http://pepsic.bvsalud.org/pdf/vinculo/v17n1/v17n1a08.pdf
[i]Co/ BONASSI,
Silvia Maria
[ii]A/ MELGACO,
Damaris Alcídia da Costa
Resumo
Este estudo objetivou investigar o viés
epistemológico que compõe o raciocínio ideológico do profissional psicólogo
junto à equipe multidisciplinar e a gestante, e como essa percepção afeta a
qualidade dos atendimentos de queixas de ansiedade e sintomas psicossomáticos
durante o pré-natal numa Unidade de Saúde da Família no centro oeste brasileiro.
A escuta e reflexão psicanalítica junto a oito gestantes e quatro profissionais
de saúde, enfatizaram a importância do suporte social, da humanização, e dos
processos autônomos na gestação, da própria relação objetal e existencial. Foram
usados roteiros de entrevistas semidirigida. A análise de entrevistas e
inter-relações dos discursos das participantes indicou que todas tem um parceiro
fixo, 62,5% estão no terceiro trimestre gestacional e são trabalhadoras. Os sentimentos mais frequentes das gestantes foram
ansiedade, insegurança, intranquilidade e cansaço, somatizações comuns ao
terceiro trimestre gestacional. A conscientização e a
concretização dos direitos fundamentais quanto à saúde biopsicossocial e também
quanto à constituição do vínculo mãe-bebê e profissional-paciente poderão ser
desenvolvidas. As gestantes sentem falta da escuta e humanização no serviço de
psicologia e que segundo a percepção das gestantes está insatisfatório, pois o
serviço ocorre em baixa frequência e em grupos numerosos o que dificulta o
acesso a esse profissional.
Palavras-chave: Pré-natal.
Humanização. Psicossomática.
Resumen
Este estudio pretende
investigar el sesgo epistemológico que constituye el razonamiento ideológico de
los psicólogos por el equipo multidisciplinario y las mujeres embarazadas, y
cómo esta percepción influye en la calidad de atención quejas y síntomas de ansiedad
durante el prenatal unidad psicosomática de la salud de la familia en el centro
occidental de Brasil. La escucha psicoanalítica y ponderación a lo largo de las
ocho mujeres embarazadas y cuatro profesionales de la salud, destacó la
importancia del apoyo social de humanización y procesos autónomos en embarazo,
objetal y relación existencial de sí mismo. Guión de entrevistas semi dirigidas
fueron utilizados. El análisis de entrevistas y las interrelaciones de los
discursos de los participantes indica que todos tienen una pareja fija y 62,5% en el tercer trimestre
gestacional son trabajadores. Los sentimientos más frecuentes de las
embarazadas fueron ansiedad, inseguridad, malestar y cansancio, somatizações
común en el tercer trimestre del embarazo. Pueden desarrollar el conocimiento y aplicación de los derechos
fundamentales en cuanto a la salud biopsicosocial y también en cuanto a la
Constitución del vínculo madre-bebé y profesional-paciente. Las mujeres
embarazadas pierda su escucha y humanización de la psicología y que según la
percepción de las mujeres embarazadas es insuficiente, porque el servicio
ocurre en baja frecuencia y en numerosos grupos que hace el acceso a este
profesional.
Palabras
claves: Prenatal. Humanización. Psicosomáticas
Abstract
This study aimed to investigate the epistemological
bias that makes up the ideological reasoning of psychologists by the
multidisciplinary team and pregnant women, and how this perception affects the
quality of care complaints and anxiety symptoms during the prenatal unit
psychosomatic of family health in Central Western Brazil. The psychoanalytic listening and pondering along the eight pregnant
women and four health professionals, emphasized the importance of social
support of humanization, and autonomous processes in pregnancy, objetal and
existential relationship itself. Script of semi-directed interviews were used.
The analysis of interviews and interrelationships of the speeches of the
participants indicated that they all have a fixed partner, 62.5% are in the
third trimester and gestational are workers. The most frequent feelings of
pregnant women were anxiety, insecurity, unrest and tiredness, somatizações
common to the third trimester pregnancy. The awareness and implementation of
fundamental rights as to biopsychosocial health and also as to the Constitution
of the mother-baby bond and professional-patient can be developed. Pregnant
women miss their listening and humanization of psychology and who according to
perception of pregnant women is unsatisfactory, because the service occurs at
low frequency and in numerous groups which makes access to this professional.
Keywords: Prenatal. Humanization. Psychosomatic.
Introdução
A psicanálise tem uma
relação direta com a psicossomática, pois historicamente através de Freud (1856-1939)
e seus estudos com as histéricas inaugura-se a era das associações entre os
resultados dos assuntos inconscientes manifestos no corpo e as implicações
destes no estabelecimento do ser social, ou seja, em Freud estabelecem-se as
inter-relações entre o soma, a psique e o estabelecimento do “eu” reconhecido.
Sendo o corpo a fonte das pulsões e o responsável pela satisfação destas
pulsões emocionais foi dado em Freud o gatilho para que a construção de uma
metapsicologia fosse entendida como uma abordagem singular e diferenciada (Freud,
1925, 1926, 1893, 1896,
Oliveira, 2010,
Quinodoz, 2007).
Ao analisarmos Freud em
seu contexto histórico podemos inferir seu caráter revolucionário voltado às
minorias psicológicas, já que impossibilitado de tratar “histeria masculina”,
teve como principais pacientes mulheres que eram rejeitadas pelos médicos, na
busca de um resgate da alteridade feminina. Considerando que em Viena a mulher
era vista como uma pessoa sem voz, coube a ação subversiva e revolucionária
deste pensador devolver-lhes a palavra por meio da escuta atenta. Afinal, o
próprio termo “mulher histérica” ou “caráter nervoso” retoma valores
cristalizados e representações sociais estereotipadas em relação ao feminino,
fruto de uma sociedade patriarcal e machista (Freud, 1925, 1926, 1896,
1893, Quinodoz, 2007, Winograd & Klautau, 2014).
Decorridos anos a
psicossomática tomou forma e vários autores pós-freudianos desenvolveram
teorias específicas a esta área, entre eles Ferenczi (1909), Groddeck (1917),
Alexander (1950) e Winnicott (1988). O primeiro entendeu as manifestações do
soma como gritos corporais que denunciavam expressões ocultas da psique, o
segundo entendia que ao descobrir a fonte libidinal adoecida certamente o
agravamento desta fonte levaria a cura orgânica, o terceiro iniciou a vertente
da medicina psicossomática que acreditava na relação entre a emoção e os
transtornos viscerais, ou seja, uma emoção forte levaria ao transtorno visceral
e este por sua vez levaria à doença orgânica. Por fim, Winnicott postularia a
dicotomização do olhar direcionado ao humano, uma vez que o soma e a psique são
uma realidade existente e as interações ocorrentes entre elas não são triviais,
sendo as diferenciações entre corpo-psique-mente essenciais para a compreensão
das estruturas funcionais destes elementos (Alexander, 1950; Ferenczi, 1909; Groddeck,
1917, Soto, 2006, Winnicott, 1988).
Partindo da premissa
revolucionária da psicanálise insiste-se que esta é atual e deve ser utilizada
em contextos diversos como a área da saúde em processos coletivos e grupais que
busquem a excelência desta matriz psicológica e seu referencial teórico
integrado à psicologia social. Longe de ser uma psicologia de consultório, a
psicanálise moderna constrói enlaces atuais sem perder o caráter a priori
humanizado. Afinal, em tempos modernos, exigências como o suporte social e a
humanização - SUAS, são impostas ao trabalho do psicólogo junto aos contextos
de saúde (Rapoport & Piccinini, 2006; Ministério da Saúde, 2004).
Sendo o caráter progressista
desta matriz aprioristicamente direcionado ao estudo do funcionamento psíquico
da mulher e sua libertação despudorada, ao tratarmos da gestação e dos
processos ansiógenos envolvidos neste período é essencial que a psicanálise
retome seu referencial teórico libertador. Assim como nos estudos da histeria, na
atualidade ela mantém a importância das realidades vivenciais, tomando-as por
material de trabalho, dando ênfase e valor as incertezas, aos pequenos saberes,
numa busca constante de soluções para os eventuais desacordos, valorando a
“palavra” que conduz a ação. Não somente isto, mas fazendo uso de suas técnicas
e compreensões das fases psicossexuais e as implicações na forma reconhecida do
eu, bem como das traduções oníricas reveladoras das emergentes pulsões do
inconsciente incansável em sua busca da realização e do prazer (Freud, 1893, 1896,
Myssior, 2007, Winograd & Klautau, 2014).
1
Processos Ansiógenos, Doenças Psicossomáticas e Suporte Social na Gestação
A gestação, segundo
vários estudiosos, é um período que mexe com as matrizes vinculares da mulher e
todos que a rodeiam. Neste período mudanças orgânicas (soma) e psicológicas
(psique) ocorrem e marcam o campo social simbólico. Emergem uma nova realidade
e esta retoma as vivências psicossociais anteriores. Uma gestação permeada por ansiedades e
inseguranças pode ser potencialmente um terreno fértil para o aparecimento de
doenças psicossomáticas, inclusive a manifestação de patologias emergentes no
campo social, sendo dominante na saúde mental da mulher e de seus familiares (Ferreira,
Elias & Corrêa, 2018, Maldonado, 2010).
Winnicott (1988) afirma
que tornar-se uma mãe suficientemente boa não está somente ligado ao futuro,
mas também ao passado, pois os vínculos são circulares, ou seja, a mesma mãe um
dia foi o bebê e as determinações interacionais do ambiente e da antiga
maternagem construíram o seu self maduro e autônomo. Muitas expectativas recaem
sobre a mãe em relação a uma suposta aprovação de maternagem e este é um dos
fatores que contribuem para o surgimento das manifestações de ordem patológica.
