quinta-feira, 7 de junho de 2018

KURT LEWIN E SOLOMON ASCH


1.1 A teoria de Campo e o estudo experiemntal dos grupos de  Kurt Lewin

Segundo Álvaro e Garrido (2006) Kurt Lewin (1890-1947), desenvolve a teoria de Campo essa teoria da Gestalt relacionada a percepção é introduzida por ele na área da motivação e da personalidade. Para Lewin o “Campo” seria a totalidade de fatos coexistentes/interdependentes. O “Espaço Vital” seriam fatores mutuamente dependentes que fariam parte da experiência psicológica. Inclui-se no espaço vital a posição da pessoa/seu ambiente psicológico e ambiente recebido.
O postulado de Lewin seria que “O comportamento é função da interação entre a pessoa e o ambiente”, cuja fórmula seria “Fórmula: Conduta = f (pessoa, ambiente)”, (Álvaro e Garrido, 2006, p.110).
O Pensamento Epistemológico de Lewin era de que “a psicologia deve seguir o mesmo processo de evolução das demais ciências. Constitui-se uma substituição progressiva de uma metodologia classificatória por um método construtivo.” (Álvaro e Garrido, 2006, p.111).
Para ele “o método genético ou construtivo se caracteriza porque as relações entre os fenômenos não se estabelecem em virtude de sua semelhança, mas segundo a forma em que se derivam uns dos outros”. (Álvaro e Garrido, 2006, p.111).
Álvaro e Garrido (2006, p.111) apontam que Lewin pretendia “encontrar os conceitos que servissem como elementos de construção em psicologia”, ou seja, chegar a encontrar constructos que ao serem combinados “pudessem ajudar a explicar qualquer fenômeno psicológico”.
Segundo Álvaro e Garrido (2006) o estudo experimental de Lewin surge a partir de preocupações como violência, preconceito, produtividade, hábitos alimentares, etc. Ele desenvolveu estudos sobre o comportamento dos grupos. Acreditava ser mais fácil mudar o pensamento do grupo do que o individual. Pensava mudar os padrões do grupo para então provocar a mudança individual.
De acordo com os autores o conceito de grupo foi a ponte para que Lewin passasse da Psicologia Individual para a Psicologia Social. “O grupo não se define pela proximidade ou semelhanças de seus membros, mas por considerar que o destino de cada um depende do destino do grupo como um todo.”, característica da interdependência do destino. (Álvaro e Garrido, 2006, p.116).
“Um fator mais forte que o anterior é a dependência mútua para realizar uma tarefa ou um propósito, o qual consolida e une poderosamente o grupo”, característica da interdependência de tarefas (Álvaro e Garrido, 2006, p.117).
O quadro abaixo construído a partir de leitura textual (Álvaro e Garrido, 2006, p.111-112) especifica bem a teoria do constructo de Kurt Lewin:


ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO: DOIS GRANDES TIPOS
1) conceitos estruturais e 2) conceitos dinâmicos. São considerados os elementos de construção adequados para explicar o comportamento.

Psicologia Vetorial (complementar à Psicologia topológica)

Dessa concepção psicológica surge uma série de conceitos:
Estruturais e Dinâmicos
Região
Ambiente e pessoas subdividem-se em regiões: região central (- acesso/personalidade) e periférica (+suscetíveis ao ambiente).
















Locomoção
Movimento de uma região para outra. Determinado pela Valencia.

Sub-regiões

Cada região subdivide-se em sub-regiões.

Vias de acesso

Transito de uma região a outra.

Valencia.
Atração ou repulsão das diferentes regiões do campo.


Barreiras

Obstáculos ao transito.
Força
Regiões possuem vetores com intensidade diferenciada.


Posição

Relação espacial das diferentes regiões.

Estrutura cognitiva

Posição relativa conforme a percepção da pessoa.

Tensão
Mudanças na estrutura do campo resultam em tensão que a pessoa tratará de reduzir.

Quadro 1: Construído a partir de leitura textual (Álvaro e Garrido, 2006, p.111-112)

Os processos intragrupais de Lewin reafirmaram seu “compromisso com o sistema democrático diante dos regimes autocráticos”, pois esses se impunham a seus membros, sendo assim mais difícil manter a democracia (de alto valor moral e material). (Álvaro e Garrido, 2006, p.117).
O quadro abaixo especifica algumas lideranças e sua influência aos liderados realizada em 1938 por Kurt Lewin:

 
Quadro 2. Os modelos de liderança analisados por Kurt Lewin.

Os objetivos da pesquisa da pesquisa de Lewin era a diminuição do preconceito entre grupos e melhoria das relações intergrupais e o “Campo Metodológico” foram decisivos para consolidar a Psicologia Social como ciência experimental. (Álvaro e Garrido, 2006, p.118). Sua contribuição ao campo da Psicologia Social aplicada “se concretizou em seu conceito de Pesquisa-ação” (vinculo da pesquisa com a ação social). (Álvaro e Garrido, 2006, p.118). A frase “A pesquisa que só produz livros . . . não é suficiente”. (Kurt Lewin apud Álvaro e Garrido, 2006, p. 119) expõe claramente seu interesse em sair do campo teórico para uma dimensão de pesquisa focada em contexto de planejamento e ação social, ou seja, “uma síntese entre pesquisa, diagnóstico e avaliação da mudança planejada”. (Álvaro e Garrido, 2006, p.119).

