sábado, 28 de abril de 2018

“História da Loucura": do asilo à primeira Medicina Social, aspectos históricos que possibilitaram a consolidação da hegemonia psiquiátrica.




Para entendermos como a hegemonia psiquiátrica se consolidou, precisamos entender primeiro quais foram os processos históricos que possibilitaram essa consolidação. Afinal, o tempo presente nunca está isento de seu contexto político, econômico e sociocultural.

A história remonta segundo Foucault (1972) o final do Séc. XV. O que antecedera a esse período fora a existência das pestes, principalmente a lepra que teve o seu apogeu no Séc. XIII e que ao final do Séc. XV estava em declínio.

Esse período deixou como legado ou consequência muitos leprosários abandonados e valores e imagens negativas relacionadas à personagem leproso. A lepra por ser contagiosa levou muitos aos asilos não importando classe social ou estirpe. Esse mal se aplica, segundo Foucault (1972), nesse período; como uma ação divina que gerou exclusão e perpetuou a ideia da culpa como castigo. Ao mesmo tempo marca a benignidade Divina, desde que o doente se resignasse, aceitando de bom grado o sofrimento. Surge já uma idealização que na atualidade se tornaria o vértice da exclusão, ou seja, pobreza e miséria perpassam a exclusão.

Uma nova estação se estabelece fruto da antiga, como em todo contexto histórico-social. As doenças venéreas substituem a lepra, mas agora a ira divina se alia as ideias renascentistas. Para entender isso, é preciso retomar o campo ideológico estatal. Marcado pela forte influencia eclesiástica a sociedade mantinha esses valores em suas relações sociais. Os Renascentistas embora estivessem no campo da racionalidade e do humanismo, não negavam a influencia dos ideais cristãos em sua Arte e principalmente nela.

Na Renascença, segundo Souza (2005) embora Foucault tenha afirmado, ao citar Erasmo, que esse tivera um papel social de cunho moral em suas obras remetendo seu pensamento a evocação de um livramento de práticas associadas à loucura fazendo uso do fingimento num pseudoelogio, ele Souza (2005), em especial não entenderia assim, visto que, quando Erasmo se refere à loucura, na verdade está fazendo alusão à natureza humana que apela às utopias para esquecer o que o mantém preso à realidade, ou seja, “a razão”. Souza (2005, p. 24) afirma: “Não se trata do limite da razão e, sim, de seu esquecimento. Não é, pois, o avesso da razão, ao contrário do que Foucault sustenta. Ela é filha da autenticidade, da natureza simples. Não é, como já posto, pura crítica.”.

Portanto segundo o autor a crítica de Erasmo está na sutileza e no abandono do natural, porque quando o humano abandona a razão segue as lógicas do natural e que aos olhos da razão são atos loucos. Para Souza (2005) o texto de Erasmo não expõe a loucura como uma doença, mas como o fruto de um esquecimento da razão.

Toda essa reflexão para entendermos que nas revoluções históricas sempre há presença de fragmentos e mesmo os renascentistas já não mais tendo nas suas ideias o teocentrismo ainda possuíam esse vértice fortemente enraizado em suas ideologias antropocêntricas. A alusão entendida como moralista, na verdade perpassava uma pureza singela naturalista do Cristo “homem”.

Essas ideias renascentistas, segundo Foucault (1972), de certa forma atribuíram ao que viria depois como vivencias sociais e históricas, ou seja, a criação dos asilos, o seu caráter moral. Souza (2005) também expõe a influencia desse movimento ao que ocorreria mais tarde na Alemanha e Suíça: A Reforma Protestante. “Os valores éticos e estéticos humanistas-renascentistas haviam possibilitado uma crítica rigorosa dos textos sagrados, sementes que iriam germinar poderosamente nos espíritos de homens como Lutero e Calvino.” (SOUZA, 2005, p. 22).

A Reforma Protestante, segundo Foucault (1972) teve grande influencia na história da loucura, visto que ao abrir mão de uma junção estatal religiosa responsável e ligada a caridade contribui para que a sociedade se organizasse de forma que resolvesse as questões sociais. O que antes era de responsabilidade da igreja agora pertencia ao Estado. Importante pensarmos que mesmo Lutero não tendo mais como premissa a “salvação pelas obras”, muito das concepções culturais religiosas pertenciam ao imaginário popular, ou seja, as ações de cunho moral estavam relacionadas às interpretações teológicas e também renascentistas.

A substituição dos leprosários por asilos ocorre desse distanciamento igreja estado, embora, segundo Foucault (1972), a caridade ainda movia o coração eclesiástico, ou seja, a fé é de graça e não depende de obras, mas as obras são a consequência de um coração devotado. Daí a filantropia, ainda como dever cristão.

Outro fato importante, segundo Huberman (2008, p. 97) é que “Um quarto da população de Paris na década de 1630 era constituído de mendigos [...] Qual a explicação dessa miséria generalizada entre as massas, num período de grande prosperidade para uns poucos? A guerra, como sempre, foi uma das causas”.

Essa miséria impulsionou, segundo Foucault (1972), a fundação dos asilos que acolheram todos os miseráveis, rebeldes, desordeiros, doentes, loucos, etc. Para limpar a cidade que se agigantava em população esses lugares acorrentaram a muitos indistintamente.

É no início do século XVIII que Pinel surge com suas ideias libertárias, porém o que, segundo Foucault (1972), se perpetua na verdade são os ideais dos “quacres” (grupos religiosos) e de ideias moralistas. Os que se adequavam eram bem tratados e considerados parte de uma grande família. 

Pinel surge para libertar os homens dos grilhões do aprisionamento e devolver os assim considerados sãos; ao seu lugar social. Tratando apenas da doença, no caso, aqui já entendida como tal. Essa é a tradução que Foucault (1972) faz desse período.

Castel (1978) afirma que é depois, em Esquirol, que a medicina psiquiátrica surge, ainda não com esse nome, mas que essa construiria assim no futuro a hegemonia médica. A princípio, de acordo com Castel (1978), a medicina mental nasce como uma filha marginal, visto que não abandona as ideias metafísicas que se chocavam com a medicina da época que se baseava no empirismo e na dissecação de corpos, ou seja, as causas deveriam ser investigadas no campo biológico.

Castel (1978) afirma que embora houvesse essas contradições essa medicina foi tolerada como uma necessidade social e aceita como forma de tratar a doença e não o doente. O próprio Pinel mesmo com as descobertas de Georget sobre uma possível localização da loucura no cérebro por ocasião de lesão cerebral não reconheceu essa hipótese visto que seu tratamento apresentava resultados de melhoras significativas. 

Pinel, de acordo com Castel (1978) não conseguia admitir que a loucura fosse considerada um mal incurável cuja razão fosse meramente biológica. Para ele as necropsias da época nada provavam. Pinel a revelia de Georget que entendia o delírio como um simples sintoma de natureza secundária preferiu apostar em sua teoria de caráter puramente nervoso.

Foucault (1972) informa que a princípio as ideias alienistas eram humanistas e os tratamentos eram realizados em retiros sob a ênfase da “Grande Família Adâmica”, portanto é só mais tarde que os seguidores de Pinel e Esquirol mudaram a forma alienista de tratamento e acabaram por aprisionar novamente e brutalmente as pessoas consideradas loucas, já sob a égide da biomedicina.

Segundo Passos (2017, p. 1):

O tratamento nos manicômios, defendido por Pinel, baseia-se principalmente na reeducação dos alienados, no respeito às normas e no desencorajamento das condutas inconvenientes. Para Pinel, a função disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza, porém com gentileza. Isso denota o caráter essencialmente moral com o qual a loucura passa a ser revestida. No entanto, com o passar do tempo, o tratamento moral de Pinel vai se modificando e esvazia-se das ideias originais do método. Permanecem as ideias corretivas do comportamento e dos hábitos dos doentes, porém como recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional. No século XIX, o tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias. (Passos, 2017, p. 1)



Enfim, o que temos atualmente é o resultado de muitas ideologias estereotipadas em relação à doença mental. Ideias essas que vem de longa data como pudemos perceber. A razão de Descartes trouxe uma separação entre o ato de refletir a ação e a ação sem a razão. Isso decretou o nascimento da loucura enquanto termo e ao longo dos anos biologizou seus sintomas tratando a doença ao invés de tratar o doente. Essa posição estigmatizou e colocou o humano em condições desumanas. 

Seixas (1973) em sua canção “Metamorfose Ambulante” chama atenção a essa razão impensada, mas ao mesmo tempo repensada. Retoma as ideias renascentistas e as toma emprestadas. Três frases nos chamam a atenção: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes. Eu vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes.”

É uma chamada a razão absurdamente louca da não estagnação. Da reformulação e da ideia da verdade relativa que opera nos meios sociais e que foge da mesmice e que embora contraditória pode ter esse fluxo metamórfico de ir e vir, ou seja, de pensar e repensar a opinião.

Se bem que Seixas (1973) está mais para o termo filosófico relativista, onde a verdade única não existe, sendo ela perceptível ao campo individual, esses mais ligados as ideias de Weber, Nietzsche e Foucault. Quanto ao Individualismo, esse sim Renascentista, já que esse coloca o homem no centro do universo dotando-o das capacidades de transformar o mundo por ser dotado de "inteligencia". "O homem humanista é individual e está pronto para fazer suas escolhas no mundo (livre-arbítrio). Torna-se assim, um ser humano crítico" (TODA MATÉRIA, 2018).


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. PASSOS, Eduardo. Política Nacional de Humanização do SUS
HumanizaSUS. Secretaria Municipal de Saúde de Barbacena/MG. A reforma psiquiátrica brasileira e a política de saúde mental. Disponível em: 
http://www.ccs.saude.gov.br/VPC/reforma.html, Acesso em 07 nov. 2017.

CASTEL, Robert. A primeira Medicina Social (in) A ordem psiquiátrica: A idade de ouro do Alienismo. Rio de Janeiro: Editora Graal, 1978, Cap. 03, p. 70-92.

FOUCAULT, Michel. Nascimento do Asilo. (In) A História da Loucura. São Paulo: Editora Perspectiva, 1978. Cap. 13, p. 505-555.

HUBERMAN, Leo. A história da riqueza do homem. 21. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

SEIXAS, Raul. Metamorfose Ambulante. 1973. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7VE6PNwmr9g >. Acesso em 27 abr. 2018.