Muitos são os sintomas
que denunciam uma possível manifestação psicossomática, entre eles sonolência,
náuseas e vômitos, hipertensão, lipotimias, hipermemese, diarreias, constipação
pertinaz, edemas, aumento excessivo de peso, caimbras, alterações da pressão
arterial, etc. Estes sintomas denunciam uma “regressão” inicial que retoma a
identificação fetal pela mãe de suas primeiras experiências (Soifer, 1980, Szejer
& Stewart, 1997, Winnicott, 1988).
Alterações orgânicas
são percebidas o que desencadeia a regressão, uma imensa solidão é
experimentada nesta vivência e retroage em diferentes reações. Uma dupla
identificação se estabelece a nível consciente e inconsciente e percorre o
caminho da projeção tanto com o bebê gestado como com antigos modelos
educativos. Dores inespecíficas, mal-estar e indisposição emergem das
necessidades regressivas referentes à carência de proteção e cuidado. O lugar
do filho agora é o de competidor da atenção. Desta forma a criança aparece como
o algoz que pode tirar a vida da mãe (Maldonado, 2010, Szejer & Stewart,
1997, Soifer, 1980).
Processos mal
construídos que desqualificam a imagem da mulher são instrumentos de
fragilidade egoica e impõem sentimentos incapacitantes, autojulgamento e
pensamentos destrutivos que podem levar a perdas gestacionais e má formação
fetal. As influências das interações que antecederam a futura mãe durante o seu
desenvolvimento na infância acarretarão fortemente na probabilidade de
ocorrências psicopatológicas e doenças relacionadas às estruturas de sua
personalidade, doenças como fobias, histerias, depressão, hipocondria, etc.
relacionadas a processos ansiógenos poderão aparecer ou tornarem-se mais
visíveis na gestação (Maldonado, 2010, Szejer & Stewart, 1997, Soifer,
1980, Winnicott, 1988).
Ao compreendermos as
implicações psicológicas desta fase da mulher manifestas na organicidade
feminina, bem como nas inter-relações sociais da mesma faz-se necessário
retomarmos a importância do viés epistemológico profissional nas traduções
oníricas da gestação. O lugar da psicanálise, aqui, deve ficar bem claro e as
diferenciações da visão materialista predominante na medicina biológica são
fundamentais. Romper com a lógica biomédica da medicalização é importante para
recuperarmos o lugar que a psicanálise deveria ocupar: o da escuta atenta (Cruz
& Pereira Jr., 2011, Ursin, 2000).
Na medicina biológica
as leituras originalmente positivistas têm sido questionadas na atualidade.
Estudos apontam para uma relação entre mente e corpo e sintomas
psicossomáticos. Está confirmada a relação entre o sistema nervoso autônomo e o
sistema límbico e que as vivencias de ordem emocional e afetiva em contexto
cultural afetam estes sistemas. Logo, é mais importante conhecer as pistas que
o material psíquico acidental dos indivíduos dá do que os processos
psicossomáticos, porque seria através de uma busca dos significados dos
sintomas que se chegaria a uma resolução do problema (Ursin, 2000, Kaltenbeck,
1990).
Ora, cabe à psicanálise
descobrir estas pistas. Desta forma ela precisa desvencilhar-se das influências
do discurso científico, médico, que foi seu mantenedor por longas datas e que
divide o corpo e a mente postulando ao corpo um curso naturalizante de leis
biológicas, sem que a participação dos indivíduos seja considerada ativa e
preponderante nos estados orgânicos. Ela
precisa desvelar-se desta ciência que até entende as influências dos estados
conscientes e inconscientes da mente, mas os relega ao segundo plano,
tornando-os fatores irrelevantes (Bastos & Gondim, 2010, Myssior, 2007).
Aliados a esta
disposição de sair do campo do individualismo para adentrar ao campo da
coletividade social desvinculando-se das visões cristalizadas que impõem uma
norma a psicanálise retoma o olhar profundo necessário para compreender os
contextos integrais da gestante ampliando o seu campo da visão e da escuta.
Dados como a historiografia vincular, o contexto sócio-econômico-cultural e a
qualidade da assistência que recebe ajudam os profissionais a se conectarem ao
amplo espaço social em que esta mulher grávida está inserida. Desta maneira há
a possibilidade de obter material suficiente para que um diagnóstico
situacional seja formado, ultrapassando a visão biologizante de diagnósticos
puramente clínicos e psicopatológicos (Bastos & Gondim, 2010, Maldonado,
2010).
2 Método
2.1 Amostra
Compõe-se
de oito mulheres gestantes do primeiro ao nono mês gestacional e quatro
profissionais da equipe multidisciplinar (psicóloga, fisioterapeuta,
nutricionista e enfermeira) de um município do centro oeste
brasileiro.
2.2 Procedimentos
Desenvolveu-se contato com a instituição para
esclarecimento dos objetivos e procedimentos da pesquisa. Posteriormente solicitou-se
a assinatura de termo de compromisso e consentimento dos responsáveis pelas
unidades municipais de atendimentos pré-natais e do pesquisador, bem como de
todas as participantes da pesquisa. Definiram-se as estratégias de pesquisa e
de horários para permanência no serviço conforme realidade diagnosticada.
3. Resultados e Discussão
O presente estudo objetivava
investigar o viés epistemológico que compõe o raciocínio ideológico do
profissional psicólogo junto à equipe multidisciplinar e a gestante, e como
essa percepção afeta a qualidade dos atendimentos de queixas de ansiedade e
sintomas psicossomáticos durante o acompanhamento pré-natal. Ao trabalharmos
com as gestantes e profissionais do NASF/UBS se fez necessário interrelacionar
os discursos, bem como as perspectivas ideológicas de cada participante. Os
anseios, medos e expectativas referentes não só à gestação como também
profissional na construção sociocultural, já que os indivíduos não se separam
de sua totalidade, ou seja, são pessoas dotadas de subjetividades e
expressividades diversas apreendidas na cultura e pela cultura.
Foi importante elencar o papel do
meio social para entender as relações objetais dadas entre humanidades. Para
tanto, o olhar objetivo e perceptivo dessas relações por parte do pesquisador
foi fundamental, já que a psicossomatização de enfermidades na gestação está
intimamente ligada aos processos ansiógenos elaborados nas relações sociais ou
entre pares, cujas influências interacionais antecederam o desenvolvimento
psíquico da gestante desde a infância acarretando no aparecimento das doenças
de ordem emocional (Soifer, 1980, Szejer & Stewart, 1997, Winnicott, 1988).
Ao decorrer do estudo nas UBS’s e
NASF de um município do centro oeste brasileiro, trabalhou-se a escuta e
reflexão psicanalítica junto a oito gestantes e quatro profissionais de saúde,
enfatizando a importância do suporte social, da humanização, e dos processos
autônomos na gestão da própria relação objetal e existencial. A finalidade era
a conscientização e a concretização dos direitos fundamentais quanto a sua
saúde biopsicossocial e também quanto à constituição do vínculo mãe-bebê e
profissional-paciente, elencando a implicação afetiva das relações tanto
gestacional como laboral enquanto potencialidade positiva ou negativa na
problemática da saúde pública.
Observou-se através da coleta de
dados que a idade média das futuras mães está entre 18-42 anos, e que 50% (4)
delas apresentavam faixa etária superior a 30 anos. A média da idade das
profissionais ficou entre 31-52 anos, 100% (4) delas apresentavam faixa etária
superior a 30 anos, ou seja, das 12 participantes 66,6% (8) estavam na faixa
etária superior a 30 anos.
Em relação ao estado civil 100%
(8) participantes gestantes afirmaram estar em uma união estável,
independentemente de seu estado civil, ou seja; todas possuíam um parceiro
fixo. Durante as entrevistas verificou-se nos relatos o quanto a gestante
precisa da parceria do companheiro. Uma das participantes expôs suas
inseguranças em relação ao marido e apontou como fator ansiógeno a ausência de
sua presença no lar. Seu companheiro é caminhoneiro. Outras duas participantes
informaram que há anseio pela nova vida e todas as participantes desta pesquisa
apontaram como importante a participação do cônjuge nessa nova etapa.
Verificou-se, portanto, como Soifer (1998) afirma que as
relações conjugais são fator importante que deve ser olhado atentamente, já que
tanto homem, como a mulher retomam sentimentos vivenciados na infância
projetando no bebê suas frustrações e anseios. Ora o bebê pode aparecer como o
algoz da mãe, ora como o algoz do pai.
Para a mãe emergem sentimentos
invasivos fantasiosos de que o bebê lhe ataca na intenção de roubar-lhe a vida.
Para o pai emergem sentimentos competitivos onde o bebê é o inimigo que roubará
de si a esposa. Por essa razão o suporte
social é muito importante porque implica que se acolham individualmente as
pessoas mobilizando os recursos psicológicos individuais para que os mesmos
administrem seus conflitos emocionais (Ornelas, 1994).
Notou-se que em relação à
escolaridade das participantes gestantes apenas, 25% possuíam Ensino Médio Incompleto,
ou seja, a maior parte delas, 75%, está em nível de escolarização considerado
bom: Médio-Superior. Isso pode ser inferido pela localização geográfica do
bairro Izanópolis indicando região urbana periférica, com uma classe de
moradores mais escolarizados.
Das doze participantes do espaço
amostral 41,66% declararam-se brancas e 41,66% pardas, sendo, portanto, maioria
étnica: brancos e pardos. Isso ocorre
pela história das composições étnicas da região leste sul-mato-grossense, em
específico na cidade da pesquisa, que é caracterizada segundo dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) como município de prevalência
étnica branca e parda. A cor parta se justifica pelas variadas ascendências
étnicas existentes na região (Petruccelli & Saboia, 2013).
A maior parte das gestantes 62,5% possui
atividade fora do lar. A maior parte das profissionais 75% é atuante no NASF, e
100% participam de interações entre instituições e funções, principalmente em
consultas compartilhadas.
Observou-se que 62,5% das
participantes estão no terceiro trimestre gestacional que compreende do sétimo
ao nono mês gestacional. Esse período gestacional é crucial já que o parto se
aproxima e a expectativa de que haverá mudanças na rotina com a chegada do
bebê, bem como a possibilidade de o parto ultrapassar a data limite são ameaças
constantes no pensamento imaginário da gestante e de seus familiares. Por essas
razões é comum que os níveis estressores ressurjam mais intensamente (Soifer,
1980, Szejer & Stewart, 1997).
Em relação à avaliação de traços e
estado das gestantes elencando os fatores positivos verificou-se que
sentimentos de insegurança, intranquilidade e cansaço apareceram de forma mais
dominante nas entrevistas. Podem-se relacionar esses sentimentos aos momentos
vividos pelas gestantes e que antecedem a gestação, já que a maioria está no
terceiro trimestre.
Outro fator importante observado e
que corrobora para uma melhor análise dos dados é que apesar de relatarem
cansaço extremo e intranquilidade a maior parte das gestantes afirmou
sentirem-se seguras. Esses dados ambivalentes são indicadores da labilidade do
humor durante a gestação, principalmente no período pré-parto quando há
insegurança para o nascimento. Chamou atenção, também, a alta porcentagem
(87,5%) das gestantes que afirmaram sentirem-se alegres. Correlacionou-se a
alegria com as pulsões de vida e expectativas por uma nova vida. É essa pulsão
de vida elaborada por Freud que caracteriza o desejo de que as vontades
individuais sejam concretizadas na busca do prazer e da satisfação da libido.
Sabe-se que na convivência social o instinto só pode se realizar através da
organização dos impulsos essa organização assim chamada de consciência social
(Oliveira, 2010).
Existe, portanto, órgãos castradores nessa
organização instintual social. A vinda de um filho é a realização desses
instintos individuais reforçados pelo desejo social. Daí o motivo de tão grande
alegria, pois realiza tanto o desejo individual de tornar-se mãe como o desejo
social de aumentar a prole familiar.
Ainda, observou-se que 75% da
amostra consideram que estão bem consigo e com os outros. Dados que ainda estão
relacionados ao instinto de vida que busca apoio nos vínculos positivos,
considerando que na sociedade moderna o cuidado com o corpo, a aquisição de
bens e imóveis, pertencer a um círculo social são sinônimos de vida estabelecida
e próspera. Logo o conforto e o bem estar são discursos provenientes de uma
sociedade que deseja e consome (Oliveira, 2010). No entanto, quando essas
expectativas do desejo social não são correspondidas no individual observa-se
que o sofrimento emerge em processos ansiógenos, tanto que 30% da amostra de
gestantes relatou sentirem-se inseguras, embaraçadas, com humor instável, e
preocupadas diante do nascimento eminente de seus bebês.
Vários foram os relatos de
aspectos negativos desde a história familiar, onde grande parte das gestantes
possui relacionamentos instáveis, com presença de segundo e terceiro
relacionamento e filhos, também; fruto de relacionamentos anteriores. Grande
parte da amostra relatou incertezas e dúvidas em relação ao futuro, bem como
instabilidade financeira e social. Observou-se vulnerabilidade emocional com
relato de abortos, doenças psicossomáticas e complicações gestacionais.
Quando analisadas em relação a estar
à vontade ou livre para praticar algo 62,5% afirmaram se sentir assim.
Observou-se, então, que apesar da assistência médica obstétrica insuficiente as
gestantes se apoiam no atendimento da enfermagem e isso lhes traz segurança, já
que 100% das gestantes entrevistadas relataram sentirem-se bem e satisfeitas em
relação ao serviço da enfermeira: Participante 1. “Ela é melhor que o médico. Fala mais. Orienta”; Participante
2. “Sem palavras. Ela é uma pessoa
que deixa a gente muito a vontade. Se pudesse fazer meu parto faria com ela
[...]”; Participante 3. “Agradável e tira as dúvidas [...]”; Participante
4 “Dentro do que é, é bom”; Participante
5. “Boa, atenciosa”; Participante
6. “Atende bem. Faz o atendimento
todo mês, é preocupada”; Participante 7. “Porque pergunta tudo. Quer saber como estou. Esclarece tudo. Até o que
não pergunta.” Participante 8. “Atendimento
bom”.
Analisando essas respostas
retoma-se a importância do suporte social tão pouco estudado segundo Rapoport e
Piccinini, (2006). Entende-se também que existem muitas incongruências sociais
e regionalismos e, portanto, o respeito às diversidades são primordiais nas
relações humanas. Para que a ajuda seja eficiente é preciso atingir esses
saberes próprios de cada indivíduo em suas subjetividades e necessidades
pessoais (Maldonado, 2010).
Infelizmente o município estudado
possui índices neonatais muito ruins de acordo com indicadores divulgados.
Conforme tabela “Coeficiente de Mortalidade 2011-2015” a cada mil nascidos
vivos, divulgados em 2016, o índice de mortalidade neonatal fica assim
especificado: de 2011 a 2014 os índices ficaram entre 10,3 e 10,8. Em 2015
houve melhora nos índices ficando registrado em 6,8 (SEMADE/MS, 2016).
Atualmente os índices de mortalidade neonatal estão registrados em 2017 em 3
(14,3) número absoluto e 2018 em 2 (9,5) número absoluto, sendo que a Região do
Mato Grosso do Sul obteve índices gerais em 2017 de 6,40 número absoluto e em
2018 de 6,32 número absoluto (Indicadores-2017-2018). O município em questão
possui 20,966 habitantes - Censo 2010 (SEMADE/MS, 2016).
É importante notar que a ausência
do atendimento obstétrico de um médico especialista, a ausência de atendimento
especializado para alto risco e a ausência de suporte social para o parto
humanizado podem ser um catalisador desses índices apontados. Segundo relatos
das gestantes e profissionais a maior parte do atendimento de pré-natal é
realizado pelas enfermeiras e médicos generalistas.
Durante as entrevistas 87,5% das
participantes mostraram-se receptivas ao pesquisador. Isso denota que a escuta
é um processo de grande significado e que o acolhimento gestacional é
preconizado desse ato, já que como vimos anteriormente os relatos apontam para
a boa comunicação e escuta das suas necessidades no atendimento da enfermagem.
Observou-se que sentem falta da
escuta e humanização no serviço de psicologia e que segundo a percepção das
gestantes está insatisfatório, pois o serviço ocorre em baixa frequência e em
grupos numerosos o que dificulta o acesso a esse profissional. Myssior (2007)
apontará para essa necessidade quando afirma que o lugar da psicanálise precisa
ficar bem claro, já que a mesma leva em conta as realidades vivenciais e as
toma por material de trabalho.
Quando avaliadas no aparecimento
de intercorrências mais comuns observou-se que das oito participantes, 87,5%
relataram sentir enjoos, vômitos e ansiedade. Soifer (1980) afirma que essas
vivências são comuns já que o corpo percebe mudanças significativas e através
desses sintomas torna a gravidez evidente. Além disso, a ânsia da incerteza
torna intensa a vivência persecutória, ideia que retoma o algoz (filho).
Notou-se que a ansiedade, insônia,
esquecimento, tonturas, depressão e estresse são sintomas de particularidades
emocionais e precisam do atendimento psicológico, denotando a importância desse
profissional nas articulações de suporte social as demandas municipais. Já
sintomas como azia, constipação, formigamento, inapetência, hipertensão,
oscilações de pressão e diarreia apontam para efeitos colaterais de problemas
físicos e nutricionais aonde a presença do nutricionista, fisioterapeuta e
educador físico são essenciais para as demandas do município.
O índice alto dessas
intercorrências psicológicas e físicas no espaço amostral infere lacunas nesse
serviço e que se comprovam nas queixas das profissionais em relação às
articulações funcionais das equipes no serviço realizadas pela gestão
municipal, bem como as condições de trabalho nos espaços públicos, tanto do
Nasf como das UBS’s. Observam-se essas lacunas nas seguintes falas:
Participante (A) – “Deveriam compor a
equipe Nasf mais profissionais como psicólogo e educador físico” e “O apoio matricial psicológico é
inexistente”. Participante (B) – “O
grupo de gestante do Nasf (por exemplo) se perdeu na licença maternidade. Falta
acessibilidade ao local pelas características da gestante física e emocional.”.
Participante (C) – “Acho que realizo tudo
que a gestão me oferece, mas ainda falta alguma coisa. Exemplo: condução (uso
carro próprio), testes (xerocopiados), aplica e precisa rasgar – não compram
material atualizado”. Participante (D) – “O trabalho mais aprofundado em confecção de dieta e a prática realizada
em oficinas culinárias que poderiam ser realizadas não acontecem”.
Observou-se que poucas
participantes tiveram contato com as atividades propostas pela equipe NASF
junto às UBS’s. E quando em contato tiveram pouca participação, em média três
participações durante todo o processo de atendimento pré-natal. Os motivos
alegados são que iniciam o pré-natal mais tarde em média 1,5 mês gestacional,
que as reuniões ocorrem uma vez a cada dois meses, pois há rodízio entre as
UBS’s atendidas pelo programa, e que a parceria não é feita em todas as
unidades já que faltam profissionais para auxiliar na demanda.
Todas as queixas elencadas pela
equipe multidisciplinar coadunam com os relatos das pacientes gestantes
entrevistadas, pois 75% delas relataram ter percebido mudanças em relação ao
corpo e 62,5% afirmaram sentimentos negativos nessa percepção corporal.
Encaixam-se aqui as reclamações referentes à obesidade e inchaços. Na análise
das ansiedades gestacionais relatadas notou-se que 25% das participantes estão
preocupadas com o corpo e as alterações sofridas no período gestacional, sendo
que 12,5% expuseram preocupações com o peso corporal.
Nota-se também que 75% das
gestantes se descrevem como pessoas intranquilas, o que infere que ansiedades
relativas ao humor, insegurança no relacionamento e intimidade sexual, dúvidas
no parto e pós-parto, bem como o próprio medo do parto sejam relatados como
queixas frequentes pelas profissionais. Nota-se que nessa amostra 87,5% das
gestantes estão ansiosas em relação ao futuro reforçando a inferência
confirmada nos dados apurados que coadunam com a estimativa de que 87,5% delas
relataram sentir ansiedade, 75% insônia, 25% esquecimento e 12,5% tonturas, depressão
e estresse, sendo todas essas intercorrências de cunho emocional.
Importante salientar que em
relação à insegurança no relacionamento e intimidade sexual, relatados pela
psicóloga como queixas mais frequentes, se confirma pela amostra, já que; 62,5%
revelaram sentirem medo, bem como ansiedades em relação ao bebê (12,5% dessas
preocupações com doença congênita do bebê) e ao marido. Outras 37,5% estão
ansiosas com a divisão da atenção dada pelos familiares a elas e ao bebê.
Expressaram sentimentos e medo de rejeição 25% da amostra e 12,5% das
participantes expuseram medo do abandono e sentimentos de estranheza. Outras
25% relataram que estão preocupadas com os filhos anteriores à gestação atual e
as relações interpessoais que envolvem o marido, já que muitas delas estão num
relacionamento em que existem filhos de outras relações.
As queixas de náuseas e vômitos
relatadas pela enfermeira se confirmam, já que; 87,5% das gestantes relataram
sentir enjoos e vômitos. Em relação às queixas expostas pela nutricionista
percebeu-se que a hipertensão também se confirma como queixa frequente, pois
25% das gestantes relataram a ocorrência de hipertensão e oscilação da pressão.
A queixa de “dores de coluna e pélvica” relatadas tanto pela enfermeira quanto
pela fisioterapeuta também coadunam com os coeficientes apurados, já que; 50%
das participantes gestantes relataram sentir dor abdominal.
Finalmente, ao analisar-se a
categoria Traduções Oníricas (Sonhos e Pesadelos) percebe-se que há presença de
sonhos ou pesadelos durante a vivência gestacional, porém não há uma
preocupação da equipe multidisciplinar, em particular da área psicológica, em
adentrar nas traduções oníricas possíveis que poderiam possibilitar uma melhor
compreensão das vivências estressoras e ansiógenas, bem como das emoções
experienciadas pela gestante nesse período.
Das oito participantes, 75%
relataram ter tido sonhos durante a gestação, sendo que dessas 25% tiveram
pesadelos e somente 12,5% sonhos recorrentes. Em relação aos tipos de sonhos ou pesadelos
75% das mães sonhou com seu bebê, em situações diferentes, dada à subjetividade
das relações humanas.
Tabela 1
Principais sonhos relatados pelas participantes gestantes e traduções
oníricas possíveis realizadas pelas pesquisadoras
GESTANTES |
SONHOS |
POSSÍVEIS
INTERPRETAÇÕES |
NOTAS
IMPORTANTES |
01 |
Não registra |
Resistência em falar de suas
intimidades. |
A mesma foi pouco colaborativa no
processo de entrevista. |
02 |
O bebê nasceu de parto natural e era
um menino parecido com o pai. |
Sentimentos experimentados são de
felicidade, um indicativo de que há uma relação boa com o bebê. |
Sem conflitos no processo gestacional. |
03 |
O bebê era um menino gordo, branco e
grande o que resultou em um coma da mãe. |
O bebê traz a mãe consequências
negativas (coma). O estado gestacional traz a ela pensamentos persecutórios
de um parto sofrível ou traumático. |
Conotação de pesadelo. A mãe é uma
condicionadora física e postergou a gestação. Muito preocupada com o físico. |
04 |
O bebe estava maior e defecava, tendo
a mãe que limpá-lo. |
A gravidez cria pelas expectativas
ambivalentes em relação as suas competências psíquicas para o cuidado do seu
futuro bebê insegurança. Daí a conotação do sonho de já estar cuidando do
bebê, ou seja, há insegurança quanto ao período puerperal, por isso denota-se
que o bebê já é grandinho. |
Histórico de depressão pós-parto
(gestação anterior). Apresentou um conjunto de sinais e sintomas de queixas
psicossomáticas. |
05 |
O bebê tinha o rosto embaçado e a mão
pequena. |
Sua percepção em relação ao bebê é a
de um bebê pequeno do qual não consegue reconhecer a expressão facial “rosto
embaçado” e relata sentimentos de felicidade. Inexperiência gestacional
revela-se no rosto embaçado (desconhecido). |
Jovem mãe, primípara que se refere a
sonhos bons. |
06 |
Não registra |
Ao relatar o estado da gravidez de uma
mulher nessas condições remete a angústias não reveladas em conteúdos de
sonhos, provavelmente resultante da ambivalência entre o desejo e a
realização da maternidade e os possíveis riscos de uma gravidez tardia. |
Uma mãe madura (42a), com uma gravidez
tardia após vinte e três anos da primeira gestação, portanto trata-se de uma
vivência impactante onde a gestante refere-se ao susto e ao mesmo tempo ao
sentimento de felicidade. |
07 |
O bebê era uma menina |
Sonhos recorrentes em que o bebê é do
sexo feminino. Ela estava cercada de amigos que eram expectadores do seu
bebê. Enfatiza a sensação de alívio em seguida do sonho. Sugere negação da
realidade diagnosticada. |
É importante informar que essa gestante
está grávida de um bebê do sexo masculino e já tem diagnóstico através de
exame laboratorial e ultrassom que o mesmo apresenta lábio leporino. |
08 |
Não registra |
A gravidez é mais um desejo paterno do
que dela, dado que ameaça de aborto já não tem mais a conotação de fantasia,
é um dado real em sua história de vida. |
Histórico de abortos recorrentes que
promovem baixa expectativa de vida em relação à evolução de sua gestação. Sua
fala durante a entrevista apresenta indícios de pouca disponibilidade interna
para seguir recomendações médicas em função de seu histórico de risco de
abortos. |
Nota. Dados colhidos das entrevistas realizadas
nas Unidades Básicas de Saúde que dão pistas valiosas de conteúdos psíquicos
importantes em intervenções terapêuticas, porém ignorados no atendimento
pré-natal pelos profissionais de saúde.
Ao desconsiderar esses relatos e
possíveis traduções oníricas o serviço terapêutico perde a riqueza de detalhes
tão úteis ao auxílio terapêutico necessário nesse momento único da mulher. Em
casos terapêuticos é mais importante conhecer as pistas que o material psíquico
acidental dos indivíduos dá do que os processos psicossomáticos, pois seria
através de uma busca de significados dos sintomas que se chegaria a uma
resolução do problema, porém saber os significados não esgotaria o problema (Kaltenbeck,
1990).
Considerações Finais
Através desse estudo compreendemos que, a partir da
percepção de profissionais de saúde do município pesquisado e de gestantes do
mesmo município, existe muito a ser feito para que os objetivos das políticas
públicas de saúde como a humanização, prevenção e promoção da saúde aconteçam
de fato.
Constatamos através dos discursos dos profissionais que
existe uma preocupação em fazer o trabalho dentro dessas diretrizes, porém há
uma ingerência municipal em áreas importantes como locomoção, formação
continuada profissional, recursos materiais e políticas inclusivas que atendam
bem a população, dando o suporte social necessário.
Por outro lado, a falta de capacitação fica visível no trato
com as gestantes que reclamam do serviço público, bem como da dificuldade de
acesso aos médicos obstetras e ao serviço de psicologia. Percebe-se que o
trabalho acaba ficando muito generalista, focando apenas nos atendimentos
mensais, orientações de cartilhas governamentais e encaminhamento ao hospital a
fim de darem à luz.
Assim sendo, mesmo que os profissionais percebam níveis de
dificuldades nas relações existentes entre a mente e o corpo e nos processos
psicossomáticos; também reconhecem que existe uma carência de fundamentação
teórica e aperfeiçoamento profissional, já que essa temática não é muito
estudada nas graduações. Por essa razão identificam-se falhas no atendimento
das pessoas com queixas visivelmente psicossomáticas. O que prevalece são os
encaminhamentos ao psicólogo ou psiquiatra sem uma aproximação
interdisciplinar, apesar de ser uma equipe multidisciplinar.
Defendemos, finalmente, que haja um debruçar maior sobre os
conteúdos oníricos, bem como emocionais e socioculturais dos indivíduos
gestantes que participam do serviço de saúde pública coletiva. Defendemos um
aprofundamento do saber psicossomático com ênfase na prevenção, reabilitação e
tratamento das doenças considerando de forma ampla as variáveis psicossociais
que permeiam os indivíduos, contando com uma imprescindível avaliação
interdisciplinar que abarque todos os fatores que os envolvem: condições
sociais, culturais, políticas, econômicas e emocionais.
Somente a partir de um replanejamento das prioridades
municipais nessa área é que haverá possibilidade de obtenção de melhores
resultados, não que esses não sejam bons. Afinal, neste contexto, todos os
indivíduos cidadãos estão sujeitos de alguma forma a exibirem algum tipo de
sofrimento de ordem psicossomática.
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[i] BONASSI, Silvia Maria. : Psicóloga, Professora Efetiva (DE) junto à
Fundação Universidade de Mato Grosso do Sul (UFMS) – Unidade de Paranaíba –
(CPAR). Doutora em Engenharia Biomédica pela Universidade Camilo Castelo
Branco. Endereço: Rua David Arneiro, 14 – Conjunto Antônio Brandini, Fernandópolis
- CEP 15600-000. Email: silviabonassi@gmail.com Fones: celular (17) 99623-1244
residencial (17) 3442-3491.
[ii] MELGACO, Damaris Alcidia da Costa. Pedagoga, Graduanda do 7º
semestre em Psicologia pela Fundação Universidade de Mato Grosso do Sul (UFMS)
– Unidade de Paranaíba – (CPAR). Endereço:
Rua Doutor Manoel Tomas da Silva, nº 386 – Bairro Centro – Cassilandia/MS. CEP
79500-000. Email: melgacodamaris@hotmail.com Fones: celular (35) 99189-6502.
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