A história da pedagogia é longa e passou pela influência de muitos períodos históricos, ideologias dominantes e imposições metodológicas. Assim como as matrizes psicológicas tiveram suas influências político-sociais, os paradigmas pedagógicos também o tiveram.
A questão metodológica da educação está que nenhuma metodologia está imune as ideologias vigentes na sociedade. O problema que envolve a didática e a formação profissional do pedagogo ou professor está intimamente atrelada às suas próprias concepções de ensino, claro que estas foram aprioristicamente apropriadas da interação social, política e cultural de sua experiência comunitária.
Durante muito tempo houve embates entre duas correntes principais: uma tradicional datada de longas datas, desde os tempos mais clássicos e uma revolucionária que buscou retirar da mão do educador ou mestre o poder central, dando ao aluno um maior poder.
Os que se aproximam da referência mais clássica e tradicional expõem claramente que ainda acreditam na premissa do mestre e do discípulo. Talvez eles se contorçam na cadeira por esta ideia, mas o mestre era aquele que detinha o saber maior e por detê-lo traziam consigo uma fila de discípulos aprendizes, seguidores fiéis.
O mestre não podia ser questionado, já que era dotado de status quo - superioridade - uma certa deidade a ser imitada, seguida. A educação tradicional sempre teve este status. O aluno é apenas um mero aprendiz e seu professor o mestre - dotado de todo o saber.
Esta questão relevante na educação faz-nos pensar um certo narcisismo da inquestionabilidade, bem contrária a dialética que propõe os embates provenientes da contradição. Só para pensar...
Pensando a dialética, não seria mais propício os diálogos existentes entre os mestres e os aprendizes do que a imposição de ideologias? A moeda tem dois lados. Se de um lado a hegemonia estatal capitalista detêm o poder e impõe o conhecimento sob seu viés, também do outro lado a sociedade sob os prismas socialistas impõe a sua ideologia. Data vênia relembrar a história das tentativas desastrosas desta forma de fazer governo na história, não que estas tenham sido piores que os estragos do capitalismo, mas também não foram as melhores.
Tanto o capitalismo quanto o socialismo partem de premissas básicas: alguém detém o poder. É fato... Não gostamos de falar sobre a perda da autonomia em ditaduras que impõem heteronímia humana?
Educar deveria ser um ato revolucionário a medida que agrega valores nos saberes, não retirando do professor a sua condição de mestre e de aprendiz. Isso, meus caros, é práxis. Nem mesmo os grandes mestres detinham todo o "saber". O conhecimento e a prática são geratriz de muitos outros aprendizados.
O educador que toma para si a arrogância da inquestionabilidade, ganha discípulos mudos, sem personalidade. Ganha papagaios de pirata que repetem seus ditos. O verdadeiro educador ensina pensar. E é pensando que se aprende a ter consciência reflexiva, de uma filosofia da práxis, mesmo que este aprendiz discorde de ti. E será pela dialética argumentativa que outros saberes se construirão.
Namastê :)
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