segunda-feira, 23 de abril de 2018

TEORIA DAS EMOÇÕES: BASES BIOLÓGICAS




TRABALHO SOBRE TEORIA DAS EMOÇÕES



1) TEORIA DE JAMES-LANGE



Esta teoria é conhecida como teoria de James-Lange, porque essa mesma teoria era defendida por Carl Lange. Segundo essa teoria (1884) o indivíduo percebe um estímulo (S) ameaçador e tem como reação (R) sintomas fisiológicos desprazerosos, como o medo. Seu slogan poderia ser: “a emoção é a sensação”.

Uma pessoa sente medo porque o seu corpo respondeu com determinadas reações fisiológicas a uma situação. Perante uma situação de emergência, primeiro o homem reage e foge e é por fugir que sente medo. Estamos emocionados porque o nosso corpo se emociona.

James e Lange propunham-se a estudar as emoções-padrão que tinham expressão corporal determinada e óbvia: surpresa, curiosidade, êxtase, medo, raiva, luxúria, cobiça etc. Essas emoções recebiam uma classificação entre os processos sensoriais do cérebro a partir da percepção de objetos externos. James defendeu que as mudanças corporais poderiam ser percebidas antes mesmo de serem produzidas. Eles postulam que não choramos porque estamos tristes, mas ficamos tristes porque choramos.

Para os teóricos nenhum conteúdo cognitivo poderia gerar isoladamente uma emoção. Para eles todas as percepções cognitivas, ou seja, da consciência eram de origem periférica.

Uma ilustração dada por essa teoria é a do feedback facial que nada mais é do que imitar a expressão facial das emoções livremente. Essa por sua vez desencadeará as reações fisiológicas e de humor correspondentes. As emoções consistem da percepção das alterações fisiológicas desencadeadas pelo estímulo emocional. A resposta emocional (comportamental e autonômica) precede a experiência emocional. O sentimento é a última instância.

Estímulo (S) – Resposta corporal (R) - Sentimento

Figura 01



2) TEORIA DE CANNON-BARD



Walter Cannon em 1927 propôs uma teoria alternativa, baseando-se nas investigações de Philip Bard. Na teoria Cannon-Bard, o estímulo (S) ameaçador produz em primeiro lugar um sentimento de medo, causando posteriormente no indivíduo, uma reação (R) física (tremores, sudorese, dilatação da pupila e etc.). O sentimento ocorre simultaneamente à resposta corporal.

De acordo com essa teoria, as emoções têm origem no cérebro, ocorrem ao mesmo tempo que as reações fisiológicas, mas não são causadas por estas. Segundo essa Teoria, os estímulos emocionais têm dois efeitos excitatórios independentes: Provocam o sentimento da emoção no cérebro bem como a expressão da emoção no sistema nervoso autônomo e somático. Tanto a emoção como a reação a um estímulo seriam simultâneos. Assim, numa situação de perigo, o indivíduo perante um estímulo ameaçador sente primeiro medo e depois tem a reação física, foge.

A experiência emocional resulta da ativação de circuitos no SNC. Em resumo, quando o indivíduo se encontra diante de um acontecimento que, de alguma forma, o afeta, o impulso nervoso atinge inicialmente o tálamo e aí, a mensagem se divide. Uma parte vai para a córtex cerebral, onde origina experiências subjetivas de medo, raiva, tristeza, alegria, etc. A outra se dirige para o hipotálamo, o qual determina as alterações neurovegetativas periféricas (sintomas). Ou seja, por esta teoria, as reações fisiológicas e a experiência emocional são simultâneas. O erro essencial da teoria Cannon-Bard foi considerar a existência de um "centro" inicial (o tálamo) para a emoção.



Estímulo (S) – SNC – Sentimento x Resposta corporal (R)

Figura 02



James-Lange X Cannon-Bard

O gráfico contrasta as duas teorias. Ambas recebem o mesmo estímulo, porém enquanto a (J-L) reage no corpo (resposta visceral) como a expressão máxima para então experienciar a emoção a (C-B) vive a experiência emocional no SNC simultaneamente à expressão emocional.



Figura 03



3) TEORIA DA ATIVAÇÃO DE LINDSEY



Esta teoria procura explicar as reações emocionais através de uma ativação cortical seletiva. Essa ativação seria originada no sistema ativador reticular ascendente (SARA), aonde os impulsos somáticos e viscerais que chegam ao SNC seriam integrados.

O hipotálamo, segundo Lindsey (1951), considerou que os impulsos somáticos e viscerais convergiam para formação reticular do tronco encefálico. Os impulsos seriam, então, integrados e distribuídos ao hipotálamo, de onde estimulariam o centro encefálico das reações de despertar, e também ao sistema talâmico difuso, através do qual atuariam o córtex.

Quando as aferências desse sistema são baixas, o organismo está relaxado e atividade elétrica do cérebro assemelha-se a do sono, ao aumentar essa aferência, o organismo alerta-se e orienta-se em direção ao estimulo: a atividade elétrica, então assemelha-se a do despertar, ou seja, atividade rápido em baixa voltagem.

Lindsey aceitou o hipotálamo como sede primaria na organização da expressão emocional, resultando, entretanto, o fato de que a substância reticular deve ser ativada para que qualquer expressão emocional se torne significativa.

Considerou o sistema reticular responsável pela gênese da excitação e da atenção em cujos parâmetros as várias formas de emoções poderiam se manifestar-se por meio do hipotálamo.

Figura 04

Diagrama da substância ativadora reticular ascendente (SARA) e suas principais conexões. Os estímulos sensoriais enviam informações inespecíficas para a formação reticular. Vias aferentes que ascendem a áreas corticais específicas também enviam colaterais para a formação reticular (setas). As eferências da formação reticular são distribuídas difusamente para todas as áreas corticais. A partir de evidências obtidas desde as descobertas de Magoun, em 1954, sabemos que no seio da formação reticular estão imersos diversos núcleos contendo neurotransmissores específicos (acetilcolina, dopamina, serotonina, noradrenalina) que não estão representados na figura.



4) TEORIA COGNITIVA-FISIOLÓGICA



Consideram que o córtex cerebral interpreta as mudanças fisiológicas de acordo com as informações referentes à situação a fim de determinar quais emoções estamos sentindo.



Figura 05



As teorias cognitivistas afirmam que os processos cognitivos, como as percepções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções. Uma situação provoca uma reação fisiológica e procuramos identificar a razão (compreender) dessa excitação fisiológica de modo a nomear a emoção que lhe corresponde.

Myers, diz que:

A maioria dos psicólogos acredita hoje que a nossa cognição constitui um ingrediente essencial da emoção. Um desses teóricos é Stanley Schachter, que propôs uma teoria dos dois fatores, em que as emoções possuem dois ingredientes: excitação física e um rótulo cognitivo. Schachter presumiu que nossa experiência da emoção cresce a partir de nossa consciência da excitação do corpo. Como Cannon e Bard, Schachter também achava que as emoções são fisiologicamente similares. Assim, em sua opinião, uma experiência emocional exige uma interpretação consciente da excitação (1999, 292).

Essa teoria é denominada de Teoria Bifatorial de Schachter-Singer, que resumindo diz que as emoções produzem estados internos de excitação e nós procuramos no mundo exterior uma explicação para isso.



5) TEORIA DE PAPEZ



Papez acreditava que a experiência da emoção era primariamente determinada pelo córtex cingulado, e secundariamente por outras áreas corticais. Pensava-se que expressão emocional era governada pelo hipotálamo. O giro cingulado se projeta ao hipocampo, e o hipocampo se projeta ao hipotálamo pelo caminho do feixe de axônios chamado fórnix. Impulsos hipotalâmicos alcançam o córtex via relé no núcleo talâmico anterior.

Em 1937, o neuroanatomista James Papez demonstraria que a emoção não é função de centros cerebrais específicos e sim de um circuito, envolvendo quatro estruturas básicas, interconectadas por feixes nervosos: o hipotálamo com seus corpos mamilares, o núcleo anterior do tálamo, o giro cingulado e o hipocampo. Este circuito, o circuito de Papez, atuando harmonicamente, é responsável pelo mecanismo de elaboração das funções centrais das emoções (afetos), bem como de suas expressões periféricas (sintomas).



O circuito de PAPEZ



Figura 06

Estruturas do lobo límbico constituem o substrato neural das emoções.

Figura 07



6) CÉREBRO TRIÚNICO DE MACLEAN



Paul MacLean, aceitando, em sua essência, a proposta de Papez, criou a denominação sistema límbico e acrescentou novas estruturas ao sistema: as córtices órbito-frontal e médio-frontal (área pré-frontal), o giro para-hipocampal, e importantes grupamentos subcorticais: amigdala, núcleo mediano do tálamo, área septal, núcleos basais do prosencéfalo (região mais anterior do cérebro), e formações do tronco cerebral.



Figura 08



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:



TOASSA, Gisele. Vigotski contra James-Lange: crítica para uma teoria histórico-cultural das emoções. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642012000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=en. Acesso em 09/09/2016. 14:37p.



LOPES, Rosimeri Bruno. As emoções. Disponível em: https://psicologado.com/psicologia-geral/introducao/as-emocoes. Acesso em 09/09/2016. 14:48p.



Teorias Sobre o Papel das Estruturas Cerebrais na Formação das Emoções. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n05/mente/teorias.htm. Acesso em 09/09/2016. 14:50p.



CASANOVA, N.; SEQUEIRA, S.; SILVA, V. M. Emoções. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0132.pdf. Acesso em 09/09/2016. 17:14p.



OLIVEIRA, Amanda Ribeiro de (Professora e Doutora - UFSCar). Comportamento Emocional-Slides. Disponível em: http://www.4shared.com/office/AMaisYt-ce/COMPORTAMENTO_EMOCIONAL.htm. Acesso em 09/09/2016. 17:20p.



El cerebro emocional en los niños. Disponível em: http://educandoeldespertar.blogspot.com.br/2016/03/el-cerebro-emocional-en-los-ninos.html. Acesso em 09/09/2016. 17:34p.

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