quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Psicodiagnóstico (Cap. 2 TRINCA)

Autor(es):

Trinca, Walter e cools.

Organizador (es):

Trinca, Walter

Coordenador (es):

Clara Regina Rappaport

Editor (es):

Editora Pedagógica e Universitária Ltda

Tradutor:

Não consta

Título e subtítulo da obra:

Diagnóstico psicológico: prática clínica

Título e subtítulo do capítulo 2:

Processo diagnóstico de tipo compreensivo

Autor (es) do capítulo:

Walter Trinca

Edição:

Local de publicação:

São Paulo

Editora:

E.P.U

Data da publicação:

1984

Coleção:

Temas Básicos de Psicologia

Páginas:

111 p.

Intervalo de páginas do capítulo:

1-13 pp.

Volume:

11

(para livros na internet) Disponível em:








file:///C:/Users/Cliente/Downloads/[TRINCA,%20W.]%20Diagn%C3%B3stico%20Psicol%C3%B3gico%20-%20a%20pr%C3% A1tica %20cl%C3%ADnica.pdf

p. 14 (2.1. Introdução)

ü  “Processo diagnóstico é a forma resultante de determinada organização e estruturação dos elementos de um estudo de caso, realizado segundo certa concepção diagnóstica (p. 14)”.

ü  Obedece a uma sequência de etapas e períodos para atingir os objetivos do diagnóstico. Essas etapas e períodos possuem uma base teórica e prática que são classificadas de acordo com os tipos teóricos existentes:

  1. Processo psicométrico: psicólogo é “[...] um aplicador e avaliador de testes psicológicos [...]” com pouco contato aos “[...] aspectos parciais da personalidade do paciente [...]”, cuja objetividade “[...] evita maiores compromissos profissionais com a vida pessoal e afetiva do paciente, prejudicando a integração dos dados numa visão globalizadora (p. 14)”.
  2. Processo comportamental: “[...] observação objetiva, exclusão de apreciações a respeito do mundo interno, [...] referenciais extraídos da Psicologia da Aprendizagem, [...] programas desenvolvidos pela Psicologia Experimental, [...] noções de condicionamentos clássico e operante (p. 14)”.
  3. Processo psicanalítico: “[...] concepção predominante, [...] diagnóstico deve configurar uma espécie de antevisão dos fenômenos [...] (p. 14).”.
  4. Processo baseado no modelo médico: “[...] transposição, para o diagnóstico psicológico, [...] noções advindas do diagnóstico clínico em medicina, [...] visão médica, [...] impregna o diagnóstico psicológico neste processo, toma a vida emocional em termos similares àqueles empregados para o organismo, [...] objeto concebido como doente, próprio para ser manipulado, dissecado, tratado etc. (p. 14).”.
  5. Processo compreensivo: parte da necessidade de abarcar uma variação grande de causas que se apresentam nos estudos de caso. “[...] significa abraçar, tomar e apreender o conjunto. (p. 14)”.  Procura dar sentido a um conjunto de informações, ou seja, busca as relevâncias significativas da personalidade através de um contato pessoal empático cuja profundidade das emoções será buscada. Na Psicologia Clínica, caracteriza-se por dar ênfase às particularidades do indivíduo, utilizando-se de metodologia própria na busca de soluções e empregando referenciais diversos confrontando as metodologias que caminham em uma única via afastando o indivíduo de sua integralidade. É um processo amplo das ““dinâmicas intrapsíquicas, intrafamiliares e sócio-culturais, como forças e conjuntos de forças em interação, que resultam em desajustamentos individuais”.” (Trinca, 1983, p. 17 apud Trinca, 1984, p. 14). Procura avaliar destacando aspectos intelectuais, psicomotores e emocionais não deixando de enxergar o indivíduo como um ser integral.

 p. 16 (2.2. Fatores estruturantes do processo compreensivo)

ü  “No caso do processo diagnóstico de tipo compreensivo encontramos, comumente associados em um mesmo estudo de caso, os seguintes principais fatores estruturantes:[...]” (p. 16)

p. 16 e 17 (2.2.1. Objetivo de elucidar o significado das perturbações)

ü  Primeiramente há uma busca por trazer a tona o significado do desajuste que trouxe a pessoa até a clínica. O compromisso do profissional está na compreensão da queixa, dos sintomas e dos distúrbios. Busca captar as mensagens do inconsciente.

