domingo, 28 de fevereiro de 2021

Reflexões Fenomenológicas: A Diversidade da Psicologia


Eu tenho refletido muito sobre várias questões. Tenho me questionado sobre as teorias, principalmente as psicológicas. Eu, enquanto ser em movimento de questionar, sempre me pego alternando e coexistindo dentro de cada uma delas. Claro que eu as separo bem. Eu tenho consciência da diferença apriorística existente entre elas, embora eu perceba muitos movimentos parecidos com denominações diferentes. 

Ah! A vã vaidade episteme! 

Cada teórico e suas tentativas de ser o supra sumo da novidade psicológica. Lendo Vigotski  percebo em qual água Skinner bebeu (rsrs), mas ele é o pai do Behaviorismo e o pai da ciência psicológica, com todo o seu controle experimental. Lendo os humanistas vejo, ainda, a presença daquela subjetividade de Wundt, o tal método introspectivo. Lendo os psicanalistas de plantão, experimento os movimentos da determinação social resumida à necessidade primitiva instintual. 

A salada de frutas é completa. Cada um bebendo na água de uma mesma fonte, seja pela crítica, seja pela doce inveja. Eis a novidade, incrementada, apurada, perspicaz, aguçada, nunca pensada! 

Às vezes, eu penso que o mito do Narciso, àquele que morre por amar a própria imagem e se torna uma flor, é a personificação de muitos teóricos. A verdade é que eles beberam na água de Platão, Aristóteles, Sócrates, Descartes, Kant, etc. A maior parte deles, independentemente de sua linha teórica, de alguma forma foi influenciada pela filosofia, sociologia e antropologia e seus pensadores.

A Psicologia ainda nem é ciência, dada as fraldas que usa, mas tem procurado se estabelecer e afirmar. Possui linhas diversas teóricas, mas todas elas carregam em si um pouco de seu início: a introspecção. Seja considerada instâncias, tópicas ou comportamento interno; ela se propõe a estudar como a construção de comportamentos e ou apreensões mentais se dão, se constroem internamente. 

De certa forma todas elas são deterministas e objetivistas, já que estabelecem métodos empíricos de investigação e testam a validade de teorias e hipóteses. Se o método é o experimental, fenomenológico, dialético, etc. ele está para provar a validade de uma hipótese. O que difere são as variáveis de controle e como este controle é previsto ou antecipado. Toda investigação possui uma forma de controle.

Eu acho risível que nós, os reis da bala Chita, acabemos por massacrar uns aos outros em busca de nossa "superior" verdade. É claro que eu não nego que cada abordagem tem a sua singularidade e que de alguma forma a preservação da linha de raciocínio de uma abordagem seja essencial. A tal história do ecletismo não leva a um lugar comum, pois faz com que a ordem temática do caráter investigativo se perca de seu objetivo central.

As conversas entre abordagens não podem ferir ou deturpar a essência da mesma. Ela é em si um constructo único. A questão não é se uma linha de raciocínio investigativo é melhor que a outra. A questão é se esta abordagem tem evoluído no tempo em seus aspectos mais rudes, principalmente no quesito político, social, cultural e humanitário e seus veios ideológicos. 

Afinal uma psicologia a serviço de proposições excludentes é um desserviço a humanidade. Eu, como psicóloga, desejo uma psicologia preocupada com a ética. Aliás a ética, pra mim, é o esteio da existência epistemológica. Não se trata de moralismos e, sim; de um compromisso com a coexistência coletiva. 

Eu ando cansada dessas briguinhas sem sentido entre pesquisadores. Uma verdadeira guerra de egos. Eu quero mesmo é me despir do ego e tornar o conhecimento uma mola propulsora para uma prática consciente e crítica sobre o mundo e suas leis.

Eu quero retomar minha veia educadora e trazer à memória Freire. O que eu acho incrível em seus escritos é com que tamanha autenticidade ele fala. Angicos recebeu um educador capaz de se juntar aos operários, compartilhando conhecimento de existir no mundo, de forma consciente, tanto de sua própria importância como da importância de sua força de trabalho. 

Foi um movimento genuíno da práxis crítica. Isso incomodou, não é verdade? Eu quero tornar o mundo um pouco melhor, mas como? Vivendo de discursos de ódio? Com certeza, não. Eu quero fazer . . . Eu quero mudar, nem que seja um pedacinho de minha realidade. Indo ao chão das fábricas, me juntando a eles e reaprendendo a ser gente na coletividade.

E eu vou fazer, porque eu quero fazer. E eu sei que eu posso. 

Eu ando me despojando de alguns sentidos para construir outros, mais profundos. Eu tenho sonhos que estão renascendo. 

