quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

TRABALHANDO HABILIDADES: AUTOCONHECIMENTO

Trabalho de habilidades e dinâmica de grupo apresentado ao curso de Psicologia da Universidade Paulista, como exigência parcial para obtenção de nota na disciplina de Processos Grupais. 

INTRODUÇÃO 

O presente trabalho propõe-se refletir a importância do autoconhecimento na atuação profissional psicológica e como o desenvolvimento dessa habilidade age beneficamente na gestão de emoções, bem como na escuta e acolhimento do outro. 

Consideramos que quando não há exercício do autoconhecimento as relações intra e interpessoais ficam prejudicadas o que impede que executemos com eficácia a proposição de estar no lugar do outro, já que conhecer a si mesmo nos abre para o respeito às diferenças existentes nas relações grupais. 

Ter habilidades sociais é fundamental para bem viver. O autoconhecimento é uma habilidade imperativa para essa meta e tem como consequência o exercício de empatia, humildade, introspecção e reflexão sobre os porquês do comportamento individual que afeta a coletividade. 

Quem não exerce essa habilidade, primeiramente prejudica a si mesmo e consequentemente sua vida pessoal e profissional, vivendo turbilhões emocionais, fixando-se no que é óbvio - provável e esperado. Fechando-se para novos horizontes, caminhos e ideais. 

A quebra de paradigmas é necessária e exigida pela sociedade moderna, portanto mudar de direção, opinião, é um caminho às vezes doloroso e difícil, mas que só pode ser conquistado pelo autoconhecimento e pela abertura de consciência que reconstrói conceitos a partir de uma atitude autorreflexiva.

OBJETIVO 

1.  Aplicar técnica de Oficinas em dinâmicas de grupo a fim de discutir temas relevantes para articulação entre psicologia, habilidades sociais, autoconhecimento, prática profissional em processos grupais, cuja inclusão da prática promove investigação, exploração de vivências pessoais dos educandos em psicologia da UNIP – Campus SJRPardo, 7º semestre, oportunizando o manejo de situações em contextos diversificados. 

1. HABILIDADES SOCIAIS

Habilidades sociais podem ser compreendidas como um apanhado de ações, assim chamadas comportamentos aprendidos numa determinada cultura pela palavra ou ação observada. Por ser pertencente a um grupo social a maior parte das pessoas necessita ter desenvolvidos alguns tipos de comportamentos que “são esperados” em uma convivência grupal e caso esses não possuam um repertório atitudinal bem desenvolvido suas relações interpessoais ficam prejudicadas (LUCCA, 1994). 

Poder-se-ia dizer que existem exigências e expectativas em relação ao comportamento exibido em sociedade e à medida que esse se mostra gera acolhimento ou rejeição por parte dos grupos sociais. As habilidades sociais esperadas tornam as pessoas aptas para a convivência social e as boas interações comunitárias. Os comportamentos hábeis incluem a linguagem falada e corporal como gestos, postura, expressões da face, maneirismos, aparência pessoal, etc. (LUCCA, 1994). 

1.1. Autoconhecimento 

O autoconhecimento é uma habilidade que relaciona vivência pessoal e atuação profissional, porque o trabalho que alguém desempenha está intimamente ligado à forma como experienciou no passado essa relação vivencial-profissional e determinará o futuro, pois as habilidades e comportamentos aprendidos podem servir para a conquista objetiva na vida. Portanto, o autoconhecimento é um fator chave que trás à consciência aquilo que somos capazes de realizar, bem como aquilo que ainda precisamos desenvolver para realiza-lo (SAVIOLI, 1991 apud PERES, 2011). 

O nosso mundo interior é construído quando há descoberta da energia física que se encontra no meio ambiente e quando essa mesma energia é codificada como sinais neurais, assim chamados de sensação. O ser humano além de sentir o meio natural pelos sentidos, também o percebe, pois não estacionamos no contato objetal, mas damos a eles significados, logo temos a capacidade de transmutar sensações em percepções (MYERS, 2015). 

O autoconhecimento é um dos primeiros comportamentos necessários para o desenvolvimento profissional e relaciona-se com a percepção melhorada sobre si mesmo e anseios profissionais. Para uma carreira ser bem sucedida é preciso ter como base o autoconhecimento, porque não há uma fórmula mágica para exercer bem uma profissão, mas conhecer a si mesmo e auto gerenciar-se é um bom começo (PERES, 2011). 

O autoconhecimento se dá à medida que oportunizamos a nós mesmos uma abertura de consciência para agregar novos saberes quebrando assim modelos pré-determinados guardados na memória e mantidos durante a história pessoal de vida. Nossas percepções individuais e culturais que delinearam nossa forma de agir e proceder padronizado podem ser quebradas e devem já que elas entendem, analisam e modificam o mundo externo (PERES, 2011). 