1.2 A formação de Impressões e a influência social de Solomon Asch

Solomon  Eliot  Asch (1907-1996) de acordo com Álvaro e Garrido (2006) era psicólogo, polaco (Varsóvia), emigrante nos USA desde 1920, pioneiro na Psicologia Social. Sua influência Fundamental foi de Wertheimer/Escola da Gestalt. Sua pesquisas abordaram temas como percepção social, formação de impressões, influência social: influência majoritária e conformismo. e suas principais contribuições ficaram registradas no Livro “Social Psychology (1952).
O estudo das impressões para Asch apud Álvaro e Garrido (2006, p.157) não são a somatória de características percebidas em alguém, mas constituem um todo organizado, cujas partes estão inter-relacionadas.
Seu primeiro experimento, de acordo com Álvaro e Garrido (2006) reuniu dois grupos classificados em A e B para quem seriam lidos em voz alta duas fichas contendo características iguais com apenas uma diferente. A partir dessa leitura eles fariam relato de impressões escolhendo traços a partir de uma lista. A conclusão de Asch foi a de que o Grupo A teve uma imagem mais positiva das pessoas avaliadas e Grupo B imagem mais negativa.

    
     

Tabela 1. Lista de palavras usadas na experiência de Asch, cuja diferençaestava em uma única palavra “afetuosa e fria” (Álvaro e Garrido, 2006, p.158).

Segundo Deutsch e Krauss (1985) apud Álvaro e Garrido (2006) a conclusão das impressões em relação às pessoas no experimento foram: 1) Poucas evidências, mas forma-se impressão, 2) Percepção de características estão inter-relacionadas, 3) Impressão estruturada, 4) Cada traço contêm a propriedade de uma parte, exerce influência e é influenciado na ordem total, 5) Impressões determinam o contexto para outras e 6) Não conformidade gera busca por aprofundamento de noção e solução da contradição.
Seu segundo experimento pode ser analisado no quadro abaixo elaborado a partir de informações de (Álvaro e Garrido, 2006, p.161-162):

TEORIA DA INFLUÊNCIA SOCIAL
Experimento: sala de aula – 7 a 9 pessoas + experimentador – todas as pessoas eram cúmplices exceto uma: Indivíduo experimental (crítico).

Objetivo: Perceber até que ponto o participante real assumia a resposta do grupo como sendo a sua, não obstante estar ciente de que a resposta era incorreta.
ESTRATÉGIA
12 pares de Cartões
CÚMPLICES
EXPERIMENTADOR
(7 A 9  pessoas + Experimentador)
SUJEITOSCRÍTICOS (35)
GRUPO CONTROLE Opinião escrita e privada
(25)
2 PRIMEIROS corretos
Acertam de propósito
7 errados
Erram de propósito por sete vezes
3 corretos
Alternam os erros com 3 respostas corretas
ERROS %
Os erros não se distribuíram de igual maneira entre todos os Sujeitos Críticos. Alguns ficaram independentes nas respostas e outros aderiram à maioria.
33%
7%
No grupo controle, onde as respostas eram escritas houve maior resistência à pressão grupal com menor grau de CONFORMISMO: É a conformação da consciência individual a uma onda coletiva, que sufoca a liberdade pessoal. Exige do indivíduo colaboração com certas tendências cegas e passageiras ou ilusórias da sociedade.
Quadro 3: Experiência de Asch para comprovar Teoria da Influência Social. 1ª situação: 60 pessoas – 35 sujeitos críticos – 25 grupo de controle/2ª situação: Um dos cúmplices dava sempre respostas corretas. Houve redução de julgamentos errados.

Asch,com essa experiência reformula processos como imitação e sugestão. O resultado não é processo imitativo, mas experiência de conflito de informação de duas fontes confiáveis: 1) próprios sentidos 2) julgamento dos outros, portanto partem da necessidade objetiva de resolução conflituosa. (Álvaro e Garrido, 2006, 162).
Álvaro e Garrido (2006) apontam as conclusões de Asch assim estruturadas: 1) Reestruturaram cognitivamente a situação. Termos no nosso grupo pessoas que pensam como nós reduz o conformismo, 2) Baixa auto-estima: Julgavam suas percepções erradas e a da maioria correta. Na maioria das vezes a baixa confiança em nós próprios aumenta a importância que damos aos outros, reduzindo assim a resistência à sua influência, 3) Submissão à maioria para não parecer diferentes e ser excluído. Desejo de se sentir aprovado. Impacto da presença dos outros. A tendência para o conformismo aumenta quando temos de enfrentar o olhar e a presença real dos outros. 4) Alguns afirmaram ver as linhas como a maioria. O estatuto de indivíduos do grupo também pode inclinar - nos para o conformismo. Sensação de isolamento, quanto maior é a coesão e acordo dos elementos do grupo mais isolados nos sentimos para contestar as suas atitudes e comportamentos.
Álvaro e Garrido (2006) que de acordo com Deutsch e Krauss (1985) dessa experiencia surgem dois tipos de processo: 1) Influência informativa: desejo de formular julgamento acertado, acreditam na maioria como fonte de evidencia objetiva e 2) Influência normativa: desejo de obter aprovação do grupo e reduzir a desaprovação social.

REFERÊNCIAS

ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. 

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