no V Encontro de Produção Científica do Curso de Psicologia da UNIP em 12 de novembro de 2020, sob a coordenação de sala do professor Dr. Paulo Benzoni.

Das introspecções de o ovo e a galinha em Clarice Lispector.

Ilustração da obra Tacuinum Sanitatis Quem sou eu para desvendar tal mistério se nem mesmo Clarice desvendou, embora intuitivamente eu o sai...