SOUZA, José Fernando Rodrigues de. A loucura na renascença: análise comparativa das obras de Erasmo e Bruegel, na perspectiva de Foucault. PERSPECTIVAS, Campos dos Goytacazes, v.4, n.7, p.19-29, janeiro/julho 2005. Disponível em: <https://www.seer.perspectivasonline.com.br/index. php/revista_antiga/article/viewFile/216/153.> Acesso em: 26 abr. 2018.

Humanismo Renascentista. Disponível em:<https://www.todamateria.com.br/humanismo-renascentista/>. Acesso em: 01 mai. 2018.

Relativismo. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Relativismo>. Acesso em: 01 mai. 2018.


segunda-feira, 23 de abril de 2018

TEORIA DAS EMOÇÕES: BASES BIOLÓGICAS




TRABALHO SOBRE TEORIA DAS EMOÇÕES



1) TEORIA DE JAMES-LANGE



Esta teoria é conhecida como teoria de James-Lange, porque essa mesma teoria era defendida por Carl Lange. Segundo essa teoria (1884) o indivíduo percebe um estímulo (S) ameaçador e tem como reação (R) sintomas fisiológicos desprazerosos, como o medo. Seu slogan poderia ser: “a emoção é a sensação”.

Uma pessoa sente medo porque o seu corpo respondeu com determinadas reações fisiológicas a uma situação. Perante uma situação de emergência, primeiro o homem reage e foge e é por fugir que sente medo. Estamos emocionados porque o nosso corpo se emociona.

James e Lange propunham-se a estudar as emoções-padrão que tinham expressão corporal determinada e óbvia: surpresa, curiosidade, êxtase, medo, raiva, luxúria, cobiça etc. Essas emoções recebiam uma classificação entre os processos sensoriais do cérebro a partir da percepção de objetos externos. James defendeu que as mudanças corporais poderiam ser percebidas antes mesmo de serem produzidas. Eles postulam que não choramos porque estamos tristes, mas ficamos tristes porque choramos.

Para os teóricos nenhum conteúdo cognitivo poderia gerar isoladamente uma emoção. Para eles todas as percepções cognitivas, ou seja, da consciência eram de origem periférica.

Uma ilustração dada por essa teoria é a do feedback facial que nada mais é do que imitar a expressão facial das emoções livremente. Essa por sua vez desencadeará as reações fisiológicas e de humor correspondentes. As emoções consistem da percepção das alterações fisiológicas desencadeadas pelo estímulo emocional. A resposta emocional (comportamental e autonômica) precede a experiência emocional. O sentimento é a última instância.

Estímulo (S) – Resposta corporal (R) - Sentimento

Figura 01



2) TEORIA DE CANNON-BARD



Walter Cannon em 1927 propôs uma teoria alternativa, baseando-se nas investigações de Philip Bard. Na teoria Cannon-Bard, o estímulo (S) ameaçador produz em primeiro lugar um sentimento de medo, causando posteriormente no indivíduo, uma reação (R) física (tremores, sudorese, dilatação da pupila e etc.). O sentimento ocorre simultaneamente à resposta corporal.

De acordo com essa teoria, as emoções têm origem no cérebro, ocorrem ao mesmo tempo que as reações fisiológicas, mas não são causadas por estas. Segundo essa Teoria, os estímulos emocionais têm dois efeitos excitatórios independentes: Provocam o sentimento da emoção no cérebro bem como a expressão da emoção no sistema nervoso autônomo e somático. Tanto a emoção como a reação a um estímulo seriam simultâneos. Assim, numa situação de perigo, o indivíduo perante um estímulo ameaçador sente primeiro medo e depois tem a reação física, foge.

A experiência emocional resulta da ativação de circuitos no SNC. Em resumo, quando o indivíduo se encontra diante de um acontecimento que, de alguma forma, o afeta, o impulso nervoso atinge inicialmente o tálamo e aí, a mensagem se divide. Uma parte vai para a córtex cerebral, onde origina experiências subjetivas de medo, raiva, tristeza, alegria, etc. A outra se dirige para o hipotálamo, o qual determina as alterações neurovegetativas periféricas (sintomas). Ou seja, por esta teoria, as reações fisiológicas e a experiência emocional são simultâneas. O erro essencial da teoria Cannon-Bard foi considerar a existência de um "centro" inicial (o tálamo) para a emoção.



Estímulo (S) – SNC – Sentimento x Resposta corporal (R)

Figura 02



James-Lange X Cannon-Bard

O gráfico contrasta as duas teorias. Ambas recebem o mesmo estímulo, porém enquanto a (J-L) reage no corpo (resposta visceral) como a expressão máxima para então experienciar a emoção a (C-B) vive a experiência emocional no SNC simultaneamente à expressão emocional.



Figura 03



3) TEORIA DA ATIVAÇÃO DE LINDSEY



Esta teoria procura explicar as reações emocionais através de uma ativação cortical seletiva. Essa ativação seria originada no sistema ativador reticular ascendente (SARA), aonde os impulsos somáticos e viscerais que chegam ao SNC seriam integrados.

