O Filme “A Onda” apresenta
um enredo interessante baseado em fatos reais. Um professor chamado Ross ao
ensinar sobre autocracia inicia uma experiência educacional instigante
revivendo um modelo autoritário e ditatório. Tudo se inicia a partir de um “insight”
gerado por uma pergunta referente à Ditadura de Hitler na Alemanha, período em
que ocorreu o Holocausto de Judeus e Ciganos.
Souza (2017) afirma que “os
homossexuais, opositores políticos de Hitler, doentes mentais, pacifistas,
eslavos e grupos religiosos, tais como as Testemunhas de Jeová, também sofreram
com os horrores do Holocausto”.
Segundo Souza (2017) “O
Holocausto foi uma prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual
estabelecida durante os anos de governo nazista de Adolf Hitler”. O filme
trás luz a uma prática hegemônica que produziu prejuízos incalculáveis às
nações e civilizações principalmente no quesito “humanitário”.
A pergunta que o filme
apresenta a priori é: “Como considerá-los inocentes diante de tal genocídio?
Como poderíamos afirmar que não tenham visto os horrores da proposta brutal
daquele governo?
Apresentamos aqui alguns
diálogos iniciais do filme que instigaram o Professor Ross a pesquisar e propor
a experiência:
Amy pergunta: “E como ninguém tentou
impedir isso?” Ross: “Disseram que não sabiam o que estava acontecendo”. Eric:
“Como se pode matar 10 milhões de pessoas sem ninguém notar?” Ross: “Depois da
guerra os alemães alegaram que nada sabiam sobre os campos de concentração ou
as matanças”. Laurie: “Como os alemães puderam ficar inertes enquanto os
nazistas chacinavam gente em volta deles e fingiram ignorância? Como puderam
fazer isso, eu realmente não entendo.” (GRASSHOFF, 1981)
A partir dessa questão o
professor resolve promover uma vivência de grupo a luz da lógica nazista. Sem
que os alunos se apercebam da experiência o educador se propõe a induzir os
alunos do Ensino Médio à ordem, disciplina e ideologia de comunidade única. Sob
o lema: “Poder, Disciplina e Superioridade”.
Curiosamente professor Ross
se surpreende pela adesão ao seu programa e pela fácil aceitação da turma as
regras impostas e ideologia proposta. A ideia supera o teste e curioso pela
expectativa do devir ele prossegue com sua experiência.
Fica claro ao telespectador
a intencionalidade do diretor e produtor em conduzi-los a reflexão de como os
seres humanos são suscetíveis as influencias das lideranças e como essas se
sobrepõem ao grupo naturalmente, num ato extremamente passivo, dada a não
reflexão.
Observamos no filme que
muitas das imposições de Ross remontam nossas aulas de Educação Física do
Ginásio, onde éramos treinados à disciplina e exercícios repetitivos de
ginástica. Segundo Bernardo (2009, p. 01):
Se o taylorismo é a disciplina do
corpo para a produção, o fascismo foi a disciplina do corpo para a política. Na
experiência pedagógica daquele professor tudo começou com gestos simples, o
levantar e o sentar, o estar sentado direito e de pés juntos. E
o professor tinha razão, porque antes de ser uma ideologia ou uma forma de
governar, o fascismo fora acima de tudo um ritual coletivo, a encenação
diariamente repetida da hierarquia e da submissão, da ordem enquanto anulação
do indivíduo na grande coletividade, na pátria ou na raça. (BERNARDO, 2009,
p.01).
Tudo na postura de Ross
trazia um revestimento de ação coletiva submissa às ordens, desde os comandos
como também a maneira de responder, se posicionar, reagir, responder. Ross
remonta as cenas do exército e a rigidez que enfatiza as hierarquias e o
respeito à autoridade.
Além disso, o movimento
evolui de forma que há a adoção de símbolos, rituais e uniformes. O uniforme
escolhido relembra o traje nazista. A uniformização carrega consigo uma falsa
ideia de igualdade, homogeneidade social. Durante muito tempo no Brasil a
utilização de uniformes na escola mascarava as diferenças. A falsa ideia de que
todos estão na mesma medida e lugar.
O totalitarismo se manifesta
enquanto ação. Não há mais necessidade de gastar tempo com os amigos ou
namorada, porém somente ao grupo e seus membros. Percebemos que as aulas
deixaram de ter um cunho mediador de conhecimento e passaram a ser a afirmação
de identidade daquele grupo. Não havia mais vida privada, não havia saída para
pensar e se relacionar fora do grupo, ou seja, a existência fora reduzida a uma
única maneira de ver as coisas.