Em relação as teorias, eu tenho uma que me toca, que me cativa, que me aporta. Não desprezo as outras. Todos os dias eu me pergunto: Damaris, quem é você na fila do pão? Justamente, porque tenho consciência de minha limitação. O que me deixa triste é tanta gente achando ser Narciso, apossado de arrogância e orgulho, apaixonado pela sua própria imagem refletida na ansiedade do "eu" reconhecido. E voltamos em Freud (haha), brincadeira... :)

Não; eu, definitivamente, não sou psicanalista freudiana e suas vertentes, embora me sinta bem preparada para esta abordagem.  Eu luto por uma psicologia da inclusão, inclusive entre abordagens, afinal; tem um psicólogo humano ali e ele merece respeito.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Reflexos de reflexões fenomenológicas

Se somos feitos para pensar e se este é um fenômeno humano a ser observado, somos passíveis de reformulações constantes.

Eu gosto da fenomenologia enquanto método. Gosto do movimento existencial, mas cá, entre nós, sinto um certo incômodo em Heidegger. 

Acho que todo husserliano possui, até pela história que envolve os dois. A cátedra e a ligação expúria  dele com o nazismo de Hitler. Eu não ignoro este fato. 

A questão é que meu coração balança entre dois mundos. O filosófico e o histórico.

Minha veia filosófica me joga na existência, minha veia justiceira, se é que posso chamar assim, me remete a teorias históricas.

Sou apaixonada por Vigotski. 

Acho que fico meio perdida entre dois contextos que me tocam profundamente.

Um dia escrevi: por que não teorias que se encerram no método? Objetivistas e deterministas no sentido positivista.

Pra que pensar? Não fechar questões? Pra que não se amoldar? Afinal, o mundo gira assim, desse jeito, sabe? 

Pra que ficar questionando o tempo todo? Pra que a crítica? Pra que essa chatisse instalada em mim?

Queria ser como a maioria das pessoas. Apreender e por em prática as técnicas e não ficar refletindo sobre elas.

Mas, eu sempre caio no historicismo.

Aiai. . . Psicologia Histórico-Cultural. . . Eu flerto contigo sempre, desde a Pedagogia. Eu rodo, rodo, e caio sempre em ti.

Deve ser amor ❤️

Amor pela justiça

Amor por balanças equilibradas 

Amor pela vida e o princípio das construções 

Amor pela liberdade

Amor pela alteridade 

E pela diminuição de desigualdades.

Não posso fugir de ti. És minha amiga.

Uma boa bússola pra entender a vida.

Coexistir é princípio coletivo.

É responsabilidade!






quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Marx e Vigotski: perspectivas da práxis na construção de uma Psicologia da Inclusão

 https://www.even3.com.br/anais/cpthccts/294563-marx-e-vigotski--perspectivas-da-praxis-na-construcao-de-uma-psicologia-da-inclusao/ 

ISBN 978-65-5941-126-9


Marx e Vigotski: perspectivas da práxis na construção de uma Psicologia da Inclusão

Resumo: Este trabalho faz uma interlocução analítica entre os autores Marx e Vigotski na perspectiva da práxis. A partir dessas análises procura fazer pontes com a inclusão e a psicologia da práxis, apontando possíveis caminhos para a construção de novas proposições, como pontes para a transformação das ideias e consequentemente da história, sem desprezar as conquistas até aqui alcançadas. O trabalho objetiva levantar questionamentos sobre as políticas de inclusão na sociedade capitalista. Trata-se de um estudo teórico que se utilizou de pesquisa bibliográfica para articular proposições em perspectiva compreensiva, interpretativa e dialética. Para tanto utilizou pesquisas em livros, periódicos e bancos de dados bibliográficos, com estabelecimento de plano organizacional que tornasse fácil identificar os principais trabalhos sobre o tema, já que existem muitas possibilidades entre as produções científicas já publicadas. Conclui-se pelo não esgotamento do tema já que a inclusão é um debate sempre existente na sociedade capitalista.

Palavras-chave: Vigotski; Marx; Práxis; Inclusão; Capitalismo.

Abstract: This work makes an analytical dialogue between the authors Marx and Vigotski from the perspective of práxis. From these analyses it seeks to bridge the inclusion and psychology of práxis, pointing out possible paths for the construction of new propositions, as bridges for the transformation of ideas and consequently of history, without neglecting the achievements achieved so far. The work aims to raise questions about the policies of inclusion in capitalist society. This is a theoretical study that used bibliographic research to articulate propositions in a comprehensive, interpretative and dialectical perspective. For this purpose, he used research in books, periodicals and bibliographic databases, with the establishment of an organizational plan that would make it easy to identify the main works on the subject, since there are many possibilities among the scientific productions already published. It is concluded by the non-exhaustion of the theme since inclusion is a debate always existing in capitalist society. 

