1.1 A teoria de Campo e o estudo
experiemntal dos grupos de Kurt Lewin
Segundo Álvaro e Garrido (2006) Kurt Lewin (1890-1947),
desenvolve a teoria de Campo essa teoria da Gestalt relacionada a percepção
é introduzida por ele na área da motivação e da personalidade. Para Lewin o
“Campo” seria a totalidade de fatos coexistentes/interdependentes. O “Espaço Vital”
seriam fatores mutuamente dependentes que fariam parte da experiência
psicológica. Inclui-se no espaço vital a posição da pessoa/seu ambiente
psicológico e ambiente recebido.
O postulado de Lewin
seria que “O comportamento é função da interação entre a pessoa e o ambiente”,
cuja fórmula seria “Fórmula: Conduta = f
(pessoa, ambiente)”, (Álvaro e Garrido, 2006, p.110).
O Pensamento
Epistemológico de Lewin era de que “a psicologia deve seguir o mesmo processo
de evolução das demais ciências. Constitui-se uma substituição progressiva de
uma metodologia classificatória por um método construtivo.” (Álvaro e Garrido,
2006, p.111).
Para ele “o método
genético ou construtivo se caracteriza porque as relações entre os fenômenos
não se estabelecem em virtude de sua semelhança, mas segundo a forma em que se
derivam uns dos outros”. (Álvaro e Garrido, 2006, p.111).
Álvaro e Garrido (2006,
p.111) apontam que Lewin pretendia “encontrar os conceitos que servissem como
elementos de construção em psicologia”, ou seja, chegar a encontrar constructos
que ao serem combinados “pudessem ajudar a explicar qualquer fenômeno
psicológico”.
Segundo Álvaro e
Garrido (2006) o estudo experimental de Lewin surge a partir de preocupações
como violência, preconceito, produtividade, hábitos alimentares, etc. Ele
desenvolveu estudos sobre o comportamento dos grupos. Acreditava ser mais fácil
mudar o pensamento do grupo do que o individual. Pensava mudar os padrões do
grupo para então provocar a mudança individual.
De acordo com os
autores o conceito de grupo foi a ponte para que Lewin passasse da Psicologia
Individual para a Psicologia Social. “O grupo não se define pela proximidade ou
semelhanças de seus membros, mas por considerar que o destino de cada um
depende do destino do grupo como um todo.”, característica da interdependência
do destino. (Álvaro e Garrido, 2006, p.116).
“Um fator mais forte que
o anterior é a dependência mútua para realizar uma tarefa ou um propósito, o
qual consolida e une poderosamente o grupo”, característica da interdependência
de tarefas (Álvaro e Garrido, 2006, p.117).
O
quadro abaixo construído a partir de leitura textual (Álvaro e Garrido,
2006, p.111-112) especifica bem a teoria do constructo de Kurt Lewin:
ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO: DOIS GRANDES TIPOS
1) conceitos estruturais e 2) conceitos dinâmicos.
São considerados os elementos de construção adequados para explicar o
comportamento.
Psicologia Vetorial (complementar à Psicologia topológica) |
||||
Dessa concepção psicológica surge
uma série de conceitos:
Estruturais e Dinâmicos
|
Região
|
Ambiente e pessoas subdividem-se em
regiões: região central (- acesso/personalidade) e periférica (+suscetíveis
ao ambiente).
|
Locomoção
Movimento de
uma região para outra. Determinado pela Valencia.
|
|
Sub-regiões
|
Cada região subdivide-se em
sub-regiões.
|
|||
Vias de acesso
|
Transito de uma região a outra.
|
Valencia.
Atração ou
repulsão das diferentes regiões do campo.
|
||
Barreiras
|
Obstáculos ao transito.
|
Força
Regiões
possuem vetores com intensidade diferenciada.
|
||
Posição
|
Relação espacial das diferentes
regiões.
|
|||
Estrutura cognitiva
|
Posição relativa conforme a percepção
da pessoa.
|
Tensão
Mudanças na
estrutura do campo resultam em tensão que a pessoa tratará de reduzir.
|
Quadro 1: Construído a
partir de leitura textual (Álvaro e Garrido, 2006, p.111-112)
Os processos
intragrupais de Lewin reafirmaram seu “compromisso com o sistema democrático
diante dos regimes autocráticos”, pois esses se impunham a seus membros, sendo
assim mais difícil manter a democracia (de alto valor moral e material).
(Álvaro e Garrido, 2006, p.117).
O
quadro abaixo especifica algumas lideranças e sua influência aos liderados
realizada em 1938 por Kurt Lewin:
Quadro 2. Os modelos de liderança
analisados por Kurt Lewin.
Os objetivos da
pesquisa da pesquisa de Lewin era a diminuição do preconceito entre grupos e
melhoria das relações intergrupais e o “Campo Metodológico” foram decisivos
para consolidar a Psicologia Social como ciência experimental. (Álvaro e
Garrido, 2006, p.118). Sua contribuição ao campo da Psicologia Social aplicada
“se concretizou em seu conceito de Pesquisa-ação” (vinculo da pesquisa com a
ação social). (Álvaro e Garrido, 2006, p.118). A frase “A pesquisa que só
produz livros . . . não é suficiente”. (Kurt Lewin apud Álvaro e Garrido, 2006,
p. 119) expõe claramente seu interesse em sair do campo teórico para uma
dimensão de pesquisa focada em contexto de planejamento e ação social, ou seja,
“uma síntese entre pesquisa, diagnóstico e avaliação da mudança planejada”. (Álvaro
e Garrido, 2006, p.119).