O hipotálamo, segundo Lindsey (1951), considerou que os impulsos somáticos e viscerais convergiam para formação reticular do tronco encefálico. Os impulsos seriam, então, integrados e distribuídos ao hipotálamo, de onde estimulariam o centro encefálico das reações de despertar, e também ao sistema talâmico difuso, através do qual atuariam o córtex.

Quando as aferências desse sistema são baixas, o organismo está relaxado e atividade elétrica do cérebro assemelha-se a do sono, ao aumentar essa aferência, o organismo alerta-se e orienta-se em direção ao estimulo: a atividade elétrica, então assemelha-se a do despertar, ou seja, atividade rápido em baixa voltagem.

Lindsey aceitou o hipotálamo como sede primaria na organização da expressão emocional, resultando, entretanto, o fato de que a substância reticular deve ser ativada para que qualquer expressão emocional se torne significativa.

Considerou o sistema reticular responsável pela gênese da excitação e da atenção em cujos parâmetros as várias formas de emoções poderiam se manifestar-se por meio do hipotálamo.

Figura 04

Diagrama da substância ativadora reticular ascendente (SARA) e suas principais conexões. Os estímulos sensoriais enviam informações inespecíficas para a formação reticular. Vias aferentes que ascendem a áreas corticais específicas também enviam colaterais para a formação reticular (setas). As eferências da formação reticular são distribuídas difusamente para todas as áreas corticais. A partir de evidências obtidas desde as descobertas de Magoun, em 1954, sabemos que no seio da formação reticular estão imersos diversos núcleos contendo neurotransmissores específicos (acetilcolina, dopamina, serotonina, noradrenalina) que não estão representados na figura.



4) TEORIA COGNITIVA-FISIOLÓGICA



Consideram que o córtex cerebral interpreta as mudanças fisiológicas de acordo com as informações referentes à situação a fim de determinar quais emoções estamos sentindo.



Figura 05



As teorias cognitivistas afirmam que os processos cognitivos, como as percepções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções. Uma situação provoca uma reação fisiológica e procuramos identificar a razão (compreender) dessa excitação fisiológica de modo a nomear a emoção que lhe corresponde.

Myers, diz que:

A maioria dos psicólogos acredita hoje que a nossa cognição constitui um ingrediente essencial da emoção. Um desses teóricos é Stanley Schachter, que propôs uma teoria dos dois fatores, em que as emoções possuem dois ingredientes: excitação física e um rótulo cognitivo. Schachter presumiu que nossa experiência da emoção cresce a partir de nossa consciência da excitação do corpo. Como Cannon e Bard, Schachter também achava que as emoções são fisiologicamente similares. Assim, em sua opinião, uma experiência emocional exige uma interpretação consciente da excitação (1999, 292).

Essa teoria é denominada de Teoria Bifatorial de Schachter-Singer, que resumindo diz que as emoções produzem estados internos de excitação e nós procuramos no mundo exterior uma explicação para isso.



5) TEORIA DE PAPEZ



Papez acreditava que a experiência da emoção era primariamente determinada pelo córtex cingulado, e secundariamente por outras áreas corticais. Pensava-se que expressão emocional era governada pelo hipotálamo. O giro cingulado se projeta ao hipocampo, e o hipocampo se projeta ao hipotálamo pelo caminho do feixe de axônios chamado fórnix. Impulsos hipotalâmicos alcançam o córtex via relé no núcleo talâmico anterior.

Em 1937, o neuroanatomista James Papez demonstraria que a emoção não é função de centros cerebrais específicos e sim de um circuito, envolvendo quatro estruturas básicas, interconectadas por feixes nervosos: o hipotálamo com seus corpos mamilares, o núcleo anterior do tálamo, o giro cingulado e o hipocampo. Este circuito, o circuito de Papez, atuando harmonicamente, é responsável pelo mecanismo de elaboração das funções centrais das emoções (afetos), bem como de suas expressões periféricas (sintomas).



O circuito de PAPEZ



Figura 06

Estruturas do lobo límbico constituem o substrato neural das emoções.

Figura 07



6) CÉREBRO TRIÚNICO DE MACLEAN



Paul MacLean, aceitando, em sua essência, a proposta de Papez, criou a denominação sistema límbico e acrescentou novas estruturas ao sistema: as córtices órbito-frontal e médio-frontal (área pré-frontal), o giro para-hipocampal, e importantes grupamentos subcorticais: amigdala, núcleo mediano do tálamo, área septal, núcleos basais do prosencéfalo (região mais anterior do cérebro), e formações do tronco cerebral.



Figura 08



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:



TOASSA, Gisele. Vigotski contra James-Lange: crítica para uma teoria histórico-cultural das emoções. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642012000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=en. Acesso em 09/09/2016. 14:37p.



LOPES, Rosimeri Bruno. As emoções. Disponível em: https://psicologado.com/psicologia-geral/introducao/as-emocoes. Acesso em 09/09/2016. 14:48p.



Teorias Sobre o Papel das Estruturas Cerebrais na Formação das Emoções. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n05/mente/teorias.htm. Acesso em 09/09/2016. 14:50p.



CASANOVA, N.; SEQUEIRA, S.; SILVA, V. M. Emoções. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0132.pdf. Acesso em 09/09/2016. 17:14p.



OLIVEIRA, Amanda Ribeiro de (Professora e Doutora - UFSCar). Comportamento Emocional-Slides. Disponível em: http://www.4shared.com/office/AMaisYt-ce/COMPORTAMENTO_EMOCIONAL.htm. Acesso em 09/09/2016. 17:20p.



El cerebro emocional en los niños. Disponível em: http://educandoeldespertar.blogspot.com.br/2016/03/el-cerebro-emocional-en-los-ninos.html. Acesso em 09/09/2016. 17:34p.

sábado, 21 de abril de 2018

COMPORTAMENTO REFLEXO E OPERANTE: GENERALIZAÇÃO: TREINO DISCRIMINATIVO: ENCADEAMENTO: VARIABILIDADE: OPERAÇÕES ESTABELECEDORAS



RESUMÃO: PARA MAIORES INFORMAÇÕES LEIA OS TEXTOS DA BIBLIOGRAFIA :)

O QUE É EM TERMOS DE CONTINGÊNCIA? SUAS DIFERENÇAS:

COMPORTAMENTO REFLEXO
COMPORTAMENTO OPERANTE

RELAÇÃO                   S =====> R
Onde a função é ELICIAR a resposta, ou seja, ocasiona ou garante a ocorrência da resposta.
 

RELAÇÃO         S ====>  R ====> C
Onde a função é DISCRIMINAÇÃO da resposta, ou seja, a R é emitida e não eliciada.
SD é o que discrimina uma situação na qual a probabilidade de ocorrer uma resposta aumenta.
A discriminação estabelece a ocasião no qual se a R for emitida há alta probabilidade de ela ser reforçada,ou seja, aumenta a probabilidade da R.

Qual é o foco de análise? A ênfase está em que?

COMPORTAMENTO REFLEXO
COMPORTAMENTO OPERANTE

A ênfase está no ESTÍMULO
E no pareamento dos estímulos

A ênfase está na CONSEQUÊNCIA, pois é nela que há condicionamento.

Qual é o tipo de Causalidade?

COMPORTAMENTO REFLEXO
COMPORTAMENTO OPERANTE

Relação de NECESSIDADE

Relação Probabilística

Por meio de qual procedimento de Aprendizagem ocorre?

COMPORTAMENTO REFLEXO
COMPORTAMENTO OPERANTE

Do CONDICIONAMENTO REFLEXO, respondente ou Pavloviano que vai ocorrer via pareamento de S.

Do CONDICIONAMENTO OPERANTE, que vai ocorrer via Reforçamento.




O REFLEXO INATO:

EXISTEM TRÊS LEIS OU PROPRIEDADES DO REFLEXO INATO:

1. Lei da Intensidade/Magnitude: quanto > for a intensidade, > será a magnitude e quanto < for a intensidade, > será a magnitude.

2. Lei do Limiar: para todo reflexo, existe uma intensidade mínima do Estímulo necessária para que a resposta seja eliciada. Ex: A batida do martelo no joelho. É necessário que essa atinja uma intensidade mínima do S para que a resposta reflexa de movimento patelar ocorra. Se o limiar não for atingido a resposta não ocorrerá.

3. Lei da latência: Existe um tempo entre a apresentação de um S e a ocorrência da resposta. Quanto > for o S,> menor será a latência (tempo). Quanto < for o S, > será a latência (tempo) para que a resposta ocorra. Ex: uma luz (S) repentinamente forte rapidamente (espaço curto/tempo) terá como resposta reflexa a dilatação da pupila. Caso a luz (S) seja emitida de forma gradualmente crescente, a Resposta será mais demorada, ou seja, a latência (espaço longo/tempo) será maior.

O REFLEXO APRENDIDO/CONDICIONAMENTO PAVLOVIANO

1. O cond. Pavloviano ocorre na:

Apresentação de um estímulo neutro mais um estímulo incondicionado para uma resposta incondicionada (inata). Depois de ocorrer vários pareamentos ou emparelhamentos o estímulo condicionado eliciará uma resposta condicionada:

QUAL A DIFERENÇA DO REFLEXO CONDICIONADO E DO REFLEXO INCONDICIONADO?
A diferença está que o RI é inato, ou seja, não aprendido. É decorrente de uma necessidade. Ex: Fome (necessidade) – apresentação de comida (S) – salivação (R). Já a RC é eliciado (aprendido). Ex: Fome (necessidade) – som de uma sineta (fábrica) – salivação - apresentação da comida. Antes mesmo de ver a comida ou sentir fome a sineta do Intervalo na fábrica já gera a salivação porque o funcionário sabe que virá comida (está na hora) foi eliciado por pareamento.

Se um estímulo adquiriu função eliciadora significa que houve condicionamento.

3. Como ocorre a extinção respondente?

Retirando do evento definitivamente o Estímulo Incondicionado. Há o abortamento da eliciação, ou seja, acontece um “stop parada” do pareamento. Apresenta-se o SC (sineta) sem a presença do SI (comida), então o animal perceberá que aquele estímulo não está mais relacionado com a comida. Então, pode-se dizer que a extinção de uma resposta reflexa incondicionada é atingida quando o estímulo condicionado é apresentado sucessivas vezes sem a apresentação do estímulo incondicionado.

4. GENERALIZAÇÃO

Certa vez um estímulo neutro/condicionado eliciou “medo” numa criança via pareamento. Essa adquiriu medo de qualquer objeto parecido como Sn/Sc. A isso chamamos generalização, ou seja, após um condicionamento, estímulos que se assemelham fisicamente ao SC podem passar a eliciar a RC em questão. Estímulos semelhantes também adquirem função de eliciação. Ex: Uma criança eliciada por Sc adquire medo de rato, como no caso do Pequeno Albert, então as semelhanças entre o Sc e outros S eliciam também como resposta o medo. Então um coelho, algodão ou uma barba branca eliciam em maior ou menor grau a resposta condicionada “medo”. Há variação na Magnitude da resposta em função das semelhanças físicas entre os estímulos.


1. COMO OCORRE O CONDICIONAMENTO PAVLOVIANO DE ORDEM SUPERIOR?

Elicia uma segunda resposta condicionada via pareamento
Quando um SN é emparelhado com um SC temos um condicionamento de ordem superior. Ex: A buzina (SC) + A bola (SN) = Medo (RC)


2. COMO SE ESTABELECE UM CONTROLE DE ESTÍMULOS (DISCRIMINAÇÃO)/COMPORTAMENTO DIFERENCIAL?
EXIGE:

1. Pelo menos uma classe de Respostas

2. No mínimo duas situações:
Conjunto de Estímulos SD e Conjunto de Estímulos SΔ.

SD - Aumenta a probabilidade

SΔ – Diminui a probabilidade.

TREINO DISCRIMINATIVO: Reforçamento das respostas diante do SD e não do SΔ. EX:. O aluno manda mensagem de madrugada para o seu orientador profissional. O mesmo não responde nesse horário, mas responde no horário comercial, ou seja; no horário inadequado o aluno obtém nenhuma resposta, mas no horário convencional recebe a resposta. A tendência é começar a enviar mensagens no horário comercial.

Então, é um produto de uma história de reforçamento, onde o RDiferencial ocorrerá dependendo do S presente e também da apresentação de determinado S que vai alterar a probabilidade da emissão da R.

3. ENCADEAMENTO

Em uma cadeia de respostas o S (estímulo) tem duas funções: Quais?


A resposta produz um estímulo com duas funções.

Exemplo de Encadeamento:

Nome próprio:

R/SD   =======>   R/SD ===> R/SD ===> R/SD ===> R (Reforçador Final)

MONALISA DE FÁTIMA FREITAS CARNEIRO LEÃO
IMPORTANTE: A função de Reforçador Condicionado é pra resposta que já ocorreu e o Estímulo Discriminativo sinaliza a ocasião para a próxima resposta. 

O efeito do reforço sempre na resposta que ocorreu é para trás e o estímulo discriminativo para frente. TODO SD TEM FUNÇÃO DE REFORÇADOR CONDICIONADO.

1. VARIABILIDADE COMPORTAMENTAL:

Por que é importante?


Variabilidade é o que é selecionado. É a matéria prima para a atuação do processo de seleção. Ela é produzida pelo reforçamento.

Estudos mostram que há duas fontes de variabilidade. São elas:

a) Induzida: produzida indiretamente pelas contingências de reforçamento (reforço não contingente a variação).

b) Operante: produzida diretamente pelas contingências de reforçamento (reforço é contingente a variação, ou seja; ele depende da ocorrência da variação).

Variabilidade é suscetível ao controle operante?


Sim. Estudo da Variabilidade sobre controle operante. ➢Resultados de estudos sugerem que: reforçamento contingente aumenta a variabilidade comportamental. ➢Page e Neuringer (1985): variabilidade poderia ser diretamente controlada pelo reforço. ➢Critério de variação: Lag (exemplo Lag 1 = reforço se sequência).

2. OPERAÇÕES ESTABELECEDORAS:


AFETAM O COMPORTAMENTO DE DUAS FORMAS:


a) Estabelecedora: Valor reforçador das consequências aumenta a efetividade do reforçador. EX: Privação- A OE porque estabelece água como Reforçador.

b) Evocativa: Evoca resposta, ou seja; aumenta a frequência das respostas. Muito parecido com SD. EX: Privação – Evoca a resposta de alimento.

Existem dois tipos de OE:


Condicionadas:
São aprendidas. Ex: Cigarro na mão aumenta o valor reforçador do isqueiro.

As condicionadas são subdivididas em três tipos:

1. Substitutivas

2. Reflexivas

3. Transitivas


Incondicionadas:
Não são aprendidas. Inatas: Ingestão de sal/naturalmente a resposta é água, mudança de temperatura. 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Encadeamento:
Millenson, J. R. (1975). Princípios de análise do comportamento (A. A. Souza e D. Rezende, trads.). Brasília: Coordenada. Publicado originalmente em 1967. Cap. 12 (até a pg. 262).

Controle de estímulos:

Sério, T. M., Andery, A. A., Gioia, P. S., & Michelleto, N. (2008). Controle de estímulos e comportamento operante: Uma nova introdução. São Paulo: EDUC. Cap. 1 e 2

Variabilidade comportamental e estereotipia:
Abreu-Rodrigues, J., & Ribeiro, M. R. (Orgs.) (2007). Análise do Comportamento: Pesquisa, teoria e aplicação. Porto Alegre: Artmed, 2007. Cap. 11

Operações motivadoras:

Hubner, M. M. C., & Moreira, M. B. (2012). Temas clássicos da psicologia sob a ótica da análise do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara. Cap. V

Reflexo inato:
Moreira, M. M, & Medeiros, C. A. (2007). Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed. Cap. 1

Condicionamento pavloviano:
Moreira, M. M, & Medeiros, C. A. (2007). Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed. Cap. 2

Metodologia da pesquisa em AEC:
Sampaio, A. A. S., Azevedo, F. H. B., Cardoso, L. R. D., Lima, C., Pereira, M. B. R., & Andery, M. A. P. A. (2008). Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. Interação em Psicologia, 12(1), 151-164.

sábado, 14 de abril de 2018

E A SÍRIA COMO ESTÁ?

POR DAMARIS ALCÍDIA DA COSTA MELGAÇO

Em tempos de anúncio de guerra, para se pensar.

O mundo sempre foi disputa de poder e território.

As coisas foram evoluindo, mas territorialização foi a primeira ação humana para demonstrar poderio.

Mesmo no cultivo da agricultura em épocas mais remotas e as barganhas que já faziam do produto da terra a moeda de troca pelo trabalho. Se plantei é meu.
A vida evoluiu, as sociedades se agigantaram sempre por busca de territorialização e demarcação de espaços. Basta lembrar das grandes muralhas.
Fala-se tanto de um Capitalismo Industrial, mas a meu ver (rsrs) sempre foi assim porque a lógica é a mesma. Seja na concepção do estrangeiro, escravo de guerra, exilados em terra estranha aos vassalos, Suzeranos/Senhores Feudais.
A separação de classes sempre esteve ali. Sempre existiu o explorado e o explorador. Com a Industrialização apenas oficializou-se em nomenclatura o poder ditatório.
Dizem por aí (rsrs) que o homem inverteu as coisas dando ao Estado o status de Deus. Haja visto, nunca se viu tantos consumistas, reacionários, etc. Segundo esses pensadores "O mito da deidade" representa os desejos antropomórficos.
Balela! A deidade sempre existiu e continua existindo, embora essa ideia do abandono deístico por coisas nunca tenha sido recente ou novidade. Independente dos seus deuses os homens sempre delegaram aos seus imperadores esse poder. As tribos mais remotas sempre evocaram miticamente seus chefes e governantes e deram a eles esse status. Se não eram deuses detinham algum poder místico. Entenda que o Estado Capitalista apenas deu ao homem o que ele já buscara. Basta estudar a história dos povos para ver em todas as culturas essa gênese.
Deus sempre foi relegado a segundo plano. Porque ninguém quer viver do abstrato. Deus não representa o homem, pelo menos essa ideia de Deus Cristo e que é a base da cultura ocidental. Quem quer um Deus que prova amor se entregando, morrendo por amor. Quem quer um Deus que não veio estabelecer um governo humano? Não é um grande chefe guerreiro e libertador? Quem quer um Deus que diz para amar os inimigos e orar pelos que os perseguem? Quem quer um Deus que perdoa pecados e devolve dignidade aos homens? Quem quer um Deus que descortina as teias da religiosidade farisaica para uma verdade: "a podridão interna"? Ninguém quer esse Deus porque Ele não representa antropomorficamente a imago humana. Não é a toa que o Cristo foi dilacerado e consumido.


https://www.youtube.com/watch?v=DYxWM6Lgvq0


LEIA SOBRE:

http://www.scielo.br/pdf/mana/v4n1/2426.pdf

UMA ETNOLOGIA DOS “ÍNDIOS MISTURADOS”? SITUAÇÃO COLONIAL,

TERRITORIALIZAÇÃO E FLUXOS CULTURAIS*

João Pacheco de Oliveira

sexta-feira, 13 de abril de 2018

A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NA ESCOLA FRENTE À DIVERSIDADE


A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA  NA ESCOLA FRENTE À DIVERSIDADE
INICIANDO NOSSA CONVERSA

CIDADANIA – Qualidade de cidadão
DIVERSIDADE – diferença, dessemelhança
Questão primordial: Como integrar esses três conceitos
A Fundamentação Filosófica
O respeito à diversidade, efetivado no respeito as diferenças, impulsiona ações de cidadania voltadas ao reconhecimento de sujeitos de direitos, simplesmente por serem humanos.
Suas especificidades não devem ser elemento para a construção de desigualdades, discriminações ou exclusões, mas sim, devem ser norteadoras de políticas afirmativas  de respeito a diversidade, voltadas para a construção de contextos sociais inclusivos.

Fundamentos – dispositivos legais e políticos – filosóficos :


INCLUSÃO SOCIAL
Acolhimento à diversidade humana
Acesso aos espaços comuns da vida em sociedade (escola, família, lazer, trabalho, esporte, etc.)
Equiparação de oportunidades sociais.

Inclusão onde?


Diz respeito aos espaços onde ocorre (inclusão física, inclusão social, inclusão no mundo do trabalho, inclusão na escola...)

Inclusão de quem?

Diz respeito aos sujeitos aos quais se refere (minorias étnicas, religiosas, de grupos sociais em desvantagens, de pessoas que freqüentam ou não a escola, que estejam ou não em situação de deficiência...).
Inclusão como?

Diz respeito aos procedimentos utilizados para a sua efetivação, na prática.




A Escola Inclusiva é Espaço de Construção de Cidadania
A escola é um dos principais espaços de convivência social dos seres humanos. Ela tem papel primordial no desenvolvimento da consciência de cidadania e de direitos, já que é na escola que a criança e o adolescente começam a conviver num coletivo diversificado, fora do contexto familiar.
Barreiras...
Muitos estudantes encontram barreiras para se encaixar no esquema escolar rígido que ignora sua realidade cotidiana de vulnerabilidade social ou o simples fato de que muitos estudantes não encontram na escola sentido para suas vidas...
Ainda na escola...


...pressupõe a remoção de barreiras para a aprendizagem e para a participação de todos, o que significa pensar nas barreiras enfrentadas pelos alunos e naquelas experimentadas pelos educadores e pelas famílias, interferindo no processo de construção dos conhecimentos, pelos alunos.” (CARVALHO, 2004)

QUEM SÃO OS ALUNOS QUE
FRACASSAM NA ESCOLA?

•Gênero?
•Etnia?
•Classe Social?
•Trajetória Escolar?
•Quais particularidades/diferenças apresentam?


Grupos sociais em desvantagem sócio-econômica, como pessoas com deficiência, crianças e jovens indígenas, quilombolas, crianças de rua ou áreas remotas.
Além daqueles que tem acesso, mas sofrem com a crença de que não são capazes de aprender.
O alto número de alunos e alunas que fracassam e se evadem das escolas brasileiras torna necessário e urgente – além de garantir o acesso a matrícula – a revisão do processo educacional enquanto cultura, políticas e práticas existentes afim de identificar procedimentos excludentes.

PAPEL DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
Objetivo maior de toda a educação escolar:
Formar cidadãos autônomos, capazes de atuar com competência e dignidade no exercício de seus direitos e deveres, assumindo a valorização da cultura de sua própria comunidade, ou seja exercer plenamente a cidadania.
Família, Escola e Cultura
 A cultura e a educação têm relações profundas que precisam ser consideradas.
Tanto a família como a escola ou educação escolar são responsáveis pela formação cultural, porém segundo Erny (apud Turquino, 2007) a família exerce essa ação informalmente, sem perceber, enquanto a escola de forma formal. 
Sociedade e cultura
Tanto a sociedade como a cultura operam na construção do indivíduo.
A sociedade organiza e estrutura os grupos humanos.
A cultura imprime as maneiras de viver e pensar.
Logo o indivíduo é produto de sua cultura  e carrega uma visão de mundo de acordo com sua cultura.
A cultura é para nós o que a água é para o peixe. [...] é na cultura que se geram a consciência e o pensamento. Nós somos paridos pela cultura; vivemos dentro e ela é o ambiente humano. (Pantoja, 1999)

Aprendendo a ser cidadão
Ser cidadão é algo que se aprende nas interações com os grupos, no cotidiano, na convivência com seus pares , nas experiências de vida.

A cidadania não se dá como algo natural e inato nas pessoas, é construída.
 A cultura é um alicerce para realizar tal tarefa. É pelo seu fortalecimento e valorização que se desenvolve nas pessoas o sentimento de pertencer, o que é uma base para a cidadania. Por isso a necessidade de reforçarmos em nosso ambiente cultural, na casa e na escola, os valores democráticos e humanísticos.

Educando para a cidadania na família

A família é o primeiro mundo da criança, o lugar onde se tem a oportunidade de desenvolver a afetividade, o aconchego, a proximidade das relações humanas. É também um lugar de conflitos, de aprendizagem de limites, de reconhecimento de erros e de reconciliação.
A criança precisa de referência da família e de certeza de pertencer a ela.

Educando para cidadania na escola

Para poder participar dos frutos do progresso tecnológico, não basta acesso a eles, mas competência e  habilidade para bem usá-los em benefícios de todos.
Tornamo-nos aprendizes na sociedade do conhecimento; cada vez mais é preciso saber lidar com novas situações  que se apresentam no cotidiano profissional e comunitário.

REFERÊNCIAS:

DUCK,  Cynthia (org.). Educar na diversidade: material de formação docente. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial, 2005.

TURQUINO, Gisele Braile. Papel da educação e da cultura na construção da cidadania. (In) TORRES, Patricia Lupion (org.). Alguns fios para entretecer o pensar e o agir. Curitiba: SENAR/PR, 2007.

BRASIL. CP. Código Penal. Lei nº7716, de 05 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.

BRASIL. CP. Código Penal. Lei nº9459, de 13 de maio de 1997. altera os arts. 1º e 20 da Lei 7716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, e acrescenta parágrafo no art. 140 do decreto-lei e 2848, de 7 de dezembro de 1940.

BRASÍLIA. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Documento elaborado pelo grupo nomeado pela portaria nº555/2007, prorrogada pela portaria nº948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008.
 


Das introspecções de o ovo e a galinha em Clarice Lispector.

Ilustração da obra Tacuinum Sanitatis Quem sou eu para desvendar tal mistério se nem mesmo Clarice desvendou, embora intuitivamente eu o sai...