Keywords:  Vigotski; Marx; Práxis; Inclusion; Capitalism.

Resumen: Esta obra hace un diálogo analítico entre los autores Marx y Vigotski desde la perspectiva de la práxis. A partir de estos análisis se busca salvar la inclusión y la psicología de la práxis, señalando posibles caminos para la construcción de nuevas proposiciones, como puentes para la transformación de ideas y en consecuencia de la historia, sin descuidar los logros alcanzados hasta ahora. El trabajo tiene como objetivo plantear preguntas sobre las políticas de inclusión en la sociedad capitalista. Se trata de un estudio teórico que utilizó la investigación bibliográfica para articular propuestas en una perspectiva integral, interpretativa y dialéctica. Para ello, utilizó la investigación en libros, publicaciones periódicas y bases de datos bibliográficas, con la creación de un plan organizativo que facilitaría la identificación de las principales obras sobre la materia, ya que existen muchas posibilidades entre las producciones científicas ya publicadas. Se concluye con la falta de agotamiento del tema, ya que la inclusión es un debate siempre existente en la sociedad capitalista. 

Palabras clave:Vigotski; Marx; Práxis; Inclusión; Capitalismo.

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Reflexões Fenomenológicas 6: Espírito de Lobagem: injustiça com os lobos, eu acho...

 


Por Damaris Alcídia da Costa Melgaço


Kant traz uma importante colaboração sobre o espírito humano que, para ele, constrange as coisas a si mesmo, ou seja as interpreta, referencia e cria as leis universais, dando unidade aos fenômenos que na experiência encontram-se distanciados. O espírito humano é exigente e antes mesmo de experimentar o fenômeno de forma concreta, cria as regras fenomenológicas na tentativa de unificar os fenômenos entre si, por interpretações de causa e efeito. Para Kant as exigências pelas regras e categorias dão-se a priori, os fenômenos dão-se a posteriori.


Considerando que existe um espírito humano e que este é quem cria as leis gerais, fico a pensar em como essas leis se aplicam na práxis humana. Existe uma tendência de senso-comum a maquiar a culpa do espírito humano lhes dando o caráter animal, atribuindo a priori características de outras espécies a ação, especificamente, humana. Daí, julgo necessário inocentar os lobos. Estes possuem suas leis próprias e, diga-se de passagem, são admiráveis em seus grupos, alcateias.


Prefiro, então; referenciar-me ao espírito humano, tendencioso e propenso ao mal, como próprio de si mesmo. É necessário assumir a essência da ausência de uma consciência da práxis. É humano e tão somente humano, se é que me entendem...


O fenômeno denominado lobagem, nada mais é do que um fenômeno humano e passível das regras e categorizações humanas. A falta de caráter, o ato desonesto, a ladroagem, a parcimônia, a omissão, a corrupção são fenômenos categoricamente pertencentes as construções sociais humanas.


Fenomenologicamente, há tendência universalizante de criar desvios de foco, ora jogando as responsabilidades nas costas de seres míticos (produção humana), ora culpabilizando a natureza e espécies afins (categorias humanas, para espécies inferiores). O que é o lobisomem, se não; uma tentativa de unir o mito a uma espécie animal como forma de dar representações aos malfadados humanos? Representação dos fracassos inerentes ao espírito humano.


Pois é. Assumamos o caos do nosso espírito, como implantação de toda a miséria humana. Somos nós e tão somente nós que criamos as desigualdades e penúrias do mundo. Somos responsáveis por toda a dor existente, tanto no que se refere a nós mesmos, como a natureza de forma geral.


Ao contemplar as mazelas humanas e as discrepâncias culturais e sociais, a nível mundo, representadas a priori pelo poder econômico conseguimos mensurar a catástrofe que é ser humano ou ser detentor de um espírito humano.


Desta forma, é a concretude das experiências humanas que nos concede a matéria prima de todo conhecimento humano. E como Kant diria, é o nosso espírito que faz uso dessa experiência dando-lhe a ordenação e coerência categórica, ou seja, a ilusão de que o espírito humano é passivo à experiência é uma falácia, porque é o próprio espírito humano que constrói a ordem universal. Todas as relações referentes ao que ocorre na natureza é produção do espírito humano.


Máxima Culpa Humana. Não há como eximir-se...




Das introspecções de o ovo e a galinha em Clarice Lispector.

Ilustração da obra Tacuinum Sanitatis Quem sou eu para desvendar tal mistério se nem mesmo Clarice desvendou, embora intuitivamente eu o sai...