ü  Enquanto o modelo médico dá uma explicação etiológica, ou seja, nomeia o fenômeno pelos sintomas, o modelo compreensivo busca deixar evidentes as

atividades dos distúrbios e os motivos inconscientes que mantém o comportamento. Exemplo: uma criança com enurese, segura o “xixi” para assegurar sua autonomia. Poderia significar liberdade em relação a uma mãe dominadora, ou o sintoma seria a maneira que ela encontra para exprimir o conflito com a mãe real ou com a mãe internalizada – “conflito intrapsíquico”.

ü  O objetivo do psicólogo é enxergar além do que se apresenta e trazer à luz os determinantes que originam os distúrbios, fazendo uso de referencial psicanalítico. Melanie Klein explicaria essa apreensão como uma tentativa de alcançar os vértices que originaram a angústia e a fantasia inconsciente que são os responsáveis pelos desencontros da personalidade, mas que se bem observados podem ser ricas fontes para o desenvolvimento do indivíduo.

p. 17 (2 .2 .2 . Ênfase na dinâmica emocional inconsciente)

ü  A abordagem psicanalítica é preponderante nesse processo, por essa razão o psicólogo deve estar habituado a fazer uso desses referenciais. O constante uso de entrevistas, anamnese, testes projetivos torna necessário que o profissional reconheça os fenômenos inconscientes e sua dinâmica, bem como a dinâmica dos conflitos, a estrutura e a organização latente da personalidade. Necessita ainda, conhecer a dinâmica familiar e as disputas que permeiam essas relações e que se dão inconscientemente.

ü  Outro fator importante é reconhecer os processos de transferência e contratransferência e saber lidar com eles, já que o profissional experiente possui habilidades experienciadas de lida com o mundo interno. A reflexão sobre os próprios sentimentos envolvidos durante o setting.

ü  A associação livre como pedra angular da psicanálise é de suma importância para a compreensão da totalidade desse indivíduo. As entrevistas livres com a dinâmica familiar constituem um uso modificado dessa técnica para fins diagnósticos.

p. 17, 18 (2.2.3. Considerações de conjunto para o material clínico)

ü  O diagnóstico do tipo compreensivo é um contexto de diagnóstico, porque leva em consideração todos os aspectos que envolvem o encaminhamento daquele paciente até a sua resolução final. É uma visão de conjunto de material a fim de estabelecer o produto da clínica. É uma análise global. É esse contexto que dará prosseguimento à investigação.

ü  Todo esse contexto desde o contato com quem encaminhou, bem como a família e o paciente, seu ambiente social, cultural, considerações observadas, entrevistas realizadas, testes em contexto, técnicas investigativas, o próprio material biopsicossocial do profissional, bagagens de conhecimento clínico, teórico e de referências compõem o todo que auxiliará na totalidade dos dados.

[...] um diagnóstico psicológico de tipo compreensivo realiza um levantamento exaustivo de dados e informações, abrangendo os múltiplos aspectos da personalidade do paciente, do ambiente familiar e social deste, e da interação entre esses fatores [...] contexto diagnóstico é tudo o que ocorre de modo significativo na realização de determinado estudo diagnóstico [...] (p. 18).

p. 18-19 (2.2.4. Busca de compreensão psicológica globalizada do paciente)

ü  Para realizar uma avaliação psicodiagnóstica é preciso mensurar a totalidade de um indivíduo, por isso na avaliação diagnóstica compreensiva procura-se por na balança todas as forças constitutivas de um ser humano, entre elas as

 

ü  Intrapsíquicas, cujo conhecimento elucida o hoje vivido e o desenvolvimento enquanto processo evolutivo, as Intrafamiliares que pontuam decisoriamente nos processos psicopatológicos e psicopatogênicos e as Socioculturais que constituem dados básicos para elucidação do caso.

Interessam-nos, principalmente, as estruturas psicopatológicas e as disfunções dinâmicas que se inserem no arcabouço sadio da personalidade, as bases de funcionamento da personalidade em seus vários níveis, os traços de caráter, a organização e a estruturação da personalidade, com atenção especial à distinção entre estruturas neuróticas e psicóticas, os elementos constitutivos da personalidade, sua interação com o mundo externo etc. (p. 19).

p. 19-20 (2.2.5. Seleção de aspectos centrais e nodais)

ü  A escolha seletiva é central para que uma conclusão de orientação segura ocorra. Essa escolha se aterá a fatos relevantes e essenciais, não que os fatores irrelevantes sejam ignorados, mas os determinantes mais significativos são elencados com prioridade.

