Autor(es): |
Trinca, Walter e cools. |
Organizador (es): |
Trinca, Walter |
Coordenador (es): |
Clara Regina Rappaport |
Editor (es): |
Editora
Pedagógica e Universitária Ltda |
Tradutor: |
Não consta |
Título e
subtítulo da obra: |
Diagnóstico psicológico: prática clínica |
Título e subtítulo do capítulo 2: |
Processo
diagnóstico de tipo compreensivo |
Autor (es) do capítulo: |
Walter
Trinca |
Edição: |
1ª |
Local de
publicação: |
São Paulo |
Editora: |
E.P.U |
Data da
publicação: |
1984 |
Coleção: |
Temas
Básicos de Psicologia |
Páginas: |
111 p. |
Intervalo
de páginas do capítulo: |
1-13 pp. |
Volume: |
11 |
(para
livros na internet) Disponível em: |
|
p. 14 (2.1. Introdução) ü “Processo diagnóstico é a forma resultante de
determinada organização e estruturação dos elementos de um estudo de caso,
realizado segundo certa concepção diagnóstica (p. 14)”. ü Obedece a
uma sequência de etapas e períodos para atingir os objetivos do diagnóstico.
Essas etapas e períodos possuem uma base teórica e prática que são
classificadas de acordo com os tipos teóricos existentes:
p. 16 (2.2.
Fatores estruturantes do processo compreensivo) ü “No caso do processo diagnóstico de tipo compreensivo
encontramos, comumente associados em um mesmo estudo de caso, os seguintes
principais fatores estruturantes:[...]” (p. 16) p. 16 e 17 (2.2.1. Objetivo de elucidar o significado
das perturbações) ü Primeiramente
há uma busca por trazer a tona o significado do desajuste que trouxe a pessoa
até a clínica. O compromisso do profissional está na compreensão da queixa,
dos sintomas e dos distúrbios. Busca captar as mensagens do inconsciente. ü Enquanto o
modelo médico dá uma explicação etiológica, ou seja, nomeia o fenômeno pelos
sintomas, o modelo compreensivo busca deixar evidentes as |
|
atividades
dos distúrbios e os motivos inconscientes que mantém o comportamento.
Exemplo: uma criança com enurese, segura o “xixi” para assegurar sua
autonomia. Poderia significar liberdade em relação a uma mãe dominadora, ou o
sintoma seria a maneira que ela encontra para exprimir o conflito com a mãe
real ou com a mãe internalizada – “conflito
intrapsíquico”. ü O objetivo
do psicólogo é enxergar além do que se apresenta e trazer à luz os
determinantes que originam os distúrbios, fazendo uso de referencial
psicanalítico. Melanie Klein explicaria essa apreensão como uma
tentativa de alcançar os vértices que originaram a angústia e a fantasia
inconsciente que são os responsáveis pelos desencontros da personalidade, mas
que se bem observados podem ser ricas fontes para o desenvolvimento do
indivíduo. p. 17 (2 .2 .2 . Ênfase na dinâmica emocional
inconsciente) ü A
abordagem psicanalítica é preponderante nesse processo, por essa razão o psicólogo
deve estar habituado a fazer uso desses referenciais. O constante uso de
entrevistas, anamnese, testes projetivos torna necessário que o profissional
reconheça os fenômenos inconscientes e sua dinâmica, bem como a dinâmica dos
conflitos, a estrutura e a organização latente da personalidade. Necessita
ainda, conhecer a dinâmica familiar e as disputas que permeiam essas relações
e que se dão inconscientemente. ü Outro
fator importante é reconhecer os processos de transferência e
contratransferência e saber lidar com eles, já que o profissional experiente
possui habilidades experienciadas de lida com o mundo interno. A reflexão
sobre os próprios sentimentos envolvidos durante o setting. ü A
associação livre como pedra angular da psicanálise é de suma importância para
a compreensão da totalidade desse indivíduo. As entrevistas livres com a
dinâmica familiar constituem um uso modificado dessa técnica para fins
diagnósticos. p. 17, 18 (2.2.3. Considerações de conjunto para o
material clínico) ü O
