domingo, 31 de outubro de 2021

Consciência em expansão



O fato de que homens e mulheres erram significa que podem acertar. Julgar pessoas por aquilo que, em algum momento, reproduziram no passado é duvidar da possibilidade evolutiva existente no ato de pensar o viver em sociedade. É acreditar na imutabilidade humana, é desmerecer os processos psíquicos superiores, reduzindo-os aos determinismos ambientais, ou seja; menosprezando a capacidade de construção humana que produz saltos qualitativos na evolução cultural.

Heráclito afirma em sua célebre frase que "nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio...pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem".

O pensador trás a verdade em reflexão de que existe nas interações objetais uma mutabilidade, preconizando a possibilidade da variação dos constructos do pensamento. 

O contato entre os objetos e sua interação passam por transformações, ou seja; nada é como era, porque muitas coisas ocorrem entre uma ação e outra. Embora os cenários pareçam os mesmos a historicidade do tempo antagoniza as passagens. 

E esta é a magia da dialética humana a de que os homens e mulheres podem se tornar contraditórios, pois entram em contato com as contrariedades da existência.

Ora é na interação objetal que o homem constrói seus conceitos e valores e também é nesta mesma interação que o mesmo homem se reformula. 

A medida em que acessa novos conteúdos, novas proposições, torna-se possível a retomada de seus espaços mentais para refletir o arcabouço teórico de outrora e se transformar no embate das contradições encontradas dentro dele.

Eu mesma, já fui contrariedade e por certo no futuro poderei ser novamente até que formulações se redefinam e se refinem. 

O que já pensei e fui não me diminui, apenas me estaciona no lugar humano que ocupo e se por hoje estaciono, amanhã floresço e me deparo às antigas contradições.

O mais importante é a evolução do pensamento que jamais deve estacionar na estação da mediocridade.






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