Com alguma experiência, o psicólogo pode visualizar, no contexto diagnóstico, as principais forças e conjuntos de forças psicopatológicas e psicopatogênicas que se ressaltam por sua intensidade, repetição, colorido emocional, modo peculiar de se comportar, dano produzido etc. (p. 19).

ü  Nos casos onde o emocional encontra-se em desordem os fatores como angústia e fantasias inconscientes mantém o organismo em desequilíbrio e são os pontos chamados de nodais ou centrais, ou seja, eles precisam vir a tona, pois integram assertivamente o desenvolvimento patológico. São “[...] núcleos destes processos e devem ser diferenciadas dos aspectos secundários que, inevitavelmente, gravitam ao redor dos núcleos”. (p. 20)

p. 20-21 (2.2.6. Predomínio do julgamento clínico)

ü  1950 – Controvérsias entre estudiosos sobre testes quantitativos e análises clínicas. A grande ênfase a cientificidade dos testes, validação e constructos lógicos punham em dúvida a validade dos julgamentos clínicos de métodos clínicos.

ü  Ao longo dos anos houve mudanças em relação a isso, pois “[...] os testes psicológicos objetivos não podiam abarcar a maioria dos problemas humanos com que um psicólogo clínico habitualmente se defronta [...] (p. 20)”.

O modelo diagnóstico de tipo compreensivo não dispensa o uso de testes psicológicos objetivos; coloca-os a serviço do julgamento clínico. Este, por sua vez, depende do grau de evolução profissional e maturidade alcançado pelo psicólogo em suas atividades clínicas (p. 21).

p. 21 (2.2.7. Subordinação do processo diagnóstico ao pensamento clínico)

ü  No diagnóstico psicológico de tipo compreensivo, a maneira como se constrói o processo diagnóstico fica sob o comando do tipo de pensamento com que o estudo de caso será conduzido. Isso significa que o processo diagnóstico mais uniforme, imutável e generalizador será precedido de uma maior flexibilidade no tratamento dos contextos mentais em ascensão.

ü  Cada caso clínico permite que ocorra pelo menos uma forma de pensamento a ele relativa. O processo diagnóstico se estrutura em conformidade com essa forma (p.21).

ü  Elementos no contexto diagnóstico (testes psicológicos, por exemplo) ficam na dependência das exigências do pensamento clínico em questão (p.21).

ü  O processo diagnóstico é estruturado no contexto de relações significativas dadas pelo pensamento clínico, e não através de justaposições cegas de elementos ou arranjos das informações como “colchas de retalhos” (p.21).

ü  Torna o assunto amplo e interessante, descortinando-se-lhe horizontes de imensas possibilidades (p.21).

p. 21-22 (2.2.8. Prevalência do uso de métodos e técnicas de exame fundamentados na associação livre)

ü  Processo de tipo compreensivo: “[...] lugar de relevo a entrevista clínica, a observação clínica, os testes psicológicos, os testes psicológicos usados como formas auxiliares de entrevistas, demais técnicas de investigação clínica da personalidade etc.” (p. 21).

ü  O uso desses procedimentos é determinado por sua capacidade de eliciar material clínico significativo: entrevista clínica - espécie de desdobramento, especialmente quando se aplica a crianças. É a escolha daqueles procedimentos que permitem maior liberdade para a emergência de material clínico (p. 22).

ü  Mais usados - aqueles que se fundamentam nos princípios de associação livre de Freud: Jogo de Rabiscos (Winnicott, 1971), da Observação Lúdica ou Hora de Jogo (Aberastury, 1962) e do Procedimento de Desenhos-Estórias (Trinca, 1976 apud Trinca, 1984, p. 22).

ü  Por quê? Situação de estímulos não estruturados ou semi-estruturados [...]  exprimir suas dificuldades emocionais. Adaptam facilmente ao modo peculiar de comunicação de crianças e de adolescentes. Facilitam a expressão emocional dos adultos, em função de conterem o princípio da associação livre (p. 22).

ü  Avaliação desses procedimentos clínicos é feita geralmente através da livre inspeção do material, com base na experiência do profissional (p. 22).