Dessa forma entendemos que para que haja mudança de um comportamento impróprio faz-se necessário uma conversão da rota paradigmática desencadeando novas formulações que serão desenvolvidas e aprimoradas, gerando dessa forma novos resultados (PERES, 2011). 

Autoconhecimento, atualmente, é um diferencial nas relações profissionais porque quando conhecemos a nós mesmos, nossas fraquezas, potencialidades, desejos e predileções, podemos adequar nossas realidades aquela que está posta diante nós. A consequência é o estabelecimento de objetivos e estratégias a fim de alcançar o sucesso nas relações intra e interpessoais (PERES, 2011).

2. DIFICULDADES NA AUSÊNCIA DO AUTOCONHECIMENTO 

Como o autoconhecimento está diretamente relacionado com as relações intra e interpessoais, faz-se necessário pontuar como a ausência dessa habilidade prejudica a atuação profissional, principalmente no exercício prático da psicologia. 

Quando um profissional não teve uma boa relação interpessoal durante a sua formação acadêmica através de vivências, experimentações e aprendizados, dificilmente esse profissional terá relações interpessoais satisfatórias no cotidiano laboral (RIBEIRO, 1996 apud BARRETO, 2014). 

Diante do enfrentamento de medos e causas atitudinais, necessário na jornada do autoconhecimento, muitos desistem porque não estão preparados para o confronto de suas dificuldades, imperfeições, incongruências, necessitando de ajuda terapêutica para ajudá-los na busca de recursos internos. Outros ao se desnudarem não suportam o que estão vendo e tendem a mascararem-se novamente diante do inominável (PERES, 2011). 

A falta do autoconhecimento expõe aqueles que se perdem na jornada introspectiva “conhece-te a ti mesmo”, porque estão enraizados em suas rotinas e manias velhas, rituais sagrados no trabalho e em família, justamente porque não compreendem o quanto é benéfico ter uma disciplina saudável que é estabelecida quando se tem metas de vida mais elevadas no sentido qualitativo. “[...] Esse é um precioso tesouro que somente os disciplinados conhecem e podem entender” (PERES, 2011, p. 16). 

2.1. Dificuldades na ausência do autoconhecimento na infância 

Em contexto escolar, podemos elencar algumas dificuldades existentes quando não há um autoconhecimento profícuo abalando as relações interpessoais e intrapessoais. Problemas comportamentais e emocionais encontram-se divididos em dois grupos: 1) externalizantes e 2) internalizantes, o primeiro relaciona-se a outras pessoas e o segundo ao próprio indivíduo (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2017). 

Por possuírem um repertório irrisório de habilidades sociais, esses indivíduos externalizam comportamentos rebeldes, agressivos e antissociais e internalizam processos depressivos, de isolamento e fobia social. Um desenvolvimento saudável fica prejudicado quando não se tem uma boa relação interpessoal e nem o conhecimento de si mesmo, implicando num autoconceito disforme (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2017). 

Por essa razão crianças que apresentam esses comportamentos são encaminhadas frequentemente para atendimento psicológico, pois não passam despercebidas no grupo social, oferecem resistência quando ofertado ajuda e por apresentarem dificuldades inter-relacionais são vistas como potenciais problemas para o futuro (DEL PRETTE e DEL PRETTE, 2017).

3. COMO APRIMORAR O AUTOCONHECIMENTO 

Para desenvolver essa habilidade é preciso traçar objetivos de autogestão e um plano de ação para por em prática esses objetivos. Algumas ferramentas são boas para traçar esse plano que envolve a autoavaliação, como: 1) “Manuais de autopreenchimento”, 2) “workshops para planejamento de carreira” e 3) “Suporte de consultores especializados” (PERES, 2011, p. 15-16). 

Registrar o que gostamos ou não de executar, o que realizamos ou não com eficiência elencam habilidades e atitudes, descrever projeções futuras relacionadas ao campo biopsicossocial e religioso, realizar balanços do real vivido às projeções futuras, estabelecer mudanças que devem acontecer; projetar mudanças no campo profissional, analisar como estas mudanças interferem no olhar para esse futuro mediante as transformações políticas e organizacionais da sociedade moderna (SAVIOLI, 1991 apud PERES, 2011). 

Descrever um sumário autobiográfico com informações sobre sentimentos que podem vir a interpor-se no futuro causando impactos em nossa vida, analisar a partir de decisões tomadas o que foi consequencial em termos positivos e negativos na vida profissional, avaliar o seu fazer, o que faz bem ou não, o que lhe dá prazer ou não, buscar ser avaliado por pessoas próximas sobre o que foi avaliado anteriormente (KOTTER, FAUX e MCARTHUR, 1982 apud PERES, 2011). 

