quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

OS VAGÕES DE BARBACENA


O tilintar do vagão, o som da buzina, 

apito das vozes mortas, ressoam na colina. 

Barbacena de montes, de curvas e de bonitas paisagens, 

no cantar dos vagões da vida permeia e; 

ao apito do trem, frutos de dor semeia. 

 

Esse canto é como anúncio e prenúncio da morte: em vida, ou;

da vida: em morte. 

Defina-se o que quiser, pois não há como esquecer o que 

à milhões de despercebidos passa, no manobrar, às massas. 

Massas são alvos que ainda perpetuam a dor. 

Dos loucos, ainda guarda-se um pouco. 

 

A vida imita a arte e a arte a vida, nos trens da desesperança. 

Assim começa a raça na fileira da loucura. 

Loucos eram eles, mas loucos somos nós! 

Louco, ainda hoje; pedem-te a alma,

o que granjeias para quem será? 

 

Será para os milhões de flagelados, para a morte dos teus afilhados?

Filhos de uma mulher sem mãe, sem gentil,

sem berço, sem esplêndido. 

Barbacena, tu és o retrato da dor de milhões de bastardos, marginalizados.

Quem é o braço forte que se ergue agora, em clava forte? 

Escutas a voz?

A voz dos mártires desse terrível Holocausto!

 


Damaris Alcídia da Costa Melgaço













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