 

p. 22-23 (2.3. Outros aspectos)

ü  O processo diagnóstico de tipo compreensivo sofre influências de alguns aspectos importantes e pode ser estudado por esses aspectos. São eles: [...] a) Como uma forma da relação do psicólogo com o seu trabalho [...] b) Como uma forma da relação psicólogo-paciente [...] c) Como um leque de finalidades práticas [...] d) Como um posicionamento epistemológico do psicólogo [...]  e) Como um sistema de referenciais múltiplos (p. 23).

Psicodiagnóstico (Cap. 1 TRINCA)

Autor(es):

Trinca, Walter e cools.

Organizador (es):

Trinca, Walter

Coordenador (es):

Clara Regina Rappaport

Editor (es):

Editora Pedagógica e Universitária Ltda

Tradutor:

Não consta

Título e subtítulo da obra:

Diagnóstico psicológico: prática clínica

Título e subtítulo do capítulo 1:

Contexto geral do diagnóstico psicológico

Autor (es) do capítulo:

Marilia Ancona-Lopes

Edição:

Local de publicação:

São Paulo

Editora:

E.P.U

Data da publicação:

1984

Coleção:

Temas Básicos de Psicologia

Páginas:

111 p.

Intervalo de páginas do capítulo:

1-13 pp.

Volume:

11

(para livros na internet) Acesso em:

Março 2019

(para livros na internet) Disponível em:

file:///C:/Users/Cliente/Downloads/[TRINCA,%20W.]%20Diagn%C3%B3stico%20Psicol%C3%B3gico%20-%20a%20pr%C3% A1tica %20cl%C3%ADnica.pdf

p. 1 (1.1 – o termo diagnóstico)

ü  Diagnosticar é uma forma de enxergar através de um fenômeno que se apresenta de diversas maneiras e possibilidades sendo, portanto, inevitável.

ü  Fazemos distinção entre o todo e a maneira que se apresenta no individual tendo assim através das particularidades o conhecimento do fenômeno em si.

ü  Para tanto se faz uso de processos como a observação, avaliação e interpretação partindo de nossas experiências, informações peculiares à consciência de.

ü  Por essa causa há confusão entre diagnosticar e compreender o fenômeno.

ü  Diagnosticar então é uma possibilidade para o conhecimento científico que está separado do senso comum.

ü  “[...] à possibilidade de significar a realidade que faz uso de conceitos, noções e teorias científicas.” (p.1)

p. 2 (1.1.2 – o diagnóstico psicológico)

ü  Parte das Ciências humanas e ocupa funções pré-estabelecidas não sendo aplicadas de qualquer maneira.

ü  Antes obedecem a uma ordem rigorosa que se preocupa com o estudo de fenômenos possíveis, e de conhecimentos que foram desenvolvidos a partir desses estudos.

ü  É um conhecimento sistematizado por uma teoria psicológica que envolve um objeto de estudo, uma epistemologia e um método.

ü  Nesse campo há muitas teorias e por isso divergem entre si, inclusive na maneira de como fazer ciência, ou qual procedimento é adotado nesse fazer.

ü  Por essa causa os estudos em psicologia são bastante criticados por aqueles que se dedicam a estudar o conhecimento.

ü  “0 diagnóstico psicológico busca uma forma de compreensão situada no âmbito da Psicologia” (p.2).

ü  Por ser uma profissão regulamentada – lei 4119/62 – possui respaldo para atuar e fazer ciência. Logo, ao realizar um psicodiagnóstico presume-se que esse profissional possua as competências necessárias para fazê-lo.

ü  Dentre elas estão: o saber teórico, domínio de procedimentos e técnicas psicológicas. A atuação do psicólogo dependerá dessas capacidades e de sua linha epistemológica.

ü  Vale lembrar que o termo diagnóstico psicológico varia de acordo com a concepção adotada. Então para alguns esse termo referir-se-á a “[...] “psicodiagnóstico”, “diagnóstico da personalidade”, “estudo de caso” ou “avaliação psicológica” (p. 3)”.

p. 3 (1.2. A Psicologia Clinica e as abordagens psicodiagnósticas)

ü  1896 – primeira vez que se usa o termo Psicologia Clínica. Inicia em conjunto com a clínica médica (psiquiatria) com crianças com deficiência física e mental.

ü  Há um afastamento das concepções religiosas que atribuíam às doenças um caráter excludente de estigma (castigo ou possessão).

ü  A psiquiatria surge para “combater a doença mental” e a Psicopatologia para “estudar o comportamento anormal, definindo-o, compreendendo seus aspectos subjacentes, sua etiologia, classificação e aspectos sociais.” (p. 3-4).

ü  Juntamente com a Psiquiatria e a Psicopatologia a Psicologia Clínica surge “[...] como atividade voltada à prevenção e ao alívio do sofrimento psíquico”. (p. 4).

p. 4 (1.2.1. A busca de um conhecimento objetivo)

ü  Existia uma postura predominante à época, positivismo, ou seja, fundamentada na observação e experimentação a fim de confirmar hipóteses e referenciar teorias.

ü  Os modelos vigentes eram: “[...] modelo médico de psicodiagnóstico, o modelo psicométrico e o modelo behaviorista” (p. 4).

p. 4 (a) O modelo médico)

ü  O psicólogo atuava conjuntamente ao médico dando ênfase aos aspectos patológicos fazendo uso de testes psicométricos e nosologias psicopatológicas. A função do psicólogo estava transposta às funções médicas avalisando seus métodos na descrição das doenças e classificações (DSM’s).

ü  A psicopatologia objetivava:

[...] estabelecer diferenças entre desordens orgânicas, endógenas, e desordens funcionais, exógenas, procurando-se estabelecer relações entre as mesmas e os distúrbios de comportamento. Estabeleceram-se, também, relações de causalidade entre os distúrbios orgânicos e os distúrbios psicológicos [...]. (p. 4).

ü  O uso dos testes apenas reforçavam tendências patológicas e forneciam informações para os sinais sintomáticos e orgânicos dos indivíduos.

ü  “a grande ênfase nos aspectos psicopatológicos deixava em segundo plano características não-patológicas do comportamento das pessoas, limitando o estudo e o conhecimento sobre o indivíduo”. (p. 5)

p. 5 (b) O modelo psicométrico)

ü  Nesse modelo o trabalho do psicólogo ficou resumido aos testes, já que somente esse profissional poderia fazê-lo dando-lhe autonomia.

ü  As crianças foram sua maior demanda e passaram a atuar junto à educação na detecção de déficits de aprendizagem e possíveis motivos.

ü  Com o tempo os resultados passaram a servir para orientação aos pais, educadores e médicos.

ü  “[...] tornou-se menos importante detectar distúrbios e classificá-los psicopatologicamente, mas sim estabelecer diferenças individuais e orientações específicas” (p. 5).

ü  Esse modelo priorizava a composição genética e imutável generalizando a constituição humana (Psicologia do Traço) e o seu comportamento. Define um ideal de homem e como diagnosticá-lo.

ü  Essa prática foi utilizada, USA, para selecionar homens aptos ao exército, bem como sua volta e os efeitos da 2ª guerra.

p. 6 (c) O modelo behaviorista)

ü  Positivismo: o homem estudado como qualquer outro ser natural. Objeto de estudo observável e mensurável. Para esse modelo o comportamento humano é o único objeto capaz de ser estudado.

ü  Comportamento humano não decorre do inatismo e da imutabilidade, sendo aprendido e modificável.

ü  Postulavam leis de variação que influenciavam o comportamento e estudavam como modificá-lo através da modelagem, e outros mecanismos.

ü  Para eles o termo "psicodiagnóstico”, não tem valia, por essa razão fizeram uso de termos como: “[...] “levantamentos de repertório” ou “análises de comportamento” (p.6)”.

 

p. 6 e 7 (1.2.2. A importância da subjetividade)

ü  Surgem teorias que vem de encontro à ideia de separar sujeito e objeto de estudo. O homem estabelece o conhecimento e esse, portanto, é subjetivo. Para eles “psicologia positivista, objetiva e experimental” não poderia ser validada.

Esta forma de pensar foi marcante para a Psicopatologia e para a Psicologia (p.7) [...] Todas essas correntes afirmam que a consciência, a vida intencional, determina e é determinada pelo mundo, sendo fonte de significação e valor. Salientam o caráter holístico do homem e sua capacidade de escolha e autodeterminação (p.7).

p. 7 (a) O Humanismo)

ü  Evitava as posições reducionistas, mantendo uma visão global do homem e buscavam compreender seu mundo e significado. Eram avessos ao diagnóstico psi9cológico, pois esse classificava, por meio de testes. O homem é um ser em desenvolvimento e, portanto livre.

ü  Para os humanistas os testes eram formas excludentes de racionalizar e julgar o homem sob o referencial teórico. Eles não faziam uso de testes e diagnósticos. Preferiam relacionar-se com o indivíduo para alcançarem durante a psicoterapia uma compreensão do mesmo.

 p. 7 e 8 (b) A Psicologia Fenomenológico-existencial)

ü  Reformularam a visão do psicodiagnóstico. Os testes e o diagnóstico contribuem para a compreensão do indivíduo e seu autoconhecimento. Essas informações podem ser discutidas com o cliente podendo estabelecer possíveis conclusões.

ü  “Apesar de empregarem testes e informações derivadas de diferentes correntes do conhecimento psicológico, utilizam-nas apenas como recursos ou estratégias a serem trabalhadas com os clientes (p. 7-8)”.

p. 8 (c) A Psicanálise)

ü  Revoluciona a Psicologia com o conceito do inconsciente explicando os comportamentos através de processos intrapsiquicos.

ü  Através da ótica psicanalítica, rediscutem-se a determinação psíquica, a dinâmica da personalidade, reveem-se os comportamentos psicopatológicos, sua origem e prognóstico (p. 8).

ü  Procurou explicar a formação, estrutura e funcionamento da mente de forma completa. Enfatizaram aspectos da personalidade e deram grande valor às entrevistas, observações e técnicas projetivas, bem como a relação entre paciente e psicoterapeuta sendo esse instrumentalizado para lidar com as relações de transferência e contratransferência.

ü  Enfim, a Psicanálise desenvolveu instrumentos diagnósticos sutis, que permitem verificar o que se passa com o indivíduo por detrás de seu comportamento aparente (p. 8).

p. 8, 9 e 10 (1.2.3. A procura de integração)

ü  Existem alguns equivalentes atuais das ciências positivistas, fenomenológico-existenciais, humanistas e psicanalíticas, porém não há unanimidade e há diferenças fundamentais entre elas, por isso fica difícil reconhecer as fronteiras.

ü  Em Psicologia Clínica, existe uma gama de saberes e práticas. Alguns saberes podem ser unidos em espaços organizacionais, porém outros ficam no campo empírico e sem muito embasamento por serem estudos principiantes.

ü  “Nenhuma teoria, até agora, mostrou-se suficiente para responder a todas as questões colocadas pela Psicologia (p. 9)”.

ü  Ao se ter postura crítica diante do saber de cunho psicológico, e ao buscar integrar as muitas vitórias na área desses estudos incorre-se no abandono de fazer prevalecer apenas uma posição teórica. “Este processo de integração reflete-se também no trabalho de psicodiagnóstico” (p.9).

ü  “[...] para se compreender o homem, é necessário organizar conhecimentos que digam respeito à sua vida biológica, intrapsíquica e social, não sendo possível excluir nenhum desses horizontes (p. 9)”.

ü  Em psicodiagnóstico faz-se necessário considerar todo o processo desenvolvimental do indivíduo, ou seja, a maturação biológica, as funções motoras, a organização neurológica, sendo que ao avaliar as mesmas não se abandona a integralidade do paciente.

ü  Na área educacional essa avaliação integral é muito importante, principalmente no psicodiagnóstico infantil (ao lado da avaliação cognitiva) porque está diretamente ligada ao bom êxito prático e a ideia de sucesso escolar.

ü  O que o psicólogo deveria questionar é: Que causas orgânicas e possíveis estão implícitas à queixa que se apresenta sobre determinado indivíduo? Quando detectado alterações físicas, essas devem ser devolvidas ao paciente ao médico responsável. Isso é importante para não psicologizar perturbações de outra ordem, ou seja, dar explicações psicológicas a problemas que possuem outra origem.

ü  Outra problemática que merece atenção está diretamente ligada à relação terapeuta-paciente, bem como os determinantes de ordem familiar e social. Os valores e as expectativas do paciente precisam ser considerados, já que a integração de todos esses dados preserva a visão integral do indivíduo e dos porquês daquele fenômeno que ali se apresenta.

ü  “[...] um psicodiagnóstico, por mais completo que seja, refere-se a um determinado momento de vida do indivíduo, e constitui sempre uma hipótese diagnóstica (p. 10)”.

p. 10 e 11 (1.3. Teoria e prática)

ü  “A relação entre a prática e a teoria em diferentes ciências e, portanto, também em Psicologia, é uma das questões que ocupa os estudiosos (p. 10)”.