1.2 A formação de Impressões e a influência
social de Solomon Asch
Solomon Eliot
Asch (1907-1996) de acordo com Álvaro e Garrido (2006)
era psicólogo, polaco (Varsóvia), emigrante nos USA desde 1920, pioneiro
na Psicologia Social. Sua influência Fundamental foi de Wertheimer/Escola da Gestalt.
Sua pesquisas abordaram temas como percepção social, formação de impressões,
influência social: influência majoritária e conformismo. e suas principais
contribuições ficaram registradas no Livro “Social Psychology (1952).
O estudo das impressões para Asch apud Álvaro
e Garrido (2006, p.157) não são a somatória de características percebidas em alguém, mas
constituem um todo organizado, cujas partes estão inter-relacionadas.
Seu primeiro experimento, de acordo com
Álvaro e Garrido (2006) reuniu dois grupos classificados em A e B para quem seriam lidos em
voz alta duas fichas contendo características iguais com apenas uma diferente.
A partir dessa leitura eles fariam relato de impressões escolhendo traços a
partir de uma lista. A conclusão de Asch foi a de que o Grupo A teve uma imagem
mais positiva das pessoas avaliadas e Grupo B imagem mais negativa.
|
Tabela 1. Lista de palavras usadas
na experiência de Asch, cuja diferençaestava em uma única palavra “afetuosa e
fria” (Álvaro e Garrido, 2006, p.158).
Segundo Deutsch e Krauss (1985) apud Álvaro
e Garrido (2006) a conclusão das impressões em relação às pessoas no experimento foram: 1)
Poucas evidências, mas forma-se impressão, 2) Percepção de características
estão inter-relacionadas, 3) Impressão estruturada, 4) Cada traço contêm a
propriedade de uma parte, exerce influência e é influenciado na ordem total, 5)
Impressões determinam o contexto para outras e 6) Não conformidade gera busca
por aprofundamento de noção e solução da contradição.
Seu segundo experimento pode ser analisado no quadro
abaixo elaborado a partir de informações de (Álvaro e Garrido, 2006, p.161-162):
TEORIA DA
INFLUÊNCIA SOCIAL
Experimento:
sala de aula – 7 a 9 pessoas + experimentador – todas as pessoas eram
cúmplices exceto uma: Indivíduo experimental (crítico).
|
|||
Objetivo: Perceber
até que ponto o participante real assumia a resposta do grupo como sendo a
sua, não obstante estar ciente de que a resposta era incorreta.
|
|||
ESTRATÉGIA
12 pares de Cartões
|
CÚMPLICES
EXPERIMENTADOR
(7 A 9
pessoas + Experimentador)
|
SUJEITOSCRÍTICOS (35)
|
GRUPO CONTROLE Opinião escrita e
privada
(25)
|
2 PRIMEIROS corretos
|
Acertam de propósito
|
||
7 errados
|
Erram de propósito por sete vezes
|
||
3 corretos
|
Alternam os erros com 3 respostas
corretas
|
||
ERROS %
|
Os erros não se distribuíram de igual
maneira entre todos os Sujeitos Críticos. Alguns ficaram independentes nas
respostas e outros aderiram à maioria.
|
33%
|
7%
|
No grupo
controle, onde as respostas eram escritas houve maior resistência à pressão
grupal com menor grau de CONFORMISMO:
É a conformação da consciência individual a uma onda coletiva, que sufoca
a liberdade pessoal. Exige do indivíduo colaboração com certas tendências
cegas e passageiras ou ilusórias da sociedade.
|
Quadro
3: Experiência de Asch para comprovar Teoria da Influência Social. 1ª situação: 60 pessoas – 35
sujeitos críticos – 25 grupo de controle/2ª situação: Um dos cúmplices dava
sempre respostas corretas. Houve redução de julgamentos errados.
Asch,com essa experiência
reformula processos como imitação e sugestão. O resultado não é processo
imitativo, mas experiência de conflito de informação de duas fontes confiáveis:
1) próprios sentidos 2) julgamento dos outros, portanto partem da necessidade
objetiva de resolução conflituosa. (Álvaro e Garrido, 2006, 162).
Álvaro e Garrido (2006)
apontam as conclusões de Asch assim estruturadas: 1) Reestruturaram
cognitivamente a situação. Termos no nosso grupo pessoas que pensam como nós
reduz o conformismo, 2) Baixa auto-estima: Julgavam suas percepções erradas e a
da maioria correta. Na maioria das vezes a baixa confiança em nós próprios
aumenta a importância que damos aos outros, reduzindo assim a resistência à sua
influência, 3) Submissão à maioria para não parecer diferentes e ser excluído.
Desejo de se sentir aprovado. Impacto da presença dos outros. A tendência para
o conformismo aumenta quando temos de enfrentar o olhar e a presença real dos
outros. 4) Alguns afirmaram ver as linhas como a maioria. O estatuto de
indivíduos do grupo também pode inclinar - nos para o conformismo. Sensação de
isolamento, quanto maior é a coesão e acordo dos elementos do grupo mais
isolados nos sentimos para contestar as suas atitudes e comportamentos.
Álvaro e Garrido (2006)
que de acordo com Deutsch e Krauss (1985) dessa experiencia surgem dois tipos
de processo: 1)
Influência informativa: desejo de
formular julgamento acertado, acreditam na maioria como fonte de evidencia
objetiva e 2) Influência normativa:
desejo de obter aprovação do grupo e reduzir a desaprovação social.
REFERÊNCIAS
ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicologia
social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo: McGraw-Hill,
2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário