“Cachorro pequenininho não pode enfrentar dogão não, mas agora que se você junta mil cachorrinho; o dogão é que fica pequeno (sic.)”¹.
É interessante observar como a classe-que-vive-do-trabalho se percebe neste discurso.
A metáfora do cachorrinho e a simbologia do adestramento, da servidão e da pureza na expectativa frente à lógica do receber ou merecer algo. É pequenininho, diminuto na luta pela sobrevivência frente o semelhante maior, imponente.
O princípio da coletividade é evocado na junção das forças pequenas, a totalidade da classe, o fortalecimento da conjuntura que reverte às forças, tornando o pequeno grande e maior que a ameaça percebida.
A escolha dessa metáfora é intencional, já que demarca a cisão entre uma consciência percebida desvinculada do vivido. Ela retoma o vivido, a experiência em si, percebida como a causa do sofrimento e que empurra o indivíduo para uma consciência social que está constantemente em atrito com a consciência imposta, ideológica.
É o retrato de uma minúcia de abertura e oportunidade de opor-se e resistir, como mediação de práxis formativa de identidades de classes.1 Essa frase é, portanto; significativa na medida em que traduz a lógica da luta de classes que é processo de produção coletiva, obviamente imprescindível na história dos indivíduos sociais.
_______________________________
¹ “Arábia”. Diretores Affonso Uchôa e João Dumans. Brasil: 2017. 1 bobina cinematográfica (97 min). son., colorido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário