Ah! A vã vaidade episteme!
Cada teórico e suas tentativas de ser o supra sumo da novidade psicológica. Lendo Vigotski percebo em qual água Skinner bebeu (rsrs), mas ele é o pai do Behaviorismo e o pai da ciência psicológica, com todo o seu controle experimental. Lendo os humanistas vejo, ainda, a presença daquela subjetividade de Wundt, o tal método introspectivo. Lendo os psicanalistas de plantão, experimento os movimentos da determinação social resumida à necessidade primitiva instintual.
A salada de frutas é completa. Cada um bebendo na água de uma mesma fonte, seja pela crítica, seja pela doce inveja. Eis a novidade, incrementada, apurada, perspicaz, aguçada, nunca pensada!
Às vezes, eu penso que o mito do Narciso, àquele que morre por amar a própria imagem e se torna uma flor, é a personificação de muitos teóricos. A verdade é que eles beberam na água de Platão, Aristóteles, Sócrates, Descartes, Kant, etc. A maior parte deles, independentemente de sua linha teórica, de alguma forma foi influenciada pela filosofia, sociologia e antropologia e seus pensadores.
A Psicologia ainda nem é ciência, dada as fraldas que usa, mas tem procurado se estabelecer e afirmar. Possui linhas diversas teóricas, mas todas elas carregam em si um pouco de seu início: a introspecção. Seja considerada instâncias, tópicas ou comportamento interno; ela se propõe a estudar como a construção de comportamentos e ou apreensões mentais se dão, se constroem internamente.
De certa forma todas elas são deterministas e objetivistas, já que estabelecem métodos empíricos de investigação e testam a validade de teorias e hipóteses. Se o método é o experimental, fenomenológico, dialético, etc. ele está para provar a validade de uma hipótese. O que difere são as variáveis de controle e como este controle é previsto ou antecipado. Toda investigação possui uma forma de controle.
Eu acho risível que nós, os reis da bala Chita, acabemos por massacrar uns aos outros em busca de nossa "superior" verdade. É claro que eu não nego que cada abordagem tem a sua singularidade e que de alguma forma a preservação da linha de raciocínio de uma abordagem seja essencial. A tal história do ecletismo não leva a um lugar comum, pois faz com que a ordem temática do caráter investigativo se perca de seu objetivo central.
As conversas entre abordagens não podem ferir ou deturpar a essência da mesma. Ela é em si um constructo único. A questão não é se uma linha de raciocínio investigativo é melhor que a outra. A questão é se esta abordagem tem evoluído no tempo em seus aspectos mais rudes, principalmente no quesito político, social, cultural e humanitário e seus veios ideológicos.
Afinal uma psicologia a serviço de proposições excludentes é um desserviço a humanidade. Eu, como psicóloga, desejo uma psicologia preocupada com a ética. Aliás a ética, pra mim, é o esteio da existência epistemológica. Não se trata de moralismos e, sim; de um compromisso com a coexistência coletiva.
Eu ando cansada dessas briguinhas sem sentido entre pesquisadores. Uma verdadeira guerra de egos. Eu quero mesmo é me despir do ego e tornar o conhecimento uma mola propulsora para uma prática consciente e crítica sobre o mundo e suas leis.
Eu quero retomar minha veia educadora e trazer à memória Freire. O que eu acho incrível em seus escritos é com que tamanha autenticidade ele fala. Angicos recebeu um educador capaz de se juntar aos operários, compartilhando conhecimento de existir no mundo, de forma consciente, tanto de sua própria importância como da importância de sua força de trabalho.
Foi um movimento genuíno da práxis crítica. Isso incomodou, não é verdade? Eu quero tornar o mundo um pouco melhor, mas como? Vivendo de discursos de ódio? Com certeza, não. Eu quero fazer . . . Eu quero mudar, nem que seja um pedacinho de minha realidade. Indo ao chão das fábricas, me juntando a eles e reaprendendo a ser gente na coletividade.
E eu vou fazer, porque eu quero fazer. E eu sei que eu posso.
Eu ando me despojando de alguns sentidos para construir outros, mais profundos. Eu tenho sonhos que estão renascendo.
Em relação as teorias, eu tenho uma que me toca, que me cativa, que me aporta. Não desprezo as outras. Todos os dias eu me pergunto: Damaris, quem é você na fila do pão? Justamente, porque tenho consciência de minha limitação. O que me deixa triste é tanta gente achando ser Narciso, apossado de arrogância e orgulho, apaixonado pela sua própria imagem refletida na ansiedade do "eu" reconhecido. E voltamos em Freud (haha), brincadeira... :)
Não; eu, definitivamente, não sou psicanalista freudiana e suas vertentes, embora me sinta bem preparada para esta abordagem. Eu luto por uma psicologia da inclusão, inclusive entre abordagens, afinal; tem um psicólogo humano ali e ele merece respeito.
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