Questionar-se a respeito de sucesso na vida laboral e sentimental provém de um vazio ou sensação de que falta algo. E é justamente esse questionar que abrirá as portas para o autoconhecimento, pois quando questionamos nossas ações, sentimentos e pensamentos, desconstruímos o idealizado interno e externo. Começamos a encarar os porquês de nossas ações e medos. Esse confronto pode causar uma desistência interna já que diante da frustração e falibilidade nas incongruências existentes em nós há os que preferem não enfrentá-los (PERES, 2011). 

Ao nos despirmos de nossa capa protetiva ficamos fragilizados diante dos outros e de nós mesmos. Para tanto, faz-se necessário sermos francos e honestos conosco reconhecendo nossas fraquezas e dificuldades entendendo que esse despir é fundamental para obtenção do sucesso e não o contrário (PERES, 2011). 

A humildade é necessária no garimpo de alternativas na resolução de nossos conflitos, já que estamos entendendo que é preciso mudar, largar no caminho velhos conceitos e atitudes, traçar novas rotas, designar a razão a outrem, desculpando-se, sair do campo defensivo para assumir de forma madura o que é de nossa responsabilidade (PERES, 2011). 

Enfim, conhecer a si mesmo é um trabalho infinito. Um caminhar em ascendência que permite refletir o passado e perceber os avanços e percalços desta jornada ampliando a cada movimento a visão das conquistas que o futuro lhe reserva (PERES, 2011).

4. DESCRIÇÃO DA DINÂMICA 

Dinâmica sem número de participantes definidos, com duração de 25 minutos, que pretende trazer a tona os diversos sentimentos e emoções a partir de uma palavra-chave predeterminada pelo aplicador. Com uso de recursos simples como cartolina e canetões, os participantes deverão anotar tudo que lhes vier à mente correlacionada à palavra geradora. “Todas as pessoas possuem no seu interior uma parcela de verdade que necessita vir à tona algum dia”. 

4.1. Nome 

A palavra – Imã 

4.2. Objetivos 

* Identificar os próprios sentimentos e expressá-los, partilhando-os com o grupo. 

**  Incentivar a participação de todos; evocar sentimentos escondidos para fora. 

4.3. Método 

Utilizaremos o método Oficinas em técnicas de “Dinâmica de grupo”, pois elas possibilitam organizar e criar novas possibilidades de compreensão ajudando a produzir saberes, bem como desencadeiam novas aprendizagens coletivas, sendo, portanto mais profícuas e abrangentes (AFONSO, 2006). 

Existem muitas técnicas e descrições, mas é preciso levar em conta os objetivos, o ambiente aonde se desenvolverá as técnicas, o tempo de duração, o número de participantes, os recursos materiais, as perguntas e as conclusões, ou seja, o momento em que haverá a síntese de tudo que foi desenvolvido com a técnica, dessa forma poderá haver um resgate de experiências e emoções vividas por cada participante concluindo o tema discutido (AFONSO, 2006). 

Dispor-se-á os participantes em círculo, em seguida o coordenador escreverá no centro de uma cartolina a palavra-chave, o tema do encontro. A palavra chave escolhida foi ISOLAMENTO. Cada participante escreverá em torno da palavra-chave aquilo que lhe vier à cabeça sobre o tema gerador. Ao final da dinâmica, todos conversarão sobre o que escreveram o que sentiram. Dessa forma poder-se-á analisar as impressões e sentimentos envolvidos e evocados no momento da dinâmica, bem como compartilhar com os outros essas impressões promovendo trocas profícuas na elaboração de sínteses autorreflexivas tão importantes para a gestão das próprias emoções, bem como mudanças de rota em relação a si mesmo, aplicabilidade para o futuro e melhora das relações intrapessoal e interpessoal (PENAPOLIS, 2019). 

REFERÊNCIAS 

AFONSO, M. L. M. Oficinas em Dinâmica de Grupo: um método de intervenção psicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. 

BARRETO, M. F. M. Dinâmica de grupo: história, práticas e vivências. 5a ed. Campinas: Alínea, 2014. 

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. Ed. Digital. Rio de Janeiro: Vozes, 2017. 

LUCCA, E. de. Competência Social em crianças portadoras de deficiência mental. Dissertação de Mestrado. PUC Campinas, 1994. 

MYERS, D. G. Psicologia. 9 ed. Rio de janeiro: LTC, 2015. 

PENAPOLIS. Dinâmicas de Autoconhecimento. Disponível em: < https://www.santuariopenapolis. com.br/arquivos/2403090551444.doc. >. Acesso em abr. 2019. 

PERES, J. L. P. Gestão de carreira: uma questão de autoconhecimento. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração, 2011. Disponível em: <http://www.convibra.org/upload/paper/adm/adm_2621.pdf>. Acesso abr. 2019. 

TORRES, Lúcio. Dinâmicas de aula (Palavra Imã). Publicado em 25/06/2013. Disponível em: < http://professorluciotorres.blogspot.com/2013/06/dinamicas-de-aula-palavra-ima.html>. Acesso em abr. 2019.






































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