Existe diferença
entre a psicologia de Husserl e Jasper, já que Husserl pensa a reflexão do
homem em sua relação com o mundo (exterior) e Jasper com a interioridade
humana. Van Den Berg (1955) propõe uma divisão da psicologia fenomenológica
existencial em três fases: 1ª fase (1913-1923): Jasper, sob influência de
Dilthey, psicopatologia fenomenológica. 2ª fase (1923-1933): Binswanger, sob
influência de Husserl e 3ª fase (1933): Binswanger, sob influência de Heidegger.
Estas fases não compartilham da mesma compreensão da natureza humana.
May (1958) &
Spiegelberg (1972) também propõem uma divisão de uma psicopatologia
fenomenológica em duas fases: uma fenomenológica e uma existencial. A primeira,
de Jasper (1910), baseia-se numa fenomenologia descritiva que suspende a epoché
para descrever os estados da consciência pura. Minkowsky (1922) também é citado
como estudioso desta fase descritiva. A segunda, de Binswanger assume os
estudos da esquizofrenia a partir da obra “Ser e Tempo” de Heidegger.
Van Den Berg (1955)
propõe que existem diferenças entre a psicologia fenomenológica europeia, mais
filosófica e americana, mais sociopsicológica. Ao longo da trajetória histórica
de desenvolvimento de uma psicologia fenomenológica existencial buscou-se
sistematizar estas psicologias. São seis as modalidades de psicoterapia
existencial: Daseinanálise, Logoterapia, Psicoterapia existencial-humanista norte-americana,
Psicoterapia existencial britânica, Psicoterapia existencial breve,
Psicoterapia existencial Sartreana.
Na Logoterapia (Frankl/Scheler/Freud) o
sentido (logos) da vida pode deixar de existir devido ao sofrimento, logo é
preciso redescobrir este sentido. Na Psicoterapia Existencial Britânica (Laing/Deurzen-Smith),
Estudo anti-psiquiatria enfatiza dilemas e paradoxos do existir. Objetiva
experimentação de modos diferentes para a descoberta de valores essenciais a
vida pela livre exploração. A Psicoterapia Existencial Sartreana (Sartre) visa
possibilitar confronto entre a projeção do mundo pessoal para uma redefinição
de prioridades existenciais. Compreende a existência a partir das escolhas
enquanto “projeto existencial”.
Da Escola Americana tem-se: Psicoterapia
Humanista-Existencial (Rogers), Psicoterapia Existencial (Whitaker e Malone) e
Psicoterapia Fenomenológica-Existencial (May e Gendlin), Década 80/90:
Existenciais (Yalon; Maddi). Da Escola Europeia tem-se Psicoterapia
Fenomenológica-Existencial (Boss e Binswanger), Psicoterapias Antropológicas:
Logoterapia (Frankl), Psicoterapia Antropológica-Fenomenológica (Weizsacker,
Christian, Brautigan). Década de 80/90: Dialytica (Cencillo), Interativa
(Wyss).
Importante saber que
existem diferenças entre o existencialismo e o humanismo. Enquanto o
existencialismo se ampara na fenomenologia (método), cujo objeto é a existência
histórica; o humanismo se ampara na vivência do cliente, cuja ideia é a de que
o ser humano é uma força vital e criativa que tende ao crescimento e a
autorrealização. Cabe ao terapeuta utilizar-se destas abordagens com
autenticidade, aceitação pessoal e compreensão empática mantendo o
distanciamento analítico.
No Brasil, estas
teorias se misturam, pois herdam uma psicologia experiencial e humanista (USA)
e uma psicologia filosófica (Europa). A Psicologia Humanista Individual aparece
como uma terceira força. Em Maslow (1920) o indivíduo passa a ser estudado
empiricamente sendo compreendido como possuidor de uma natureza interna
essencial, biologicamente alicerçada, natural, intrínseca e dada. O homem é
realidade e potencialidade, natureza e divindade. A Weltanschauung é uma maneira para penetrar nesta realidade; cujo
fim é ver o mundo sob a ótica de sua individualidade.
Nos Estados Unidos o
humanismo ganha força devido a revolução cultural do momento que questionava o
behaviorismo, criticava as guerras do Vietnã e Coreia, e estava no auge do
consumo de drogas, dos movimentos hippies e dos conflitos raciais. A psicologia Humanista está em sintonia com o
Zeitgeist ao colocar em questão o sentido da vida. Na Europa, após a 1ª guerra,
o auge da Psicologia é a Existencialista criando raízes filosóficas de base
fenomenológica.
Para Evangelista
existem duas histórias de imigração da Psicologia Fenomenológica e Existencial
Brasileira, uma europeia e uma norte-americana. A Europeia foi marcada pela
influência das obras de Heidegger na psicopatologia e psicanálise, de
Binswanger e Boss na Daseinanálise. A norte-americana como Psicologia
Humanista: Abordagem Centrada na Pessoa de Rogers; Gestalt Terapia de Perls;
Psicologias de Maslow, Fromm e May. As filosofias, fenomenológica e existencial,
dão os subsídios teóricos à Psicologia Humanista, ou seja; a fundamentação de
que necessitam.
Referências
Bibliográficas
EVANGELISTA, P. E. R. A. Psicologia
Fenomenológica Existencial: a prática psicológica à luz de Heidegger. Curitiba: Juruá, 2016, pp. 67-83.
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