diagnóstico do tipo compreensivo é um contexto de diagnóstico, porque leva em
consideração todos os aspectos que envolvem o encaminhamento daquele paciente
até a sua resolução final. É uma visão de conjunto de material a fim de
estabelecer o produto da clínica. É uma análise global. É esse contexto que
dará prosseguimento à investigação. ü Todo esse
contexto desde o contato com quem encaminhou, bem como a família e o
paciente, seu ambiente social, cultural, considerações observadas,
entrevistas realizadas, testes em contexto, técnicas investigativas, o
próprio material biopsicossocial do profissional, bagagens de conhecimento
clínico, teórico e de referências compõem o todo que auxiliará na totalidade
dos dados. [...] um diagnóstico psicológico de tipo compreensivo realiza um
levantamento exaustivo de dados e informações, abrangendo os múltiplos
aspectos da personalidade do paciente, do ambiente familiar e social deste, e
da interação entre esses fatores [...] contexto diagnóstico é tudo o que
ocorre de modo significativo na realização de determinado estudo diagnóstico
[...] (p. 18). p. 18-19 (2.2.4. Busca de compreensão psicológica
globalizada do paciente) ü Para
realizar uma avaliação psicodiagnóstica é preciso mensurar a totalidade de um
indivíduo, por isso na avaliação diagnóstica compreensiva procura-se por na
balança todas as forças constitutivas de um ser humano, entre elas as |
|
ü Intrapsíquicas,
cujo conhecimento elucida o hoje vivido e o desenvolvimento enquanto processo
evolutivo, as Intrafamiliares que pontuam decisoriamente nos processos
psicopatológicos e psicopatogênicos e as Socioculturais que constituem dados
básicos para elucidação do caso. Interessam-nos, principalmente, as estruturas psicopatológicas e as
disfunções dinâmicas que se inserem no arcabouço sadio da
personalidade, as bases de funcionamento da personalidade em seus vários
níveis, os traços de caráter, a organização e a estruturação da
personalidade, com atenção especial à distinção entre estruturas
neuróticas e psicóticas, os elementos constitutivos da personalidade, sua
interação com o mundo externo etc. (p. 19). p. 19-20 (2.2.5. Seleção de aspectos centrais e nodais) ü A escolha
seletiva é central para que uma conclusão de orientação segura ocorra. Essa
escolha se aterá a fatos relevantes e essenciais, não que os fatores
irrelevantes sejam ignorados, mas os determinantes mais significativos são
elencados com prioridade. Com alguma experiência, o psicólogo pode visualizar, no contexto
diagnóstico, as principais forças e conjuntos de forças psicopatológicas e
psicopatogênicas que se ressaltam por sua intensidade, repetição, colorido
emocional, modo peculiar de se comportar, dano produzido etc. (p. 19). ü Nos casos
onde o emocional encontra-se em desordem os fatores como angústia e fantasias
inconscientes mantém o organismo em desequilíbrio e são os pontos chamados de
nodais ou centrais, ou seja, eles precisam vir a tona, pois integram assertivamente
o desenvolvimento patológico. São “[...]
núcleos destes processos e devem ser diferenciadas dos aspectos secundários
que, inevitavelmente, gravitam ao redor dos núcleos”. (p. 20) p. 20-21 (2.2.6. Predomínio do julgamento clínico) ü 1950 –
Controvérsias entre estudiosos sobre testes quantitativos e análises clínicas.
A grande ênfase a cientificidade dos testes, validação e constructos lógicos
punham em dúvida a validade dos julgamentos clínicos de métodos clínicos. ü Ao longo
dos anos houve mudanças em relação a isso, pois “[...] os testes psicológicos objetivos não podiam abarcar a maioria
dos problemas humanos com que um psicólogo clínico habitualmente se defronta
[...] (p. 20)”. O modelo diagnóstico de tipo compreensivo não dispensa o uso de
testes psicológicos objetivos; coloca-os a serviço do julgamento clínico.
Este, por sua vez, depende do grau de evolução profissional e maturidade
alcançado pelo psicólogo em suas atividades clínicas (p. 21). p. 21 (2.2.7. Subordinação do processo diagnóstico ao
pensamento clínico) ü No
diagnóstico psicológico de tipo compreensivo, a maneira como se constrói o processo
diagnóstico fica sob o comando do tipo de pensamento com que o estudo de caso
será conduzido. Isso significa que o processo diagnóstico mais uniforme,
imutável e generalizador será precedido de uma maior flexibilidade no
tratamento dos contextos mentais em ascensão. |
|
ü Cada caso clínico permite que ocorra pelo menos
uma forma de pensamento a ele relativa. O processo diagnóstico se estrutura
em conformidade com essa forma (p.21). ü Elementos no contexto diagnóstico (testes
psicológicos, por exemplo) ficam na dependência das exigências do pensamento
clínico em questão (p.21). ü O processo diagnóstico é estruturado no contexto
de relações significativas dadas pelo pensamento clínico, e não através de
justaposições cegas de elementos ou arranjos das informações como “colchas de
retalhos” (p.21). ü Torna o assunto amplo e interessante,
descortinando-se-lhe horizontes de imensas possibilidades (p.21). p. 21-22 (2.2.8. Prevalência do uso de métodos e
técnicas de exame fundamentados na associação livre) ü Processo de tipo compreensivo: “[...] lugar de relevo a entrevista clínica, a
observação clínica, os testes psicológicos, os testes psicológicos usados
como formas auxiliares de entrevistas, demais técnicas de investigação
clínica da personalidade etc.” (p. 21). ü O uso desses procedimentos é determinado por sua
capacidade de eliciar material clínico significativo: entrevista clínica -
espécie de desdobramento, especialmente quando se aplica a crianças. É a
escolha daqueles procedimentos que permitem maior liberdade para a emergência
de material clínico (p. 22). ü Mais usados - aqueles que se fundamentam nos
princípios de associação livre de Freud: Jogo de Rabiscos (Winnicott, 1971),
da Observação Lúdica ou Hora de Jogo (Aberastury, 1962) e do Procedimento de
Desenhos-Estórias (Trinca, 1976 apud Trinca, 1984, p. 22). ü Por quê? Situação de estímulos não estruturados ou
semi-estruturados [...] exprimir suas
dificuldades emocionais. Adaptam facilmente ao modo peculiar de comunicação
de crianças e de adolescentes. Facilitam a expressão emocional dos adultos,
em função de conterem o princípio da associação livre (p. 22). ü Avaliação desses procedimentos clínicos é feita
geralmente através da livre inspeção do material, com base na experiência do
profissional (p. 22). |
|
p. 22-23 (2.3. Outros aspectos) ü O processo
diagnóstico de tipo compreensivo sofre influências de alguns aspectos
importantes e pode ser estudado por esses aspectos. São eles: [...] a) Como uma forma da relação do
psicólogo com o seu trabalho [...] b) Como uma forma da relação psicólogo-paciente
[...] c) Como um leque de finalidades práticas [...] d) Como um
posicionamento epistemológico do psicólogo [...] e) Como um sistema de referenciais múltiplos
(p. 23). |
Lugar de encontro ... Sem pretensões ... Apenas encontros e desencontros com ela "a psique". Se você passou por aqui, deixe o seu joinha e me siga ... Se puder, digite comentários... Fique livre até para discordar!