Segundo Ferrari (2008, p.
01):
Freire criticava a idéia de que
ensinar é transmitir saber, porque para ele a missão do professor era
possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da
concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as
condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel
diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade.
Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os
alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que
ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas.
"Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso
implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou
não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do
professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e
para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas,
garantindo a todos a possibilidade de se expressar.(FERRARI, 2008, p. 01)
Muito interessante a colocação
de Freire apud Ferrari (2008) de que “os homens se educam entre si mediados
pelo mundo”, porém no processo grupal daquele grupo houve se assim podemos
chamar uma “deseducação” ou um retrocesso das relações mediadoras do educador –
educando, visto que “A Onda” deu aos alunos a sensação de que havia uma
segurança e um sentido naquela comunhão coletiva, porém arrancou deles a
autonomia que foi delegada a outrem na heteronomia.
Bernardo (2009, p. 01) expõe
em seu artigo:
Através da hierarquia instaurada, tudo
é dado inevitavelmente ao chefe do grupo, por isso ele pode aparecer como o
generoso dispensador de benesses e de conselhos. O autoritarismo não é senão a
exploração afetiva dos que se entregam à autoridade. O carisma não emana do
chefe, é-lhe dado pelos que acreditam nele e que não têm consciência de que
recebem de volta no plano simbólico aquilo que lhe concederam no plano real. (BERNARDO,
2009, p.01).
Mailhiot (1973) explica que
Lewin (1965) no início se propôs a estudar o comportamento individual e sua
ação que partia da estrutura estabelecida entre o indivíduo e o ambiente
respeitando o tempo e o momento. Para ele essa “estrutura” é que era
considerado um “campo dinâmico”, ou seja, o que proporcionava o equilíbrio.
Seria um sistema de força em equilíbrio e quando por algum motivo esse campo se
rompesse ocorreria, então, a tensão no sujeito e automaticamente em seu
comportamento, pois seria através do comportamento que o mesmo indivíduo
tentaria recuperar ou restabelecer o equilíbrio.
Segundo Lane (1984, p. 80):
[...] 1) o significado da existência e
da ação grupal só pode ser encontrado dentro de uma perspectiva histórica que
considere a sua inserção na sociedade, com suas determinações econômicas,
institucionais e ideológicas; 2) o próprio grupo só poderá ser conhecido
enquanto um processo histórico, e nesse sentido talvez fosse mais correto
falarmos em processo grupal do que em grupo. (Lane, 1984, p.80).
Para Lane (1984) existem
diferentes conceitos de grupos. Há uma postura tradicional que teria por função
a identificação de papéis e identidade social a fim de manter a harmonia das
relações sociais objetivando a produtividade e, há também; outras posturas que
são mais mediatizadoras, que se preocupam com os processos de produção, ou
seja, enfatizam como os grupos se produzem e quais processos participam dessa
produção. Para esses há determinantes sociais que são mais abrangentes e que
estão presentes nas relações grupais.
Mailhiot (1973, p. 33)
afirma que para Lewin o grupo ao qual o individuo pertence é comparado a um
terreno para obtenção ou não de determinado status social e a medida que esse
grupo fornece esse status entrega ao seu participante a sensação de estar
seguro. Para ele essa segurança está relacionada a “fluidez ou a solidez” desse
terreno aonde o indivíduo se posiciona já que este pode ou não identificar-se
nesse grupo enquanto parte.
Observamos que no caso
exposto no filme a relação de liderança que se apresenta é a tradicional que
pressupõe a presença de um líder carismático e convincente/inspirador. A
autocracia nesse caso apresenta-se como a forma aceitável de governo ou
liderança.
Lara (2012) expõe que nesse
tipo de liderança há uma centralização das decisões e imposição de ordens ao
grupo. Há uma ausência de espontaneidade, iniciativa e formação de grupos de
amizade. Por outro lado a tensão, frustração e agressividade estão presentes.
Tudo está e acontece na presença do líder.
Por ser um individuo social
o homem busca em suas relações inspiração na forma de ídolos e mestres. Essa
postura é histórica, aliás, é da história humana. O filme retrata claramente
como muitas vezes os jovens são suscetíveis às influencias sociais de “ídolos”
ou “personagens em destaque”, justamente porque estão em busca de um lugar ao
Sol ou poderíamos dizer que estão formando sua identidade social.
Para Vigotsky (1995) apud
Pasqualini (2010, p. 167-168) “a gênese das funções psicológicas exclusivamente
humanas não é biológica, mas fundamentalmente cultural”. Ainda de acordo com
Pasqualini (2010, p. 170) “[...] ao longo de seu desenvolvimento, a criança
assimila as formas sociais da conduta e as transfere para si mesma, ou seja, a
criança começa a aplicar a si própria as mesmas formas de comportamento que a
princípio outros aplicavam a ela.”
Mailhiot (1973, p.43-44) expõe
que de acordo com Kurt Lewin (1973) as minorias que abrem mão de sua identidade
optando pela cordialidade das relações geralmente acabam por repetir as
atitudes coletivas da maioria. Interessante que ele expõe que essas atitudes
coletivas de minorias são particularmente de adolescentes porque esses tentam
passar despercebidos acreditando que serão aceitos. Temem tanto não pertencer
ao seu grupo de origem, como também ao grupo majoritário.
No filme percebemos que a
homogeneização das diferenças fez bem aqueles adolescentes e esses movidos pela
necessidade da aceitação e equiparamento assumiram a identidade de seu mestre
negando possibilidades de pensar diferente ou questionar os posicionamentos
impostos. Tudo que fosse fora da Onda deveria ser eliminado. Houve a partir daí
a discriminação e segregação da minoria e a instalação do medo e agressividade.
Observamos que a princípio a
heroína (Laurie) era respeitada e seguida pela maioria e que Robert era
rejeitado e humilhado pela maioria sofrendo bullying. Após o movimento “A Onda”
a situação se inverte e Laurie passa a ser perseguida e humilhada por não se
adequar ao movimento. Enquanto Robert passa a ser aceito e bem posicionado na
relação grupal.
No filme “A Onda” observamos
que os educandos a partir da proposição do movimento sentiram-se atraídos e
convocados a viver aquela experiência. De certa forma aglutinaram-se em torno
das tarefas propostas e objetivaram algo em comum, no caso: “Poder, Disciplina
e Superioridade”, porém de forma alguma os estruturou na coletividade, enquanto
grupo. Em algum momento ou tempo, para algumas pessoas do grupo, a ficha caiu e
veio a tensão que afetou o comportamento coletivo. A fim de manter o equilíbrio
alguns alunos passaram a utilizar-se da força e da pressão amedrontadora para
restabelecer o equilíbrio da unidade proposta. O uso da agressividade e da
violência tornou-se necessária e justificável.
Del Cueto & Fernandes
(1985) ao estudarem a dinâmica dialética de como os grupos se desenvolvem
indicaram que existe um papel aglutinador dos sujeitos ao redor de uma tarefa
ou de um objetivo que seja comum e que esse é muito mais “convocante” do que “estruturante”
do conjunto de pessoas e embora a tarefa reúna o grupo ela não consegue
construir ou dotar o grupo de uma estrutura que seja coletiva. Para eles essas
ideias têm consequências para a pesquisa-ação-participativa. Faz-se necessário
como aspecto importante considerar a indispensabilidade de depositar valor no
processo de pesquisa e no desenvolvimento do grupo.
Segundo Mailhiot (1973, p.46):
Não há diagnóstico de uma situação
social concreta que possa ser formulada sem a exploração da dinâmica própria do
grupo implicado por esta situação. Do mesmo modo, a dinâmica própria de um
grupo não se revelará realmente, senão ao pesquisador que tenha conseguido
assimilar todos os dados concretos da vida deste grupo. A pesquisa em
psicologia social, conclui Lewin, deve originar-se a partir de uma situação
social concreta a modificar. E deve inspirar-se constantemente nas transformações
e nos componentes que surgem durante e sob a influência da pesquisa (Mailhiot,
1973, p.46).
Ainda segundo Mailhiot
(1973, p. 50) “os fenômenos grupais são irredutíveis e não podem ser explicados
à luz da psicologia individual. Toda dinâmica de grupo é a resultante do
conjunto das interações de um espaço psicossocial”.
Portanto, as relações
grupais não são de forma alguma exclusivamente individuais porque necessitam da
coletividade da ação. Um ato individual por si só não implica numa ação
coletiva, mas se houver de alguma forma identificação com o ato esse se coloca
na dimensão da coletividade. Para que um sujeito se identifique com a ação
deve-se levar em consideração a sua formação psicológica, social e cultural.
Por quê? Porque todo ser antes de ser individual é produto do seu meio e de sua
cultura, logo é um ser histórico.
Essa relação identitária
reflete o conjunto de todos os valores, vivências e construções sociais que
moldaram a “psique” do sujeito social. Valores e construções que tem uma história,
ou seja, uma razão para ser da forma que é.
Tozoni-Reis &
Tozoni-Reis (2017, p. 10) afirmam que:
O desenvolvimento da dinâmica de grupo
manteve as premissas metodológicas da pesquisa-ação. A pesquisa social é
indissociável da ação, portanto, seu sentido é favorecer ou provocar mudança.
Que tipo de mudança? A que corresponde a uma necessidade do grupo sujeito.
Também são indissociáveis mudança social e controle social: o experimento deve
fazer sentido para o grupo envolvido que deve se apropriar intencionalmente do
processo de mudança. (Tozoni-Reis & Tozoni-Reis, 2017, p. 10).
Ainda, de acordo com
Mailhiot (1973, p. 47), Lewin acredita que os fenômenos de um grupo não deixam
claro quais são suas leis internas e dinâmicas em marcha. Para ele cabe aos pesquisadores
envolverem-se nessa dinâmica pessoalmente respeitando todos os processos de
evolução e os sentidos impressos na história do grupo. Cabe a esse pesquisador
corresponsabilizar-se dessa realidade social que ele tenta explicar, mas sem
deixar de lado a sua própria história. Essa pesquisa deve ocorrer numa ação
participante e observadora e em lócus, ou seja; “[...] decorre para ele a
necessidade de, durante suas pesquisas, assumirem constantemente os dois papéis
complementares de participante e de observador”. (Mailhiot, 1973, p.47).
Zimerman (1993) expõe que o
grupo é responsável pela construção da identidade, ou seja, ele é a
“célula-base” onde os sujeitos apropriam-se dos valores, normas e
comportamentos, ao mesmo tempo em que se apropriam de necessidades. Inicia-se
nessa relação grupal uma dinâmica dialética que se mantêm e que acaba por
desenvolver-se durante toda a existência dos indivíduos. São as intersubjetividades, ou seja, as
relações de várias subjetividades que acabam por se tornar elementos
socioculturais. A identidade individual e grupal existe concomitantemente
porque ao mesmo tempo em que a identidade individual se constrói a do grupo
também se realiza.
Del Prette (1990) em seu
artigo explica que a filiação e a participação em grupos se aplicam
universalmente na vida comunitária/social. Para ele o sujeito se torna parte de
distintos grupos sociais e é essa filiação pertencente que induz a maior parte
de suas relações sociais. “O pertencer psicológico a um grupo apresenta
características empíricas tidas como consensuais na Psicologia Social”. (Del
Prette, 1990, p. 37).
O autor segue elencando que
a primeira característica do pertencimento psicológico é a perceptual, a
segunda é a interdependência e a terceira a estrutura social. Na primeira os
indivíduos se auto-definem, ao mesmo tempo em que são definidos pertencentes a
um grupo, pois compartilham de uma visão/olhar que os tornam distintos dos
demais. É “o "nós" em oposição ao "eles".”. (Del Prette,
1990, p. 37). Na segunda os indivíduos percebem que existem necessidades e que
essas precisam ser supridas, então providenciam a satisfação das mesmas numa
relação de troca. E enfim, a terceira, é o gerenciamento das interações
individuais que acabam necessitando de um conjunto de regras, ou seja, é
preciso regular as relações e para isso criam-se as normas, valores e status
que se diferenciam e são compartilhados.
Del Prette (1990, p. 37)
afirma:
Poder-se-ia argumentar, no entanto,
que essas características são apropriadas quando se trata de grupos pequenos,
podendo não satisfazer inteiramente quando se considera grupos amplos, como por
exemplo uma nação. É de fato, a exceção da perceptual, as demais não se
configuram como condição presente na maioria dos grupos amplos. (Del Prette, 1990, p. 37).
No filme “A Onda”
verificamos como realmente esse pertencimento psicológico é uma priori na vida
humana e como as relações grupais influenciam na formação do
auto-reconhecimento, ou seja, da identificação do eu. Aqueles jovens a
princípio se auto perceberam e definiram parte de um grupo chamado “A Onda” e
também foram percebidos pelos outros como tal devido a objetização olhística
que os tornaram distintos. Dessa forma a ideia de “nós” em oposição a “eles”
ficou bem evidente quando outros indivíduos não se adequaram ao movimento por
não identificarem-se com as ideologias propostas pelo grupo.
Consequentemente passaram a
verificar algumas necessidades e começaram a tratar de supri-las.
Aglutinaram-se em torno de seus objetivos buscando a satisfação total como
realização idealística. A violência e agressividade tornaram-se armas para a
conquista dos ideais.
Por último o grupo passou a
criar um conjunto de regras internas, normatizações e status. Coisas como “isso
deve”, “isso não deve”, simbolismos, trajes, maneira de se comportar, etc. Toda
essa regulação os identificava e os colocava a vista, em foco.