ü  É um problema quando a prática se dá sem lançar mão da criticidade em relação aos sistemas teóricos e a própria atuação profissional, ou seja, quando essa prática está alienada a sistemas de cunho teórico implícito e naturalizado na cultura daquela sociedade.

ü  Outro problema está na compreensão de que apesar das contrariedades teóricas podemos elaborar formas diversas de atuação junto aos pacientes, já que identificamos como essas contrariedades se refletem na prática. Essa consciência proporcionaria uma atuação mais segura e tranquila.

ü   Para alguns a prática está exclusivamente assegurada na utilização de uma atitude relacionada a um método teórico. Para outros a relevância da prática está na investigação que tornaria evidente os conceitos e rudimentos que suportam o indivíduo e não há uma obrigação de que essa gama de conhecimentos esteja comportada em uma teoria.

ü  A questão primordial é que ambas, prática e teoria, não se separam e, portanto não se desenvolvem sem a outra, ou seja, não há como separá-las e nem como estabelecer uma ordem de relação entre elas, onde uma passe a ser inferior, e a outra, superior.

p. 11 (1 3 1. A prática do psicodiagnóstico)

ü  Psicologia Clínica: “[...] o objetivo é organizar os elementos presentes no estudo psicológico de forma a obter uma compreensão do cliente a fim de ajudá-lo (p. 11)”.

ü  Quando o psicólogo atua em psicodiagnóstico ele corresponde a objetivos pré-determinados pela teoria – conhecimento teórico - ele está aplicando a teoria na prática, validando, e modificando os saberes.

ü  Através dessa atuação o mesmo recolhe informações proveitosas para reavaliar e reformular as teorias. Nisso, ajuda o paciente, reafirma o seu papel, preserva o seu espaço profissional e à sua necessidade. 

ü   Além disso, o profissional psicólogo também serve a outros interesses como os que sucedem da realidade social e institucional onde atua, e esse contexto vai determinar a sua atuação.

p. 11, 12 e 13 (1.3.2. O contexto da atuação)

ü  Os modelos de psicodiagnóstico se deram em contextos de clínica particular, com demanda social elevada, atuação profissional autônoma e ênfase na valorização do profissional liberal. A transposição desse modelo liberal de psicodiagnóstico para instituições públicas não deu muito certo.

ü   As questões éticas em relação ao profissional ditam autoconhecimento em relação as suas próprias necessidades e anseios para que não exista prejuízo profissional.

ü  O surgimento desse terceiro elemento, a instituição, trouxe modificações na forma de se trabalhar, pois precisava levar em conta os anseios da clientela. O profissional muitas vezes entra em angústia ao ter que servir interesses opostos ao seu fazer, tendo desrespeitada a regulamentação de sua profissão, além de ser obrigado a ver os resultados de sua atuação junto ao cliente sendo utilizados de forma contrária ao interesse de ambos.

ü  Além de terem restringida a autonomia profissional, outros fatores influenciam na atuação profissional, entre eles, a demanda influenciada pelas condições sociais, número de pessoas a serem atendidas, características regionais e segmentos populacionais.

ü  Geralmente o público atendido pertence a grupos sociais desvalorizados socialmente, principalmente porque não fazem parte da força produtiva valorizada pelo sistema produtivo do modo capitalista. Esses determinantes sociais influem no encaminhamento ao profissional que geralmente ocorre por indicação de terceiros. A busca por ajuda profissional dificilmente é espontânea.

ü  Outro fator é que muitas vezes as melhores técnicas não estão disponibilizadas ao profissional. Geralmente as técnicas são produzidas fora do país e descontextualizadas ou o acesso a elas depende de como estão sendo divulgadas e comercializadas, além de terem um alto custo. O que resta são poucas opções instrumentais, por isso “[...] o psicodiagnóstico pode transformar-se na repetição estereotipada de uma sequência fixa de testes, que nem sempre seriam os escolhidos pelo profissional, ou os que melhor serviriam ao cliente (p. 12)”.

O reconhecimento das influências organizacionais e sociais às quais o psicólogo está submetido é importante, na medida em que lhe permite compreender melhor a função social que a profissão está desempenhando e com a qual o profissional está sendo conivente (p. 12).

 

Das introspecções de o ovo e a galinha em Clarice Lispector.

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