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
Psicodiagnóstico (Cap. 2 TRINCA)
Psicodiagnóstico (Cap. 1 TRINCA)
Autor(es): |
Trinca, Walter e cools. |
Organizador (es): |
Trinca, Walter |
Coordenador (es): |
Clara Regina Rappaport |
Editor (es): |
Editora
Pedagógica e Universitária Ltda |
Tradutor: |
Não consta |
Título e
subtítulo da obra: |
Diagnóstico psicológico: prática clínica |
Título e subtítulo do capítulo 1: |
Contexto
geral do diagnóstico psicológico |
Autor (es) do capítulo: |
Marilia
Ancona-Lopes |
Edição: |
1ª |
Local de
publicação: |
São Paulo |
Editora: |
E.P.U |
Data da
publicação: |
1984 |
Coleção: |
Temas
Básicos de Psicologia |
Páginas: |
111 p. |
Intervalo
de páginas do capítulo: |
1-13 pp. |
Volume: |
11 |
(para
livros na internet) Acesso em: |
Março 2019 |
(para
livros na internet) Disponível em: |
p. 1 (1.1 – o termo diagnóstico) ü Diagnosticar
é uma forma de enxergar através de um fenômeno que se apresenta de diversas
maneiras e possibilidades sendo, portanto, inevitável. ü Fazemos
distinção entre o todo e a maneira que se apresenta no individual tendo assim
através das particularidades o conhecimento do fenômeno em si. ü Para tanto
se faz uso de processos como a observação, avaliação e interpretação partindo
de nossas experiências, informações peculiares à consciência de. ü Por essa
causa há confusão entre diagnosticar e compreender o fenômeno. ü Diagnosticar
então é uma possibilidade para o conhecimento científico que está separado do
senso comum. ü “[...] à possibilidade de significar a realidade
que faz uso de conceitos, noções e teorias científicas.” (p.1) p. 2 (1.1.2 – o diagnóstico psicológico) ü Parte das
Ciências humanas e ocupa funções pré-estabelecidas não sendo aplicadas de
qualquer maneira. ü Antes obedecem
a uma ordem rigorosa que se preocupa com o estudo de fenômenos possíveis, e
de conhecimentos que foram desenvolvidos a partir desses estudos. ü É um
conhecimento sistematizado por uma teoria psicológica que envolve um objeto
de estudo, uma epistemologia e um método. ü Nesse
campo há muitas teorias e por isso divergem entre si, inclusive na maneira de
como fazer ciência, ou qual procedimento é adotado nesse fazer. ü Por essa
causa os estudos em psicologia são bastante criticados por aqueles que se
dedicam a estudar o conhecimento. ü “0 diagnóstico psicológico busca uma forma de
compreensão situada no âmbito da Psicologia” (p.2). ü Por ser
uma profissão regulamentada – lei 4119/62 – possui respaldo para atuar e
fazer ciência. Logo, ao realizar um psicodiagnóstico presume-se que esse
profissional possua as competências necessárias para fazê-lo. ü Dentre
elas estão: o saber teórico, domínio de procedimentos e técnicas
psicológicas. A atuação do psicólogo dependerá dessas capacidades e de sua
linha epistemológica. ü Vale
lembrar que o termo diagnóstico psicológico varia de acordo com a concepção
adotada. Então para alguns esse termo referir-se-á a “[...] “psicodiagnóstico”, “diagnóstico da personalidade”, “estudo de
caso” ou “avaliação psicológica” (p. 3)”. p. 3 (1.2. A Psicologia Clinica e as abordagens
psicodiagnósticas) ü 1896 –
primeira vez que se usa o termo Psicologia Clínica. Inicia em conjunto com a
clínica médica (psiquiatria) com crianças com deficiência física e mental. ü Há um
afastamento das concepções religiosas que atribuíam às doenças um caráter
excludente de estigma (castigo ou possessão). ü A
psiquiatria surge para “combater a
doença mental” e a Psicopatologia para “estudar o comportamento anormal, definindo-o, compreendendo seus aspectos subjacentes, sua etiologia,
classificação e aspectos sociais.” (p. 3-4). ü Juntamente
com a Psiquiatria e a Psicopatologia a Psicologia Clínica surge “[...] como atividade voltada à prevenção
e ao alívio do sofrimento psíquico”. (p. 4). |
|
p. 4 (1.2.1. A busca de um conhecimento objetivo) ü Existia
uma postura predominante à época, positivismo, ou seja, fundamentada na
observação e experimentação a fim de confirmar hipóteses e referenciar
teorias. ü Os modelos
vigentes eram: “[...] modelo médico de
psicodiagnóstico, o modelo psicométrico e o modelo behaviorista” (p. 4). p. 4 (a) O modelo médico) ü O
psicólogo atuava conjuntamente ao médico dando ênfase aos aspectos
patológicos fazendo uso de testes psicométricos e nosologias
psicopatológicas. A função do psicólogo estava transposta às funções médicas
avalisando seus métodos na descrição das doenças e classificações (DSM’s). ü A
psicopatologia objetivava: [...] estabelecer diferenças entre desordens orgânicas, endógenas, e
desordens funcionais, exógenas, procurando-se estabelecer relações entre as
mesmas e os distúrbios de comportamento. Estabeleceram-se, também, relações
de causalidade entre os distúrbios orgânicos e os distúrbios psicológicos
[...]. (p. 4). ü O uso dos
testes apenas reforçavam tendências patológicas e forneciam informações para
os sinais sintomáticos e orgânicos dos indivíduos. ü “a grande ênfase nos aspectos psicopatológicos
deixava em segundo plano características não-patológicas do comportamento das
pessoas, limitando o estudo e o conhecimento sobre o indivíduo”. (p. 5) p. 5 (b) O modelo psicométrico) ü Nesse modelo
o trabalho do psicólogo ficou resumido aos testes, já que somente esse
profissional poderia fazê-lo dando-lhe autonomia. ü As
crianças foram sua maior demanda e passaram a atuar junto à educação na
detecção de déficits de aprendizagem e possíveis motivos. ü Com o
tempo os resultados passaram a servir para orientação aos pais, educadores e
médicos. ü “[...] tornou-se menos importante detectar
distúrbios e classificá-los psicopatologicamente, mas sim estabelecer
diferenças individuais e orientações específicas” (p. 5). ü Esse
modelo priorizava a composição genética e imutável generalizando a
constituição humana (Psicologia do Traço) e o seu comportamento. Define um
ideal de homem e como diagnosticá-lo. ü Essa
prática foi utilizada, USA, para selecionar homens aptos ao exército, bem
como sua volta e os efeitos da 2ª guerra. p. 6 (c) O modelo behaviorista) ü Positivismo:
o homem estudado como qualquer outro ser natural. Objeto de estudo observável
e mensurável. Para esse modelo o comportamento humano é o único objeto capaz
de ser estudado. ü Comportamento
humano não decorre do inatismo e da imutabilidade, sendo aprendido e
modificável. ü Postulavam
leis de variação que influenciavam o comportamento e estudavam como
modificá-lo através da modelagem, e outros mecanismos. ü Para eles o
termo "psicodiagnóstico”, não tem valia, por essa razão fizeram uso de
termos como: “[...] “levantamentos de
repertório” ou “análises de comportamento” (p.6)”. |
|
p. 6 e 7 (1.2.2. A importância da subjetividade) ü Surgem
teorias que vem de encontro à ideia de separar sujeito e objeto de estudo. O
homem estabelece o conhecimento e esse, portanto, é subjetivo. Para eles “psicologia positivista, objetiva e
experimental” não poderia ser validada. Esta forma de pensar foi marcante para a Psicopatologia e para a
Psicologia (p.7) [...] Todas essas correntes afirmam que a consciência, a
vida intencional, determina e é determinada pelo mundo, sendo fonte de
significação e valor. Salientam o caráter holístico do homem e sua capacidade
de escolha e autodeterminação (p.7). p. 7 (a) O Humanismo) ü Evitava as
posições reducionistas, mantendo uma visão global do homem e buscavam
compreender seu mundo e significado. Eram avessos ao diagnóstico
psi9cológico, pois esse classificava, por meio de testes. O homem é um ser em
desenvolvimento e, portanto livre. ü Para os
humanistas os testes eram formas excludentes de racionalizar e julgar o homem
sob o referencial teórico. Eles não faziam uso de testes e diagnósticos.
Preferiam relacionar-se com o indivíduo para alcançarem durante a
psicoterapia uma compreensão do mesmo. p. 7 e 8
(b) A Psicologia Fenomenológico-existencial) ü Reformularam
a visão do psicodiagnóstico. Os testes e o diagnóstico contribuem para a
compreensão do indivíduo e seu autoconhecimento. Essas informações podem ser
discutidas com o cliente podendo estabelecer possíveis conclusões. ü “Apesar de empregarem testes e informações
derivadas de diferentes correntes do conhecimento psicológico, utilizam-nas
apenas como recursos ou estratégias a serem trabalhadas com os clientes (p.
7-8)”. p. 8 (c) A Psicanálise) ü Revoluciona
a Psicologia com o conceito do inconsciente explicando os comportamentos
através de processos intrapsiquicos. ü Através da ótica psicanalítica, rediscutem-se a
determinação psíquica, a dinâmica da personalidade, reveem-se os
comportamentos psicopatológicos, sua origem e prognóstico (p. 8). ü Procurou
explicar a formação, estrutura e funcionamento da mente de forma completa.
Enfatizaram aspectos da personalidade e deram grande valor às entrevistas,
observações e técnicas projetivas, bem como a relação entre paciente e
psicoterapeuta sendo esse instrumentalizado para lidar com as relações de
transferência e contratransferência. ü Enfim, a Psicanálise desenvolveu instrumentos
diagnósticos sutis, que permitem verificar o que se passa com o indivíduo por
detrás de seu comportamento aparente (p. 8). p. 8, 9 e 10 (1.2.3. A procura de integração) ü Existem
alguns equivalentes atuais das ciências positivistas,
fenomenológico-existenciais, humanistas e psicanalíticas, porém não há
unanimidade e há diferenças fundamentais entre elas, por isso fica difícil
reconhecer as fronteiras. ü Em Psicologia
Clínica, existe uma gama de saberes e práticas. Alguns saberes podem ser
unidos em espaços organizacionais, porém outros ficam no campo empírico e sem
muito embasamento por serem estudos principiantes. |
|
ü “Nenhuma teoria, até agora, mostrou-se suficiente
para responder a todas as questões colocadas pela Psicologia (p. 9)”. ü Ao se ter
postura crítica diante do saber de cunho psicológico, e ao buscar integrar as
muitas vitórias na área desses estudos incorre-se no abandono de fazer
prevalecer apenas uma posição teórica. “Este
processo de integração reflete-se também no trabalho de psicodiagnóstico”
(p.9). ü “[...] para se compreender o homem, é necessário
organizar conhecimentos que digam respeito à sua vida biológica,
intrapsíquica e social, não sendo possível excluir nenhum desses
horizontes (p. 9)”. ü Em
psicodiagnóstico faz-se necessário considerar todo o processo
desenvolvimental do indivíduo, ou seja, a maturação biológica, as funções
motoras, a organização neurológica, sendo que ao avaliar as mesmas não se
abandona a integralidade do paciente. ü Na área
educacional essa avaliação integral é muito importante, principalmente no psicodiagnóstico
infantil (ao lado da avaliação cognitiva) porque está diretamente ligada ao bom
êxito prático e a ideia de sucesso escolar. ü O que o psicólogo
deveria questionar é: Que causas orgânicas e possíveis estão implícitas à
queixa que se apresenta sobre determinado indivíduo? Quando detectado
alterações físicas, essas devem ser devolvidas ao paciente ao médico
responsável. Isso é importante para não psicologizar perturbações de
outra ordem, ou seja, dar explicações psicológicas a problemas que possuem
outra origem. ü Outra
problemática que merece atenção está diretamente ligada à relação
terapeuta-paciente, bem como os determinantes de ordem familiar e social. Os
valores e as expectativas do paciente precisam ser considerados, já que a
integração de todos esses dados preserva a visão integral do indivíduo e dos
porquês daquele fenômeno que ali se apresenta. ü “[...] um psicodiagnóstico, por mais completo que
seja, refere-se a um determinado momento de vida do indivíduo, e constitui
sempre uma hipótese diagnóstica (p. 10)”. p. 10 e 11 (1.3. Teoria e prática) ü “A relação entre a prática e a teoria em
diferentes ciências e, portanto, também em Psicologia, é uma das questões que
ocupa os estudiosos (p. 10)”. ü É um
problema quando a prática se dá sem lançar mão da criticidade em relação aos
sistemas teóricos e a própria atuação profissional, ou seja, quando essa
prática está alienada a sistemas de cunho teórico implícito e naturalizado na
cultura daquela sociedade. ü Outro
problema está na compreensão de que apesar das contrariedades teóricas
podemos elaborar formas diversas de atuação junto aos pacientes, já que identificamos
como essas contrariedades se refletem na prática. Essa consciência
proporcionaria uma atuação mais segura e tranquila. ü Para alguns a prática está exclusivamente
assegurada na utilização de uma atitude relacionada a um método teórico. Para
outros a relevância da prática está na investigação que tornaria evidente os
conceitos e rudimentos que suportam o indivíduo e não há uma obrigação de que
essa gama de conhecimentos esteja comportada em uma teoria. ü A questão
primordial é que ambas, prática e teoria, não se separam e, portanto
não se desenvolvem sem a outra, ou seja, não há como separá-las e nem como estabelecer
uma ordem de relação entre elas, onde uma passe a ser inferior, e a outra,
superior. |
|
p. 11 (1 3 1. A prática do psicodiagnóstico) ü Psicologia
Clínica: “[...] o objetivo é organizar
os elementos presentes no estudo psicológico de forma a obter uma compreensão
do cliente a fim de ajudá-lo (p. 11)”. ü Quando o
psicólogo atua em psicodiagnóstico ele corresponde a objetivos
pré-determinados pela teoria – conhecimento teórico - ele está aplicando a
teoria na prática, validando, e modificando os saberes. ü Através
dessa atuação o mesmo recolhe informações proveitosas para reavaliar e
reformular as teorias. Nisso, ajuda o paciente, reafirma o seu papel,
preserva o seu espaço profissional e à sua necessidade. ü Além disso, o profissional psicólogo também
serve a outros interesses como os que sucedem da realidade social e
institucional onde atua, e esse contexto vai determinar a sua atuação.
p. 11, 12 e 13 (1.3.2. O contexto da atuação) ü Os modelos
de psicodiagnóstico se deram em contextos de clínica particular, com demanda
social elevada, atuação profissional autônoma e ênfase na valorização do
profissional liberal. A transposição desse modelo liberal de psicodiagnóstico
para instituições públicas não deu muito certo. ü As questões éticas em relação ao
profissional ditam autoconhecimento em relação as suas próprias necessidades
e anseios para que não exista prejuízo profissional. ü O
surgimento desse terceiro elemento, a instituição, trouxe
modificações na forma de se trabalhar, pois precisava levar em conta os
anseios da clientela. O profissional muitas vezes entra em angústia ao ter
que servir interesses opostos ao seu fazer, tendo desrespeitada a
regulamentação de sua profissão, além de ser obrigado a ver os resultados de
sua atuação junto ao cliente sendo utilizados de forma contrária ao interesse
de ambos. ü Além de
terem restringida a autonomia profissional, outros fatores influenciam na
atuação profissional, entre eles, a demanda influenciada pelas condições
sociais, número de pessoas a serem atendidas, características regionais e
segmentos populacionais. ü Geralmente
o público atendido pertence a grupos sociais desvalorizados socialmente,
principalmente porque não fazem parte da força produtiva valorizada pelo
sistema produtivo do modo capitalista. Esses determinantes sociais influem no
encaminhamento ao profissional que geralmente ocorre por indicação de
terceiros. A busca por ajuda profissional dificilmente é espontânea. ü Outro
fator é que muitas vezes as melhores técnicas não estão disponibilizadas ao
profissional. Geralmente as técnicas são produzidas fora do país e
descontextualizadas ou o acesso a elas depende de como estão sendo divulgadas
e comercializadas, além de terem um alto custo. O que resta são poucas opções
instrumentais, por isso “[...] o
psicodiagnóstico pode transformar-se na repetição estereotipada de uma
sequência fixa de testes, que nem sempre seriam os escolhidos pelo
profissional, ou os que melhor serviriam ao cliente (p. 12)”. O reconhecimento das influências organizacionais e sociais às quais o
psicólogo está submetido é importante, na medida em que lhe permite
compreender melhor a função social que a profissão está desempenhando e com a
qual o profissional está sendo conivente (p. 12). |
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