Del Prette (1990, p. 38)
ainda sobre filiação grupal afirma:
A filiação a diferentes grupos sociais
constitui a base para o desenvolvimento da identidade social do indivíduo. Esta
Identidade relaciona-se com o conceito que a pessoa tem sobre si mesma e é
derivada das suas filiações. O indivíduo adquire a consciência de pertencer a
um grupo e tende a diferenciá-lo dos demais, maximizando os seus aspectos
positivos e classificando os outros segmentos sociais em termos valorativos.
Quando a filiação a um grupo contribui negativamente para a sua identidade
social pode ocorrer tentativas de abandonar o grupo e, na sua impossibilidade,
o indivíduo procura melhorar o próprio status grupal em relação a outras
categorias sociais.
(Del Prette, 1990, p. 38)
Verificamos que foi
exatamente isso que ocorreu com o movimento “A Onda” exposto no filme de Gansel
e Grasshoff. Os indivíduos adquiriram a consciência de que pertenciam aquele
movimento e tentaram diferenciarem-se dos demais exaltando os aspectos
positivos de pertencerem aquele grupo impingindo aos outros um menor valor. Também
foi o que ocorreu com Laurie. Ao se aperceber de que aquela identidade grupal
lhe era prejudicial, não somente a ela, mas também aos demais, ela abandona a
coletividade para uma luta individual que resultou num ponto de luz o que abriu
a cortina para o desvencilhamento da Onda.
Referências
Bibliográficas:
BERNARDO,
João. Passa a Palavra: A Onda:
cultura. Nov. 2009. Disponível em: <http://passapalavra.info/2009/11/15523>,
Acesso em 08 set. 2017.
CAPITÃO,
Claudio Garcia; Heloani, José Roberto. A
identidade como grupo, o grupo como identidade. Aletheia, n.26, p.50-61,
jul./dez. 2007. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/n26/n26a05.pdf>,
Acesso em: 09 set. 2017.
DEL
CUETO, A M. & FERNANDES, A M. In: BAREMBLIT, G. (org). Lo grupal 2.
Bueños Aires: Ed. Búsqueda, 1985.
DEL
PRETTE, Almir. Movimentos sociais como
tema de diferentes áreas de estudo. Psicologia:
Ciência e Profissão, vol.10 no.1 Brasília 1990. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v10n1/11.pdf>,
Acesso em 09 set. 2017.
FERRARI,
Marcio. Paulo Freire, o mentor da
educação para a consciência. REVISTA NOVA ESCOLA. Outubro/2008.
Disponível em: <https://novaescola.
org.br/conteudo/460/mentor-educacao-consciencia>, Acesso em 08 set.
2017.
LANE,
S.T.M. O processo Grupal. In: LANE,
S.T.M. & CODO, W. (orgs). Psicologia Social: o homem em movimento. São
Paulo: Brasiliense, 1984.
LEWIN,
K. Teoria de campo em Ciência Social.
São Paulo: Pioneira, 1965.
MAILHIOT,
G.B. Dinâmica e gênese dos grupos:
atualidades das descobertas de Kurt Lewin. 2 ed, São Paulo: Livraria Duas
Cidades, 1973.
PASQUALINI, Juliana Campregher. O papel do professor e do ensino na Educação Infantil: a perspectiva de
Vigotski, Leontiev e Elkonin. p.161. (In) MARTINS, LM., and DUARTE, N.,
orgs. Formação de professores:
limites contemporâneos e alternativas necessárias [online]. São Paulo: Editora
UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 191p.
SOUSA,
Rainer Gonçalves. "Holocausto"; Brasil Escola. Disponível
em <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/holocausto.htm>.
Acesso em: 06 set. 2017.
The Wave (A Onda), Direção: Dennis Gansel, Produção:
Alexander
Grasshoff, USA: 1981. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?time_continue=159&v=
QBjeX5jPRi4>, Acesso em: 06 set. 2017.
TOZONI-REIS,
Marília Freitas de Campos; TOZONI-REIS, José Roberto. Conhecer, Transformar e
Educar: Fundamentos Psicossociais para a Pesquisa-ação-participativa em
Educação Ambiental. Botucatu: UNESP. Grupo de Estudos em Educação Ambiental, n.
22. Disponível em: <http://27reuniao.anped.
org.br/gt22/t228.pdf>, Acesso em: 09 set. 2017.
ZIMERMAN,
D.E. (1993). Fundamentos básicos das
grupoterapias. Porto Alegre: Artes Médicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário