sexta-feira, 13 de abril de 2018

ANDERY, M. A. Et.al. Para Compreender A Ciência: Uma Perspectiva Histórica.

FICHAMENTO DE LEITURAS 

Tipo: Livro DIGITAL 

CITAÇÕES: P. 395 P.396 


Assunto /Tema: Ciência – Metodologia - Filosofia 




Referência Bibliográfica: 


ANDERY, M. A. Et.al. Para Compreender A Ciência: Uma Perspectiva Histórica. 6ª ed. São Paulo: Educ, 1996. 436p (digitalizado) 


Cap. 22 – A prática, a história e a construção do conhecimento: Karl Marx (1818-1883) 




Resumo/Conteúdo de interesse: 


Dois grandes momentos dividem o Séc. XIX: 

Até 1848 - crescimento e expansão do capitalismo nos países industrializados. Economia e ciências avançam juntas. Simultaneamente crescem também a classe trabalhadora, a pobreza e a consciência política (socialismo). 

Defensores afirmavam ser o capitalismo o sistema capaz de mudar o mundo, enquanto outros afirmavam que esse era o responsável pela crise e pobreza. Mudanças, para esses, só ocorreriam mediante reordenação econômica e política. 

 Em 1848 essas mudanças são buscadas com a explosão do Período Revolucionário na Europa. 

Nesse momento, trabalhadores lutavam por transformações socialistas. Classe média e burguesia buscavam soluções amenas. Para os trabalhadores essa luta foi um fracasso, porém para o capitalismo, como sistema permitiu mudanças significativas e solução de problemas até então enfrentados. 

A partir da segunda metade do Séc. XIX: novo momento de desenvolvimento capitalista: expansão mundial, da indústria e formação de um sistema internacional. Propostas e governos de cunho nacionalista e liberal, unificação da Alemanha e Itália na economia e política. 

Para a classe trabalhadora avanço em organização e propostas mais elaboradas. Ex: Primeira Internacional e Comuna de Paris (tentativa revolucionária). 


KARL MARX (1818/1883) – Trier/Renania – Prússia): 


Formação em Direito. 

1837-1841 (Berlim): primeiro contato com Hegel. Seguidores divididos em hegelianos de direita e de esquerda. Direita: Espírito absoluto - fim previsto - visão teológica/histórica. O estado tem papel preponderante. Esquerda: libertar do conservadorismo, filosofia crítica que se opõe a concepção liberal e democrática. O Estado é forte. O homem é o sujeito e esse é ativo e consciente. Marx defendeu essa visão. 

1841: tese de doutorado (filosofias de Demócrito e Epicuro comparadas). Desistiu de lecionar na Universidade. Perseguição aos hegelianos de esquerda. 

1842: redator-chefe na Gazeta Renana. 

1843: fechamento desse jornal pelo governo Prussio. Despertamento por problemas sociais e políticos de sua época. 

Marx mudou-se para a França (Paris) juntamente com outros hegelianos fundou os Anais Franco-alemães que teve uma única publicação (02/1844). Contato com artigo crítico de Engels sobre economia política. 

1844: Marx e Engels escreveram A Sagrada Família (critica a Bruno, Edgar e Bauer por exaltarem a elite intelectual na transformação social em detrimento a classe trabalhadora). Rompimento com a esquerda hegeliana. 

1845/1848: mudou-se para Bruxelas (Bélgica) por questões políticas. Grande desenvolvimento intelectual e político na companhia de Engels. Escreveram o Manifesto Comunista e A ideologia Alemã. 

1848: volta a Alemanha. Funda o jornal Nova Gazeta Renana. 

1849: fecha o jornal. Muda-se para Londres e dá continuidade as atividades políticas e intelectuais. Viveu em Londres até sua morte em 1883. 


Textos importantes para o movimento operário de sua época e transformações sociais (questões políticas): 


Manifesto Comunista; 

Salário, preço e lucro (1864); 

A Guerra Civil na França (1871); 

Crítica ao Programa de Gota (1875). 


Destaque da Obra de Marx: 


Manuscritos econômico-filosóficos (1844); (Conhecido e Publicado na metade do Séc. XX). 

Miséria da Filosofia (1847); 

A ideologia Alemã (1848) – Co-autor: Engels; 

Manifesto Comunista (1848) - Co-autor: Engels; 

O dezoito Brumário de Luís Bonaparte (1852); 

Esboços do Fundamento da crítica da Economia política (1857/58); 

Para a crítica da Economia Política (1859); 

O capital (1867 – Livro I); (1885 e 1894 – Livro II e III, por Engels); 


Influências na concepção de Marx: 


Sistema filosófico de Hegel: Marx & Hegel = recuperação e proposição da dialética como perspectiva para se compreende o real e para se construir conhecimento. 

Feuerbach (hegeliano de esquerda): faz crítica a Hegel na questão religiosa. Para ele o homem cria dependências das qualidades e poderes das divindades, porém elas nada mais são que criação humana que refletem as virtudes humanas num processo de alienação. Concepção materialista e naturalista de homem. 

Economistas Clássicos Ingleses: Adam Smith e Ricardo. Críticas as suas teorias e reinterpretação delas na formulação de sua teoria. Ex: Valor do trabalho. 

Socialistas Utópicos: Owen, Fourier e Saint Simon. Surgimento da problemática Marxista: possibilidade de construção de uma nova sociedade. Abordagem científica da sociedade capitalista e das condições de sua transformação. 

Engels: Grande interlocutor de Marx, colaborador, co-autor, editor, companheiro de lutas políticas e amigo. A ideologia Alemã (1848) –Manifesto Comunista (1848) - Co-autor: Engels; e Livro II e III de O Capital a partir de esboços deixados por Marx. 


O pensamento de Marx: 


A compreensão da sociedade está baseada nas relações econômicas e no entendimento de suas relações históricas, políticas e ideológicas. As condições materiais são a base da sociedade e de toda a formação burocrática e de valor. 

Tanto a base da sociedade como a característica fundamental do homem estão no trabalho. O homem se faz homem do e pelo trabalho, constrói a sociedade e a transforma, fazendo história. Essa transformação se dá por meio de contradições, antagonismos e conflitos. 

A transformação e o desenvolvimento da sociedade são resultado das contradições criadas dentro dela, ou seja, por saltos (revoluções) de homens. 

A matéria existe independentemente da consciência, as ideias são o material transposto para, traduzido pela consciência humana. O ser social determina a consciência e tem primazia sobre ela. 

Seu ponto de vista é materialista. A matéria, o mundo existe independentemente do homem. A base dessa concepção materialista é a concepção de natureza e da relação do homem com a mesma. 

O homem é parte da natureza, mas não se confunde com ela. Usa e transforma a natureza com consciência de sua ação e de suas necessidades. 

Compreender o homem implica em compreender a sua relação com a natureza, pois é aí que o mesmo se transforma e constrói e também a própria natureza. 

O homem é capaz desse processo de construção e transformação porque se reconhece e reconhece ao outro nesse caminho. 

O homem é uma espécie natural, porem se distingue porque pensa e produz além de suas necessidades imediatas. Portanto, o homem é ser genérico que objetiva a si mesmo e constrói a própria natureza que se torna, ela também, produto do homem. 

A natureza humanizada é construída por meio de uma atividade prática e consciente: O TRABALHO – ATIVIDADE PRODUTIVA CONCRETA, que tem papel central no pensamento de Marx. 

É pela produção que o caráter social e histórico do homem se descortina. As leis que regem o homem são humanas e se constroem no decorrer da história. 

O homem entende outro homem pelas interações sociais e é isso que historicamente o distingue do outro, embora juntos busquem uma unidade, já que seu olhar se volta para a coletividade. 

Juntos eles se constroem social e historicamente, pois mesmo quando a necessidade imediata é individual ela é caracterizada como social, pois o trabalho (atividade humana) objetiva sempre o social. 

As necessidades materiais sempre se transformam, alteram e se substituem na história, por isso elas sofrem mudanças históricas. 

A concepção de que não há uma essência humana dada e imutável faz parte da noção da constituição do homem como ser histórico e social. O mesmo ocorre com o mundo, instituições, sociedade e natureza, ou seja; não tem essência dada, mas se constituem historicamente. 

Portanto, Marx nega a concepção de uma natureza humana pronta e imutável, que seja externo e independente ao homem. 

Existem uma diferença entre aparência (como as coisas aparecem) e essência (como as coisas realmente são). 

O conhecimento então, deve desvendar aquilo que constitui um fenômeno e que está obscuro. O método deve permitir esse desvendamento. 

Dessa forma o método deixa de ser uma mera coleta de dados empíricos abstratos, e deixa de ser um mero exercício de reflexão sem compromisso com os dados de realidade. 

O conhecimento científico envolve teoria e práxis: correlaciona o conhecimento do mundo e a prática, ou seja; uma prática que depende do conhecimento, e esse, deve ser comprometido com uma via de transformação. 

Esses pressupostos do estudo da história podem estender-se a outros campos de investigação, por isso podem ser considerados pressupostos metodológicos gerais. 

Para se compreender um fenômeno é preciso desvendar as conexões e relações de pertencimento que o constituem e que lhe inserem na totalidade. Totalidade essa que o determina e que não pode ser extraída sem que haja perda do entendimento dos movimentos que geram esse fenômeno. 

Na construção do conhecimento o homem não é um mero receptor, mas um ser ativo e capaz de produzir novas culturas e concepções. Ele reconstrói no seu pensamento esse mundo e o faz. 



Local: 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Das introspecções de o ovo e a galinha em Clarice Lispector.

Ilustração da obra Tacuinum Sanitatis Quem sou eu para desvendar tal mistério se nem mesmo Clarice desvendou, embora intuitivamente eu o sai...