sexta-feira, 19 de março de 2021

É possível pensar a existência sem as bases materiais?


É possível ter consciência da existência sem as bases materiais? Há como dialogar sobre a existência sem considerar as bases materiais da mesma?

Se a base da existência é a consciência do existir e se a consciência existencial se dá pela exploração sensorial do ser com o mundo, ela não renega as bases materiais, pois constrói a consciência através da apropriação das sensações experimentadas no contato sensorial com o que é concreto, existente no mundo. 

A materialidade das coisas está presente em tudo, em todas as perspectivas psicológicas. Porque todo humano experimenta o mundo a priori pelas experiências sensoriais. No contato com o mundo posto enquanto um objeto exploratório. É explorando o mundo concreto que o homem cria, visto que precisa suprir suas necessidades básicas de sobrevivência pela Exploração Sensorial Primária, Secundária e Terciária. 

Primariamente, os primeiros contatos humanos se dão na necessidade da matriz geradora ou acolhedora dos primeiros círculos sociais. Nas primeiras emoções afetivas do cuidado, do prazer, do acolhimento, da rejeição, da frustração, do amor, do ódio, etc. 

Secundariamente, os contatos humanos se dão na necessidade de extensões dos braços sociais. A familiaridade estendida a novas experiências, novos contatos, novas apreensões, sensações, etc. A construção de novas interações que se alargam na coletividade humana.

Terciariamente, eles se dão na necessidade de criar regras funcionais de convivência social com seus constructos, aparatos e artefatos, teorias, ideologias, linguagem, cultura, organização política, econômica, etc. que determinarão a construção do ser social. Do existir com os outros e consigo. 

As questões filosóficas são oriundas desse processo e todas as especulações a respeito dessas construções se dão posteriori, ou seja; para sermos simplistas e objetivos: não há como estudar o humano sem perpassar metodicamente estas três instâncias materiais, pois antes de ser subjetivo o homem é concretude juntamente com sua realidade concreta e pela sua relação com ela. O resto, é especulação, ou para melhorar um pouco, adendo.

Bom dia :)


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